A história do povo judeu

A história do povo judeu

Podemos citar diversos povos que existem há centenas de anos, que preservam sua cultura e idioma e que são admirados até os dias de hoje. Mas arrisco dizer que nenhum possui a história mais emocionante do que o povo judeu. E tudo começou com a obediência de um homem.

Após o dilúvio, a terra foi repovoada com os filhos de Noé: Sem Cam e Jafé. Dos filhos de Sem vieram os povos semitas. Entre eles estão os Fenícios, Hebreus, Amoritas, Acadianos, Assírios, Sírios, Caldeus, Arameus, Árabes e Hicsos.

Abraão

Em uma cidade chamada Ur (dos caldeus), que atualmente compõe a província de Dhi Qar do Iraque, nasceu Abrão. De UR, ele e toda sua família partiram de sua terra e foram até Harã. Ali, Deus falou com Abrão:

Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei;de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gênesis 12:1-3)

O Senhor apenas disse a Abrão: “Sai!”. E ele obedeceu. Ele não fez nenhum milagre – como Moisés ou Elias – nem possuía as Escrituras, que ainda seriam escritas. É por isso que ele é chamado de “pai da fé” e:

Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão.” (Gálatas 3:7)

Há também outra (possível) razão para ele ter sido escolhido: quando Deus falou com Abrão, tinha este 75 anos. Casado com Sarai, não tinha filhos. Naquela época era comum que os homens tivessem mais de uma esposa, pois um homem com muitos filhos era bem quisto na sociedade. Contudo, Abrão manteve-se fiel à sua esposa, ainda que sem filhos. Este é o modelo de família que Deus idealizou, e que o ser humano – por conta do pecado – corrompeu. Ele se tornou um modelo do próprio Deus a ser seguido:

Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz; porque era ele único, quando eu o chamei, o abençoei e o multipliquei.” (Isaías 51:2).

Abrão e Sarai tiveram seus nomes mudados por Deus:

Abrão já não será o teu nome, e sim Abraão; porque por pai de numerosas nações te constituí. Far-te-ei fecundo extraordinariamente, de ti farei nações, e reis procederão de ti.” (Gênesis 17:5,6)

Atenção ao seguinte versículo. Voltarei a ele mais à frente:

Dar-te-ei e à tua descendência a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o seu Deus.” (Gênesis 17:8)

Sara, como quase toda mulher, era ansiosa; posso imaginar o que passou pela sua cabeça quando Deus fez a promessa, quando chamou a Abraão: “Não é possível. Eu ter filhos? Sou estéril e, ainda por cima, estou velha! Que loucura!”. E teve uma “brilhante ideia”.

Quando saiu de Harã, Abraão e Sara passaram pelo Egito (leia em Gênesis 12.10-20). De lá, Sara trouxe uma serva, de nome Agar, uma moça jovem e, creio eu, muito bonita (o busto da rainha Nefertiti demonstra a beleza das egípcias). A “brilhante ideia” de Sara era que Agar gerasse um filho para seu marido – não, não era por meio de inseminação artificial, era do modo tradicional mesmo (risos). Dessa relação, nasceu Ismael, que se tornou flecheiro e habitou no deserto de Parã (Arábia).

Deus cumpriu sua promessa: Sara concebeu, e Abraão o chamou de Isaque, que significa “motivo de riso” – remetendo não só à alegria da chegada do menino, como também à risada que Sara deu quando Deus, novamente, havia prometido um filho (leia em Gênesis 18.12).

Além das promessas a Abraão, Deus lhe adiantou os percalços que seus descendentes teriam:

Sabe, com certeza, que a tua posteridade será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos. Mas também eu julgarei a gente a que têm de sujeitar-se; e depois sairão com grandes riquezas.” (Gênesis 15:13,14)

E assim aconteceu.

Êxodo

O povo de Israel, após sua chegada ao Egito, residia na Terra de Gosén, lugar dado aos hebreus pelo faraó de José. Foi localizado no Delta oriental.

O povo tornou-se escravo por um faraó que não conhecia José, ao perceber que Israel era mais numeroso e mais forte (leia em Êxodo 1.8-11). Após o tempo determinado por Deus, Moisés foi chamado e se tornou o Libertador.

Com a saída do Egito e início da jornada rumo à terra prometida, Deus procurou preparar aquela gente estabelecendo regras e impondo limites. Moisés se tornou seu legislador.

Teimosia e incredulidade

O deserto a ser atravessado para chegar até à Terra Prometida, tinha uma extensão de 200 quilômetros. A previsão de chegada seria 40 dias. Mas os hebreus murmuraram contra Deus e contra Moisés; em vez de seguirem em linha reta ficaram andando em círculos.

Ao se aproximarem da terra, Moisés selecionou um homem de cada tribo para espionarem Canaã. Após dar instruções, liberou-os.

Os espias se apavoraram! Voltaram à Moisés e disseram:

E, diante dos filhos de Israel, infamaram a terra que haviam espiado, dizendo: A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra que devora os seus moradores; e todo o povo que vimos nela são homens de grande estatura. Também vimos ali gigantes (os filhos de Anaque são descendentes de gigantes), e éramos, aos nossos próprios.” (Números 13:32,33)

Diante de tanta teimosia e incredulidade relatada (descrita em quatro dos cinco livros da Torá), Deus determinou:

“…nenhum dos homens que, tendo visto a minha glória e os prodígios que fiz no Egito e no deserto, todavia, me puseram à prova já dez vezes e não obedeceram à minha voz, nenhum deles verá a terra que, com juramento, prometi a seus pais, sim, nenhum daqueles que me desprezaram a verá. Porém o meu servo Calebe, visto que nele houve outro espírito, e perseverou em seguir-me, eu o farei entrar a terra que espiou, e a sua descendência a possuirá.” (Números 14:22-24)

Josué

Após a morte de Moisés, Deus instituiu Josué, filho de Num, como o novo líder daquela nação. A ele coube a responsabilidade de introduzir o povo em Canaã. Após a destruição de Jericó, Josué dividiu a herança entre as Doze Tribos, exceto a de Levi, pois esta foi separada para o Senhor (leia em Deuteronômio 18.1-2).

Um rei para Israel

Por anos e anos, Israel teve juízes escolhidos por Deus para ajudar o povo (um dos mais famosos foi Gideão). Não havia rei, pois o Senhor era o seu rei.

Mas nos tempos do profeta Samuel, os anciãos de Israel vieram até ele pedir um rei, e isto não o agradou. Mais uma vez, a teimosia imperou e rejeitaram a Deus como seu rei (leia em 1ª Samuel 8.7-9).

O primeiro rei de Israel foi Saul; no início, era um homem temente a Deus, mas depois tornou-se desobediente e invejoso.

Davi foi o segundo rei, e o mais amado e respeitado pelo povo até hoje:

Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, ele fará tudo conforme a minha vontade” (Atos 13.22)

Foi Davi que conquistou Jerusalém – que antes se chamava Jebus, terra dos jebuseus (leia em 1ª Crônicas 11.4-9).

O primeiro e segundo templos

Quando Israel estava no deserto, Deus havia dito a Moises para construir um Tabernáculo móvel; deus as coordenadas de medidas, tipos e cores de tecidos, utensílios e separou a tribo de Levi poara servir exclusivamente ao Senhor.

O rei Davi, já na terra prometida, quis construir uma Casa ao Senhor; porém, por ser homem de guerra, tinha as mãos sujas de sangue e não poderia fazê-lo. Então, Deus separou Salomão para realizar este trabalho (leia em 1ª Crônicas 28.3/1ª Reis 6).

Este primeiro templo foi destruído com a invasão de Nabucodonosor, cerca de 587 a.C. O povo foi levado cativo para a Babilônia e lá permaneceu por setenta anos. Isso foi predito pelo profeta Jeremias (leia em Jeremias 25.11-12).

Após o cumprimento da profecia bíblica, o povo de Israel retornou à sua terra e reedificaram o segundo templo. Ciro, rei da Pérsia, foi usado por Deus para reintegrar à terra ao povo de Israel (leia em Esdras 1.1-4). A obra foi completada durante o reinado de Dario.

Império romano e Sírio-Palestina

O segundo templo foi destruído em 30 de agosto do ano 70 d.C. por soldados romanos liderados pelo general Tito, que se tornou imperador no ano 79.

Em 130 d.C. os romanos reconstruíram Jerusalém como uma cidade pagã, tendo o templo de Júpiter no lugar do templo judeu. Provocados à rebelião, meio milhão de judeus foram mortos e milhares escravizados.

Os romanos, irados, renomearam a terra de Israel, rebatizando-a de SIRIA-PALESTINA.

Dali em diante, os judeus que ali viviam foram chamados de palestinos.

Diáspora judaica

Em toda história do povo judeu ocorreram as diásporas; porém a maior de todas iniciou-se em 132 d.C, com a revolta liderada por Simão Barcoquebas. Liderou uma rebelião contra o Imperador Adriano em uma revolta ligada à renomeação de Jerusalém como Aelia Capitolina. Após quatro anos de guerra devastadora, a revolta foi reprimida e os judeus foram proibidos de entrar em Jerusalém.

Durante a Idade Média, devido ao aumento da migração e do reassentamento, os judeus dividiram-se em grupos regionais distintos que hoje são geralmente abordados de acordo com dois agrupamentos geográficos principais: os Ashkenazi do Norte e Leste da Europa, e os Judeus Sefarditas e Mizrahim da Península Ibérica (Espanha e Portugal), Norte de África e Oriente Médio. Estes grupos têm histórias paralelas partilhando muitas semelhanças culturais bem como uma série de massacres, perseguições e expulsões, como a expulsão da Inglaterra em 1290, a expulsão de Espanha em 1492, e a expulsão dos países árabes em 1948–1973.

Segunda guerra, antissemitismo e holocausto

O auge da perseguição contra os judeus iniciou-se nos anos 1930; o holocausto e a guerra da alemanha no leste eram baseados na visão de longa data de hitler de que os judeus eram os verdadeiros inimigos do reich e do povo alemão e que o lebensraum (“espaço vital”) era necessário para a expansão da alemanha, embora o antissemitismo na alemanha seja anterior a hitler (em outro artigo explicarei com detalhes).

As tensões econômicas da Grande Depressão levaram muitos na comunidade médica alemã a defender a ideia de eutanásia de deficientes físicos e mentais “incuráveis”, como medida de economia de custos para liberar dinheiro para outros pacientes. Até os nazistas chegarem ao poder em 1933, já existia uma tendência na política social alemã para salvar os racialmente “valiosos”, enquanto buscava livrar a sociedade dos “indesejáveis”.

A propaganda nazista esforçava-se para apresentar o judeu como o grande inimigo do Reich e do povo alemão. Em 1935, num destes esforços, o ministro da propaganda do III Reich, Joseph Goebbels, escolheu Hessy Levinsons Taft como o modelo de bebê ariano ideal”. Entretanto, ele não sabia que ela na realidade, era uma criança judia.

Hitler deixava seu ódio aos judeus explícito. Em seu livro Mein Kampf, ele avisou sobre sua intenção de expulsá-los da vida política, intelectual e cultural da Alemanha. Ele não escreveu que iria tentar exterminá-los, mas acredita-se que ele tenha sido mais explícito em privado. Já em 1922, ele teria dito ao major Joseph Hell, na época um jornalista:

Assim que eu realmente estiver no poder, minha primeira e mais importante tarefa será a aniquilação dos judeus.”

O historiador israelense Saul Friedländer escreve que:

“Nem um grupo social, nenhuma comunidade religiosa, instituição acadêmica ou associação profissional na Alemanha e em toda a Europa declarou a sua solidariedade para com os judeus”.

Uma característica distinta do genocídio nazista foi o uso extensivo de seres humanos em experimentos “médicos”. De acordo com Raul Hilberg, “os médicos alemães eram altamente nazificados em comparação com outros profissionais, em termos de filiação partidária”.

Recomendo a leitura do livro Crianças de Asperger. Nele é relatada a história do médico que descobriu o autismo, Hans Asperger, que trabalhou para o Partido Nazista, selecionando quais crianças deveriam morrer.

Como mãe de autista, confesso ao leitor: é uma obra de embrulhar o estômago, mas extremamente necessária.

A libertação dos campos de concentração iniciou em 1944 até 1945.

Do mandato britânico da palestina até o estado de Israel

O Mandato Britânico da Palestina foi uma entidade geopolítica sob administração britânica que foi criada com a Partilha do Império Otomano após o final da Primeira Guerra Mundial. A administração civil britânica na Palestina operou de 1920 a 1948.

O documento foi baseado nos princípios contidos no artigo 22 do Pacto da Liga das Nações e da Conferência de San Remo de 25 de abril de 1920 pelos principais aliados e poderes associados após a Primeira Guerra Mundial, quando a Tríplice Aliança, da qual participava o Império Otomano, foi derrotada. O objetivo formal do sistema de mandatos da Liga das Nações foi justamente o de administrar os territórios integrantes do extinto Império Otomano, que dominara o Oriente Médio desde o Século XVI.

Em 16 de Setembro de 1922, com o consentimento da Liga das Nações, o Reino Unido dividiu o território em duas áreas administrativas:

  • Palestina, a oeste do rio Jordão, que ficaria sob domínio britânico direto até 1948;
  • Transjordânia, a leste do Jordão, que seria uma região semi-autônoma, governada pela família hachemita do Hejaz, na atual Arábia Saudita, de acordo com a Correspondência Hussein-McMahon de 1915.

O mandato terminou em 14 de maio de 1948. No último dia do mandato, a criação do Estado de Israel foi proclamada.

Após a adoção da Resolução 181 pela ONU em 29 de Novembro de 1947, recomendando a adesão e implementação do Plano de Partilha da Palestina para substituir o Mandato Britânico, em 14 de Maio de 1948, David Ben-Gurion, o chefe-executivo da Organização Sionista Mundial e presidente da Agência Judaica para a Palestina, declarou o estabelecimento de um Estado Judeu em Eretz Israel, a ser conhecido como o Estado de Israel, uma entidade independente do controle britânico.

As nações árabes vizinhas invadiram o recém-criado país NO DIA SEGUINTE.Israel, desde então, travou várias guerras com os Estados árabes circundantes, no decurso das quais ocupou os territórios da Cisjordânia, península do Sinai, Faixa de Gaza e colinas de Golã. Partes dessas áreas ocupadas, incluindo Jerusalém Oriental, foram anexadas por Israel, mas a fronteira com a vizinha Cisjordânia ainda não foi definida de forma permanente.

Israel assinou tratados de paz com Egito e Jordânia, porém os esforços para solucionar o conflito israel-palestino até agora não resultaram em paz.

Não tratarei neste artigo sobre as falas antissemitas proferidas pelo mandatário da república, pois após o leitor conhecer a história do povo judeu, não restará dúvidas de que Israel há milênios apenas luta por seu direito de existir.

Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.° 39 – ISSN 2764-3867

Leia também: MISSÃO DE ISRAEL

Sobre o autor

Danielly Jesus

Jornalista (DRT), YouTuber, podcaster (Cafe com Dani no Spotfy), escreve para os sites: Mundo Conservador e PHVox, radialista na web rádio Atroz FM e colunista na Revista Conhecimento & Cidadania.

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BIOGRAFIA

Leandro Costa

Servidor público, advogado impedido, professor de Direito, Diretor Acadêmico do projeto Direito nas Escolas e editor-chefe da Revista Conhecimento & Cidadania.

Defensor de uma sociedade rica em valores, acredito que o Brasil despertou e luta para sair da lama vermelha que tentou nos engolir. Sob às bênçãos de Deus defenderemos nossa pátria, família e liberdade, tendo como arma a verdade.

É preciso fazer a nossa parte como cidadãos, lutar incessantemente por nosso povo e deixar um legado para as futuras gerações. A política deve ser um meio do cidadão conduzir a nação, jamais uma forma de submissão a tiranos.

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