A velha nova desordem mundial

A velha nova desordem mundial

“Não era verdade, por exemplo, como alegavam os livros de História do Partido, que o Partido tivesse inventado os aviões. Ele se lembrava de aviões desde a tenra infância. Mas não havia como provar nada. Não existia nenhuma evidência. (…) Dia após dia e quase minuto a minuto, o passado era atualizado” (1984, George Orwell).

É consenso que a história sempre foi e é contada pelo ótica dos vencedores. Quem conhece o “Grande Expurgo” feito na segunda metade da década de 30 pelo regime stalinista sabe como a história era reescrita para banir os inimigos da memória e da história soviética. O que era feito através de execuções, gulags e alterações fotográficas. Não seria exagero dizer que os soviéticos foram os precursores das montagens fotográficas modernas, mestres que sempre foram na arte de desinformar:

“A Rússia se tornou a primeira grande potência que transformou o engano numa política nacional permanente, que afinal viria a distorcer todas as facetas da sociedade russa czarista e comunista” (Desinformação, Ion Pacepa).

Quando você se depara com o mundo orwelliano, assim como o de outros (Huxley, Wells, etc.), distopias sombrias e onipresentes, invariavelmente você se depara também com a manipulação da informação, que atinge seu ápice no processo no momento em que – ao bel prazer dos vencedores – passa a construir uma “nova história” a partir da agenda vigente, um fenômeno, reconhece-se, não tão recente, de forma alguma. O que foi o Cavalo de Troia senão uma bela peça de desinformação pregada nos chorosos troianos que ainda se lamentavam a perda de Heitor? E uma das grandes ironias de todas essas distopias é que basicamente todas tem Londres como palco para seus pesadelos, o que quer dizer que seus autores não eram, como podemos dizer, liberais democratas ou mesmo conservadores entusiasmados com a Monarquia. Sim, não estamos falando de Chesterton ou C S Lewis, e muito menos de Adam Smith e sua “Teoria dos Sentimentos Morais” (Título de um de seus livros, lançado no século XVIII). Percebe a contradição? Mas na verdade ela não existe de fato.

O “Partido” citado inicialmente por Orwell tanto pode ser russo, chinês, britânico ou norte-americano, porque, como já falamos, especificamente do século XIX pra cá, a história vem sendo mutilada pelo status quo globalista a partir dos pilares que o compõem, que vão de progressistas apátridas como George Soros, que despeja milhões de dólares anualmente em veículos de informação travestidos de ONGs e fundações, passando pelos metacapitalistas, ratos do sistema bancário mundial, irmãos siameses dos primeiros progressistas, que têm boa parte dos bancos centrais e de toda a imprensa no bolso do colete, os fundamentalistas do Oriente Médio, que possuem negócios altamente lucrativos com os dois primeiros, e o mundo por trás da Cortina de Ferro virtual, representado pela anfisbena vermelha, a águia bicéfala socialista. Todos eles, de alguma forma, bebem na fonte orwelliana da desinformação histórica. Todos mentem. Todos pagam para mentir. E todos eles, INVARIAVELMENTE, se opõem às raízes judaico-cristãs da civilização, e isso não ocorre por acaso.

A verdade é algo natural. Até os estoicos sabiam disso. Um mais um é naturalmente dois. Isso é a verdade, aquilo que com o tempo foi chamado de “conservador”, ou seja, aquilo que “conserva” o que é bom, útil, saudável e benéfico, mas, principalmente, indispensável para a existência humana. Se um ser social resolve viver sua vida de modo que um mais um nunca seja dois, ele colocará não somente a sua vida em risco, mas também a de todos que o cercam. Imagine um engenheiro, um físico, um médico ou um juiz que pense que um mais um seja igual a três. A tradição judaico-cristã defende que um mais um seja um, e o faz não somente por questões matemáticas ou históricas, mas também por questões espirituais, porque o caminho da verdade universal, a Grande Tradição, é, sobretudo, transcendental, e tem nas Sagradas Escrituras a sua fonte legítima.

E isso nos leva ao primeiro problema proposto no texto: a história sendo reescrita para se amoldar a um projeto de poder, ou seja, a mentira, a deturpação e a manipulação se passando por verdade para que as gerações vindouras possam ser controladas pelo argumento da historicidade e do cientificismo, como vemos todos os dias. E para que isso aconteça, todos os valores que dão aos homens réguas morais e limites éticos precisam ser extirpados do seio da sociedade, porque ao final de tudo isso, o que restará é um imenso projeto totalitário que vem sendo tentado há várias gerações por instrumentos insanos e mentalmente perturbados, que vão de Alexandre a Hitler, e que nesses agitados dias do século XXI vem procurando um representante eficiente, independe de bandeiras: Putin, Trump, Erdogan, Macron, Jinping, Bergoglio, Netanyahu, Gates, Zuckerberg, algum membro do Clube de Bilderberg… quem seria o Big Brother da vez? Na minha humilde opinião, nenhum deles. O que virá será muito mais carismático e convincente de qualquer um desses supostos candidatos ao cargo de “Príncipe que há de vir”.

Mas enquanto isso a história seguirá sendo reescrita diariamente, em especial pelos “checadores de fatos independentes” das redes, os lacaios mais podres e desprezíveis do sistema, que dia após dia fazem varreduras em postagens publicadas há muito tempo e, com a justificativa de que “sua publicação viola os padrões da comunidade”, a retiram do ar, despoticamente, sem direito a resposta ou contestação, exatamente como nosso personagem principal, Winston, que odiava o que fazia, bem como a novilíngua que lhe era imposta. Curiosamente, esse mesmo “Grande Irmão” falava em um mundo sem divisões e desigualdades sociais para justificar suas atitudes, como o termo que ele mesmo usava: uniformizar, também era o cara que instituiu o crime de pensar, o que chega a ser irônico, quando vemos em uma rede social, na área de postagem, a pergunta: “O que você está pensando?”. Se não “pensarmos” de acordo com o sistema, nossos pensamentos serão eliminados enquanto a história ao redor dele será reescrita. Nos perguntam o que estamos pensando, mas se “pensamos” diferente deles, somos punidos. Orwell foi cirúrgico.

Mas tudo isso só funciona de forma eficaz porque o mundo se apartou do conhecimento original que o fez ter consciência de si mesmo. Nos mundos das distopias, existentes ou fictícias, a fé judaico-cristã é o alvo principal a ser atingido e destruído. O que não nos deixa esquecer Thomas More, quando, ao falar das religiões de Utopia, dizer que “Existem diversas religiões, não só nas várias partes da ilha, como em cada cidade. Alguns adoram o Sol, outros a Lua, outros ainda algum planeta. Há também quem venere como deus um homem, que vivera muito tempo atrás, de fama e virtude extraordinárias, venerando-o como o maior dos deuses. Contudo, os mais sábios de entre os Utopianos rejeitam todas estas crenças e acreditam num certo poder divino, desconhecido, eterno, inexplicado, acima de toda a compreensão humana, enchendo o mundo, não com extensão corpórea, mas com a sua virtude e onipotência. Chamam-lhe Deus Pai. A ele atribuem a origem, os progressos, as mudanças e o fim de todas as coisas. A ele só dão honras divinas.” (Utopia, Thomas More).

Como se vê, se você quer uma distopia, retire Deus do seu lugar de direito. Se quer o processo inverso, resgate-o. Caso contrário, logo todos nós seremos personagens de uma “história” que nunca existiu e, provavelmente, em um futuro próximo, talvez nem tenhamos existido de verdade, afinal, será que os livros de história que estão sendo escritos hoje falarão de nós? O sistema avança desesperadamente para desconstruir a nossa identidade e uniformizar – Orwell de novo – a humanidade para satisfazer sua lascívia por controle total. Ou gerando, como queria o comunismo, um proletariado sem alma, servindo como uma enorme massa de zumbis à causa do Partido, ou uma multidão de criaturas degeneradas, assexuadas e transtornadas acerca de gênero, ou ainda uma turba raivosa de fundamentalistas desprovidos dos sentimentos que nos separam dos animais selvagens. E todos ele, tendo a tradição judaico-cristã como sua inimiga mais perigosa.

O mundo só tem uma opção: voltar-se para o Deus de Israel, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, e seu Unigênito. Fora disso só haverá caos e destruição como, aliás, já está ocorrendo.

Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. II N.º 28

Sobre o autor

Neto Curvina

Ministro do Evangelho, teólogo, escritor e educador. Autor de “A Velha Desordem Mundial: a teologia do caos”.

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BIOGRAFIA

Leandro Costa

Servidor público, advogado impedido, professor de Direito, Diretor Acadêmico do projeto Direito nas Escolas e editor-chefe da Revista Conhecimento & Cidadania.

Defensor de uma sociedade rica em valores, acredito que o Brasil despertou e luta para sair da lama vermelha que tentou nos engolir. Sob às bênçãos de Deus defenderemos nossa pátria, família e liberdade, tendo como arma a verdade.

É preciso fazer a nossa parte como cidadãos, lutar incessantemente por nosso povo e deixar um legado para as futuras gerações. A política deve ser um meio do cidadão conduzir a nação, jamais uma forma de submissão a tiranos.

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