Muito se fala sobre o ethos grego, porém pouco se expõe sobre o poder que este elemento, puramente humano, pode exercer sobre o próprio ser humano, individual e coletivamente, em qualquer dimensão que seja aplicado.
Como já escrevi em outro texto, virtudes humanas são sempre evocadas e invocadas ainda que de maneira inconscientemente, pois como escrevi, são inerentes ao ser humano e suas relações.
Vejamos que a ética é elemento vital para que tudo aconteça, mesmo uma organização criminosa, tem seu código de “ética”. Mesmo em conluios e nas mais baixas ações de grupos ou indivíduos, é exigido que se estabeleça uma “ética”.
Isto acontece por que nosso nível de cultura é cada vez mais superficial, pois a ética é confundida com o bem e o mal, nesse nível de cultura; nesse caso é impossível que acertemos o alvo, pois a visão está deturpada.
Sem as devidas referências o bem e o mal se tornam circulares, por exemplo: no reino animal o predador é o mal da presa, porém na natureza trata-se do ciclo natural das coisas.
No reino vegetal o deserto é o mal da floresta e vice-versa, porém na natureza é próprio de cada região e clima. No reino humano, temos o acrescento da consciência onde tudo está intimamente ligado.
Um exemplo é que se o homem não cuida da natureza é na ponta o maior prejudicado, mesmo uma pequenina célula, se não for devidamente cuidada pode destruir o corpo inteiro. Enfim, a ideia do texto é mostrar que para se chegar no destino proposto ao ser humano enquanto sociedade é preciso referências que estejam apoiadas em um manual que outrora permitiu que outras sociedades tivessem seu sucesso (sobre este assunto tratemos uma exposição em outro momento).
A pergunta nesta reflexão é: qual é, e onde está essa referência?
Começo respondendo que tudo o que precisamos está primeiro dentro de nós, em nossa parte espiritual ou na própria natureza.
Outro sim, e que sabemos que todos referências que apontam para o alvo e no nosso caso o maior deles é Jesus Cristo, nos deixa claro que nosso olhar deve estar nas ideias mais elevadas e que no esquema do processo, está posto, que devemos fazer em prol de todos e não apenas de um pequeno grupo ou de um indivíduo, embora comecemos com um indivíduo e posteriormente o reflexo chegará aos outros.
Lembremos que se não serve ao mar, não serve ao peixe e por fim a toda a vida marinha.
Se não serve à colmeia, na serve à abelha.
Se não serve à célula, não serve ao corpo.
A ética é este elemento que permite a justiça de um modo ideal, respeitando a natureza de cada um por ela alcançado.
Os estoicos já bem colocavam a ética como uma barreira à corrupção, pois um cidadão ético seria incorruptível.
É a ética que permite que enfrentemos as crises com dignidade, nobreza e com a aprovação de deus, pois a ética é um elemento de evolução e não de revolução.
A evolução propõe ordem enquanto a revolução propõe mudança.
Mudar os móveis de uma casa não significa que eles estarão em ordem, mudar a mentalidade de uma sociedade não significa que ela estará devidamente ordenada.
Por fim, proponho uma reflexão: vale a pena um esforço em direção a ética para trazer ordem a esse momento histórico?
Se sim, proponho que sejamos guardiões desta virtude que sua falta tem sido a causa de muitos de nossos problemas, e para isso é necessário o sacro ofício de sermos aqueles que deixarão as pegadas para os futuros cidadãos enxergarem a luz que os permitirão continuar caminhando na direção certa, embora não vejam a longe o destino, pois a ética os manterá aquecidos, bem alimentados e com as armas necessárias para as dificuldades que se apresentarão pelo caminho.
É a ética que permite que a célula dê lugar a outra, deixando o ambiente em condições perfeitas para sua missão, sem ética o câncer se estabelece, o desequilíbrio de ter mais predadores que presas, mais ignorância que sabedoria, enfim, a desordem.
Que Deus abençoe nossa jornada!!
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. II N.º 30