A distância cada vez maior entre aquilo que é defendido e o que é praticado, já não choca mais, parecendo ser regra o que deveria ser a raríssima exceção. Infelizmente, os fatos já não importam mais, ao menos na visão que quem teve a mente corroída por uma engenharia social que, parecendo uma pequena muda inofensiva, se alastra pelo indivíduo criando raízes tão sedimentadas que sua extração pode ser algo dolorido.
Administra-se tanto veneno na mente humana que lhe causa, não só a loucura, mas a dependência. Sendo certo que a ruptura com crenças nocivas têm como maior dos óbices, por mais estranho que pareça, a vontade daquele que fora envenenado. Podemos citar o trágico exemplo do numeral seis que pode ser o numeral nove, dependendo do ângulo que o vemos, uma forma crível, mas não factível, de induzir o indivíduo a crer que o importante é o ângulo de visão e que não existe uma “verdade absoluta”, tratando tudo como relativo, quando dever-se-ia admitir que o numeral possua seu significado, representando algo que alguém buscava exprimir no momento de sua escrita. Quando alguém é incapaz de ler um texto em Mandarim, por exemplo, não podemos dizer que a incapacidade daquele que visualiza o texto é o fator determinante, posto que, tal interpretação teria como consequência a impressão de que nada está ali escrito.
A mente viciada em aceitação, submissa a uma vontade coletiva imaginária, delegando aos representantes o pode de manifestar-se em nome próprio ou alheio, independente de serem legítimos, ilegítimos ou autointitulados, casos em que a vontade de tais representantes será a que se elevará sobre todos como se de fosse realmente coletiva.
O legislador, que em tese representa a vontade de seus eleitores, poderia ter sua legitimidade questionada em um primeiro momento por ser impossível conhecer a intimidade do ser humano, quando se vota em alguém, como saber se estamos diante de um candidato que transparece sua natureza ou de uma criatura quimérica que resplandece como aquilo que queremos, mas em verdade é justamente aquilo que temos como abjeto, é fácil constatar que há muitos eleitores que se sentem enganados, quando na verdade é impossível conhecer alguém em sua totalidade. Outro ponto considerável está ligado à transparência do sistema eleitoral, de forma que não há como dizer que a vontade incerta nas urnas, ainda que apuradas sem nenhuma deturpação, será refletida em sua plena forma nas cadeiras ocupadas nas casas legislativas.
Podemos questionar a legitimidade dos legisladores, por mais que exista um processo eleitoral que busca, ou deveria buscar, traduzir a expressão da vontade do eleitor em seus parlamentares, daí considerar doentia qualquer distorção proposital em tal processo, incluindo-se cotas no sistema eleitoral, por quais motivos não poderíamos questionar a legitimidade de quaisquer outros agentes. Logo, podemos dizer que a legitimidade de todos é uma construção jurídica e não fática, excetuando-se quando se tratar de uma liderança aclamada, decorrendo disse, é natural que o detentor do poder queria manter-se inalcançável ao escrutínio público.
Magistrados, por exemplo, são legitimados por uma visão tecnocrática, em que pese esta também apresentar-se distorcida, uma vez que, elementos como o quinto constitucional e as indicações, como no caso da mais elevada casa do Judiciário, deixem claro que a composição dos órgão de tal poder se deve mais aos elementos subjetivos e relações interpessoais que a tecnicidade dos agentes que ocupam tais tribunais.
O desarmamento é nada mais que uma ficção jurídica, essa uma das piores, posto que, sendo uma pauta progressista, como regra, dissocia-se da realidade, propondo que apenas a ficção seja o suficiente para que tome forma e se ponha em prática.
As experiências progressistas que rompem de vez com a realidade são uma constante, no caso do desarmamento não seria diferente. Ao mesmo tempo em que um desarmamentista prega, aos quatro ventos, que o uso de tais instrumentos implica no aumento da violência, finge ignorar que a autodefesa se torna impossível quando se está sem meios de resistir a violência do infrator, instigando assim o mal cidadão a prática de tais agressões, justamente, por não acreditar que uma força se imporá contra sua intenta criminosa.
Em uma tentativa de dar-lhes o benefício da boa-fé, mesmo sabendo que isso é um exercício de proposições, tendo em vista ser mais claro que o sol a ausência de tal elemento na mente progressista, façamos um esforço de imaginar que a proibição do uso de armas pudesse alcançar a totalidade dos seres humanos, lembrando que é uma visão hipotética, qualquer indivíduo ou grupo desviante, desnudo de moral, poderia fazer dos mais variados instrumentos equipamentos para, através da violência, atuar contra um grupo indefeso.
O conceito de arma imprópria bem define a ineficácia de uma proibição desta natureza, especialmente, em uma realidade na qual as pessoas estão bestializadas devido ao uso de entorpecentes, ou ainda, que pertencem a “tribos” que se vangloriam de praticas violentas semelhantes àquelas de os cenários pós-apocalípticos que parecem ter saltado de filmes, claro que a ficção pode ser o prenúncio de um mal que se pretende experimentar ou denunciar, mas isso fica para outro momento.
Saber que uma preza fácil, indefesa, encontra-se disponível, sem dúvida encoraja o artífice da maldade, aquele que pretende tirar uma vantagem indevida de tal presa.
Imaginemos a postura de um tirano e sua tropa conhecendo um rico vilarejo que não consegue se defender, a história já nos mostrara que um líder nefasto pode massacrar aqueles que consideram mais frágeis, citamos aqui a Polônia na Segunda Guerra Mundial, ora acoitada pela invasão nazista, ora caindo nas mãos dos soviéticos, se aquele país do leste europeu tive um arsenal suficientemente forte para rechaçar seus algozes, não teria experimentado por décadas tamanho infortúnio.
Por falar em ditaduras totalitárias, cabe-nos observar que a regra aplicada ao povo é o desarmamento, evitando assim que os descalabros por parte dos que ocupam o poder sejam sequer questionados. A Alemanha, durante o regime nacional-socialista desarmou seu povo, podendo infringir o terror sem ser confrontada. Não fossem os exércitos de outras nações que aportaram na Normandia, os franceses nada poderiam fazer contra o domínio alemão por conta do armistício.
As desastrosas medidas de poderes totalitários atingem efeitos dantescos por conta da incapacidade de uma reação, como podemos ver no dramático cenário atual, tanto no Afeganistão quanta na Venezuela, em que tiranos massacram pessoas indefesas.
Parece estranho constatar que em países livres a pauta desarmamentista é amplamente defendida, como se fosse impossível olhar por cima do muro, mesmo quando se tem aceso a informação descentralizada. Porém, basta analisar os defensores de tais pautas e observamos três espécies de desarmamentistas,
O primeiro é aquele que busca enfraquecer os outros para controlar suas vidas, o tir e sua distopia cognitiva ano em pessoa. Facilmente identificados por clamarem por algo e agirem totalmente em sentido oposto, como políticos, autoridades, famosos, ricos e outros tantos, que possuem armas de fogo ou seguranças, por vezes armados, com o intuito de garantir sua integridade física, sua vida ou mesmo sua propriedade.
Não conseguindo sustentar na prática aquilo que exigem dos outros usam argumentos como sua exposição pública ou até piores para não se ofertarem aos criminosos como presas fáceis. Façamos uma breve pausa para recordar de certos tiranetes que confinaram as pessoas em casa durante a pandemia, mas viajaram à lazer para Miami, fizeram festas em suas mansões, marcaram presença em estádios de futebol, hotéis e rodas de samba.
A desfaçatez que um desses serem abjetos impõe, ou pede que se imponha, uma restrição aos cidadãos comuns, sim, eles se julgam iluminados ou simplesmente semideuses, está cada vez mais clara, são indivíduos sórdidos que o simples xingamentos direcionados aos mesmos pode ser interpretado como um crime quase que hediondo, mas o vilipêndio de liberdades dos cidadãos comuns, considera-se algo natural ou necessário para manter um suposto Estado Democrático de Direito que não preserva nenhuma das características de seu nome.
Há ainda os desarmamentistas que acreditam ser o Estado o único legítimo para usar a força, ignorando solenemente que os agentes estatais não se farão onipresentes, logo, as lacunas por eles deixadas servirão como área de ação do crime, especialmente o crime organizado, que no Brasil, literalmente, se faz soberano em determinadas áreas, em que pese exista um certo reconhecimento por parte do Estado.
O pobre coitado que desiste de sua liberdade por uma sensação de segurança, é a menina dos olhos dos tiranetes supracitados, tratando-se de um vassalo por opção, sua prisão é mental e, honestamente, precisa se libertar dela antes de se armar, sob pena de se voltar contra seus pares em razão de sua fragilidade cognitiva e da dependência de alguém para dizer-lhe o que fazer sempre.
Um bom exemplo para explicar o perigo de tais indivíduos são os observadores voluntários que, acreditando servirem como paladinos de um bem comum, tornam-se uma espécie de ser rastejante cuja sanha por aceitação e manter sua alienação em consonância com um suposto senso em comum, vigiam e denunciam seus pares aos tiranos, como na pandemia, em que alguns denunciavam festas de família, mesmo sendo incapazes de apontar a localização de criminosos que desfilam livremente pelas ruas, ou a nova criação da suprema corte que pretende formar grupos que serviram como caçadores de pensamentos que não comunguem com os da corte, que claro, afirmam ser a verdade.
Por fim, temos o desarmamentista que acredita, ao menos finge acreditar, que o brasileiro médio não está preparado socialmente para portar armas de fogo, que brigas de trânsito terminaram em homicídios, como se isso não ocorresse. Para tal indivíduo bastaria dizer que aqueles que matam por uma briga qualquer já estão de posse de armas ilícitas e que o crime organizado tem um verdadeiro arsenal de guerra, basta olhar as favelas fluminenses e isso fica gritante, aeronaves tombaram em combate aos criminosos.
O crime organizado, em que pese alguns alegarem ter “consciência social” (ironia contida no filme Tropa de Elite), não se furtará em fornecer armas ilícitas aos criminosos mais violentos, bem como, aos dependentes químicos que, por sua necessidade me adquirir entorpecentes em razão de seu vício (o que é ironicamente reconhecida ocupante em cadeira da suprema corte), podem usar de tais armas para “trabalhar” nas organizações criminosas diretamente ou praticar crimes como roubo ou extorsão, sendo certo que, aquele que poderia conter a ação de alguém que usa arma para o mal poderia ser contido por cidadão de bem armados.
Não obstante, façamos uma reflexão, como a ditadura chinesa trata o Tibete e a Índia, baste ver qual país possui um exército fortemente armado. Por outro lado imaginem se todo cidadão pudesse ter uma arma, como seria o “trabalho” daquele que extorque em um determinado lugar constantemente.
Não há sentido renunciar sua liberdade em nome da segurança, pior ainda quando, fica nítido que tal renuncia é em favor de uma falsa sensação de segurança e que aqueles que pedem o seu desarmamento, ao menos os líderes, são incapazes de se lançar ao mundo como presas frágeis. Pregam algo que não conseguiriam viver na prática por saberem que é uma mentira.
Desperte, se um leão não tiver presas e garra, até mesmo os coiotes o devorarão.