Fico imaginando se alguém tivesse o poder de definir parâmetros daquilo que não tem parâmetros, poder dizer que o oculto tem uma explicação científica, como seria proveitoso se pesquisadores de alto nível pudessem abrir mão de conceitos preestabelecidos para mergulhar de cabeça em temas outrora deixados na penumbra.
Investigar o paranormal, no sentido daquilo que não parece ter uma explicação aos olhos de simples mortais, poderia ser o desafio da vida de qualquer um, cientificamente estariam na qualidade dos bandeirantes, que se embrenhavam na densa selva, ou mesmo, dos navegadores que lançaram-se ao mar desconhecido para descobrirem novas terras.
A notícia de que a Universidade de São Paulo criou o chamado Laboratório do Impossível, para “estudo da influência de fenômenos considerados impossíveis ou sobrenaturais, sua relação com as crenças e o conhecimento científico”, parecia ser um avanço na busca pela evolução da pesquisa, entretanto, nada acontece por acaso, parece que tal instituição pretende colocar em seus trilhos aquilo que não se consegue explicar.
Segundo o coordenador do InterPsi, Wellington Zangari.
“A ideia é que esse seja um espaço dedicado à realização de atividades de extensão que, de forma lúdica, promovam o diálogo entre a arte mágica e a ciência. Funcionará como um palco de apresentações didáticas e vivências científicas e artísticas, multissensoriais e reflexivas, motivando a curiosidade a respeito de como as coisas funcionam por trás dos efeitos observáveis, enfatizando a importância do método científico como antídoto contra a ignorância, as fake news, o negacionismo, e em favor do desenvolvimento do pensamento crítico”.
No mínimo estranho que o pesquisador deixe tão evidente o viés ideológico por trás do novo laboratório, posto que, estranhamente utiliza-se de termos, usados por um espectro político-ideológico para suprimir o contraditório científico, com o fim adjetivar algo que o laboratório e sua equipe tem clara intenção de dizimar.
Fala-se em investigar fenômenos que não tem explicação e, ao mesmo tempo, deixa evidente que aquilo que lhe for contrário não será enfrentado, uma vez que, pretende afastar de forma sumaríssima as vozes dissonantes.
O mencionado Coordenador não esconde seu posicionamento ideológico, nada de novo debaixo do sol, por isso, torna-se temerária a criação de tal laboratório, em especial, por ser voltado aos alunos dos ensinos fundamental e médio. Poderia ser uma forma de “desmistificar” sua visão de mundo e afastar aquelas que fosse contrárias.
A frente do instituto que serve como pilar do Laboratório do Impossível podemos ver um coordenador com declarada visão político-ideológica e, ainda mais grave, disposto a pesquisar com indivíduos em formação, atribuindo um “pensamento crítico”, desde que, não seja este movido por “negacionismo, ignorância e fake newws”.
Em verdade, o Laboratório do Impossível mais parece um centro para afastar teses contrárias ou corroborar as pautas de um grupo através de uma ciência oculta, mais difícil de ser contestada, uma vez que, só se admitira como fonte científica paranormal aquela forjada nas universidades.
Como o coordenador considera ideologia de gênero algo científico, sem qualquer lastro, cabe perguntar se grupos por ele dirigidos não iriam se valer de critérios obscuros para justificar tal tese. Lembrando que há um diagnóstico científico, ainda que dúbio, para a disforia de gênero, mas que não se confunde com “transexualidade”. Embora não seja o tema a ser tratado.
“Não se sabe quantas pessoas têm disforia de gênero, mas estima-se que ela ocorra em cinco a 14 em cada mil bebês cujo sexo de nascimento é masculino e em dois a três em cada mil bebês cujo sexo de nascimento é feminino. Um número muito maior de pessoas se identifica como transgênero que as que de fato atendem aos critérios para disforia de gênero”.
Logo, há um flagrante risco de que progressistas se utilizem do tal Laboratório do Impossível para tentar legitimar sua pautas, ainda que eivadas de desinformação, dando-lhes um selo de autoridade acadêmico. Tudo indica que o povo paulista está prestes a sustentar o que será o centro de criação e legitimação da pós-verdade.
Antes fosse algo como apenas uma aventura fictícia em que Peter Wenkman aplica choques em um voluntário, mas parece que a experiência, agora real, pode ter um fim muito mais nocivo.
“Vivemos tempos sombrios, onde as piores pessoas perderam o medo e as melhores perderam a esperança”
Hannah Aerndt.
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol.I N.º 03