Por Neto Curvina
Provérbios 3:7
O excesso de conhecimento inútil ou, pelo menos, volúvel lançou o homem pós-moderno ocidental em uma espiral involutiva e autodestrutiva de contornos patéticos. Ao se afastar dos princípios elementares da verdade, representados pela Sabedoria Criadora do Eterno, o Verbo, por assim dizer, o Logos, e absorver como dogmas socioculturais devaneios urdidos em cercanias pagãs e protoprogressistas, formatadas pelos herdeiros das ancestrais tradições satânicas babilônicas, egípcias e gregas, vendidas a esse Ocidente como a gnose fundamental, a alquimia do bem ou o alicerce do saber, de onde deveríamos retirar nossos balizadores éticos e morais, o homem ocidental cavou a própria sepultura existencial, deferiu um tiro mortal em sua identidade como criatura divina e abriu caminho para que a desordem global – a qual convencionamos chamar em algum momento de Nova Ordem Mundial – se assenhorasse dos seus sentidos e se impusesse de tal forma que, tal qual previsto nas Sagradas Escrituras Judaico-Cristãs, o mundo inteiro chegasse ao estado de “jaz no maligno” (I João 5:19).
Tudo era um encantamento. Lógica e metafísica. Sofismas e política. E o Apóstolo Paulo, pelo Espírito, alertando: “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos!” (Romanos 1:22).
No contexto em que Paulo diz isso, escrevendo para um contexto greco-romano, ele imediatamente alerta acerca da degeneração moral que acompanhava, inevitavelmente, o afastamento de Deus e de sua Palavra. E descreve em detalhes as abominações e imundícias que podemos ver hoje nos meios de comunicação, nas mídias, no marketing, nos negócios, nas artes, sendo impostas como normatização de um mundo que simplesmente não sabe como lidar com a situação e perde seu tempo fazendo perguntas vazias e insípidas como: “Eles estão loucos?” ou “O que eles pensam que vão ganhar com isso?”. E o motivo de não saberem responder a esses questionamentos? É simples: eles, os “sábios”, não têm as “ferramentas intelectuais” necessárias para interpretar esses sinais, porque para eles, essas “ferramentas” ou não existem, ou não têm mais validade, ou são frutos de mentes supersticiosas ou fundamentalistas. Não sabendo eles que aquilo que insistem que não existe ou não faz parte da equação, avança cada vez mais sobre suas vidas.
O pedantismo ocidental tem vários pais. Descartes é um dos seus principais. Ele é a cara do pensador ocidental pós-moderno, dotado de um pragmatismo conveniente e superficial, que se perde diante do transcendental/sobrenatural que governa o mundo através do que aprendemos a chamar – erroneamente – de “ideologias”. Ninguém o descreve melhor do que o – esse sim – genial Pascal: “Não posso perdoar Descartes; bem quisera ele, em toda a sua filosofia, passar sem Deus, mas não pôde evitar de fazê-lo dar um piparote para pôr o mundo em movimento; depois do quê não precisa mais de Deus” (Pensamentos, Artigo II, 77). O formador de opinião ocidental é “inteligente” demais para “admitir” Deus além daquilo que lhe é protocolar. Ele – o homem – age como se dissesse ao Eterno: “Eu sei que você existe, mas fique aí, quietinho no seu trono, porque o meu conhecimento é suficiente para administrar a minha vida e o mundo que me cerca!”. Pois é, estamos vendo como o homem é ótimo em administrar o mundo que o cerca, que é exatamente esse mundo, essa realidade, que dia após dia, lhe escapa entre os dedos e é transmutada em um pesadelo progressista de cores hediondas, sobre o que ele, o sabichão pragmático, não pode fazer absolutamente nada, porque ele sequer admite um conceito básico que é respeitado desde que o homem aprendeu a falar: o invisível governa o visível. Sua fé ou, aquilo que entende ser uma, é submissa a tudo aquilo que é menor do que ela: filosofias, escolas de pensamento e ideia pré-concebidas de mundo baseadas no meio em que vivem, subvertendo a inevitável imanência humana e atirando-a aos pés de delírios freudianos, marxistas e Rousseaunianos, entre outros, que estenderam o tapete da desordem humana ao Ocidente e foram recebidos com festa pelo status quo dos séculos que seguiram.
Por isso o homem ocidental, o conservador ocidental, não tem como frear a degradação ética e moral que engole o mundo. Embora forte em palavras, convicto em ideais e repleto de conhecimento humano, lhe falta o fundamental: a nobreza espiritual de um guerreiro de Deus. E ela só é possível quando o homem compreende suas limitações intelectuais e deixa de tentar explicar o que é gerado de forma espiritual usando uma linguagem material. Ou alguém acha que o fato de todos os grandes pensadores progressistas/socialistas terem escolhido a fé judaico-cristã como sua grande adversária foi por acaso? A parte realmente ridícula: todos os conservadores sabem disso, mas o que fazem a respeito? Caem na armadilha dialética de Marx, Freud, Gramsci e outros e, orgulhosos de seus conhecimentos sobre estética e neoplatonismo, dão com a cara na ponta da bota da realidade, que é ter que aceitar goela abaixo um mundo que só existe em distopias histéricas, com aquele ar melancólico de quem passa horas olhando para os livros na estante e não sabe a melhor forma de queimá-los.
O sistema ri de tudo isso. Ele encontrou enfim o alvo que sempre quis: o homem sem Deus. Um Descartes semimundano, ritualístico, supersticioso, desprovido de dogmas e em franca rejeição ao mundo espiritual. Que pensa, pensa e pensa, mas não pode fazer mais do que isso, pois está preso às amarras “regimentais” de um pragmatismo ilusório que irão sufocá-lo gradativamente. Um arremedo de homem, desprovido do poder do alto, de identidade ancestral, de profundidade espiritual. O tipo que até fala em ética e moral, desde que elas não se imponham aos sistemas humanos que eles foram adestrados a obedecer. É esse homem, pedante, e que tem a alienação espiritual como fator estrutural, o grande responsável pelo desastre que se avizinha no horizonte profético da humanidade.