Por Leandro Costa
Na Ilha de Creta reinava Minos, governante que sofrera um castigo por tentar ludibriar o senhor dos mares, Poseidon, tendo o deus feito com que a esposa do rei se apaixonasse por um touro, gerando assim a temida figura do Minotauro, que significa o touro de Minos.
A besta era uma maldição para o senhor de Creta, mas considerando ser tal castigo merecido por ter afrontado o deus dos mares, tratou de conter a fúria da criatura mantendo-a em um labirinto engenhoso.
A mente genial por trás da construção do labirinto de Creta fora Dédalos, um arquiteto, artesão e inventor ateniense cuja habilidade fez do labirinto algo inimaginável, praticamente impossível de fugir. A construção, não só mantinha a besta com corpo humano e cabeça de touro confinada, como evitava que suas presas, jovens virgens oferecidos em sacrifício à fera, que os devorava.
Dédalo ajudou a fila do Rei Minos, Ariadne, ensinando-a como seria possível sair do labirinto, posteriormente, a princesa ensina o herói Tseu, que, após ceifar a vida da besta, usa o fio de lã para escapar do local.
Pela ajuda dada à princesa e ao herós, Dédalo foi castigado pelo Rei Minos que o colocou no labirinto, aprisionando também o filho do arquiteto, Ícaro, Dédalo sabia que era impossível sair de Creta por mar, pois Minos, ao acatar o castigo imposto pelo deus dos mares, tinha recuperado o apreço da divindade. O governante também era o senhor da ilha, sendo inviável escapar de sua ira enquanto estivessem naquele solo.
O engenhoso artesão decidiu que o único meio de fugir do monarca era escapar de sua temível obra, o labirinto, e sobrevoar para longe da Ilha de Creta. Criando asas para si e para Ícaro, usando penas coladas com cera, conseguiram escapar do suplício.
O arquiteto instruiu seu filho que permanecesse próximo, assim poderia acompanhá-lo durante o voo, orientando que não voasse muito alto para que a cera não derretesse ou muito baixo ou as penas seriam molhadas.
Fascinado pela luz do sol, sentindo-se livre ao voar, Ícaro ignora o conselho de seu pai e acaba voando cada vez mais alto, tentando assim se aproximar do astro. Conforme se aproxima do sol, o calor derrete-lhe as asas fazendo com que o jovem caia de uma altura fatal.
O pai só percebe que Ícaro tomou tal destino tardiamente, não podendo evitar tal infortúnio. Levou os restos mortais de seu filho para a Sicília, onde o enterrou no lugar que batizara como Icaria, homenageando o jovem falecido.
Em sua trajetória, Dédalo foi um sábio e talentoso inventor, que cumprira com esmero as missões que lhes foram confiadas, mas seu filho, ignorando sua a sabedoria e vivência encontrou seu fim quando deslumbrado pela beleza do astro-rei.
Devemos aprender com o trágico fim de Ícaro que a sabedoria é um dom que deve ser respeitado e a vivência uma conquista que jamais pode ser desprezada, para que, nunca nos deixemos cegar pela luz da soberba ou da ilusão de sermos mais do que aquilo que temos como missão de vida.
Não se deve voar acima da capacidade de suas asas ou derreterão, impedindo que seja feito mais do que está ao alcance, bem como, não é correto voar muito baixo para não ter as asas molhadas, pois edificar aquém daquilo que é possível, é deixar de cumprir seu papel como ser que carrega a cama divina.