Segundo relatos da própria organização, o Foro de São Paulo se reúne desde junho de 1990, para traçar as diretrizes da esquerda latino-americana, entretanto, é importante lembrar que, tal grupo mantivera-se no anonimato, por vezes negando sua existência, até consolidar-se em diversas posições de poder. A estratégia dos membros da organização foi a narrativa que sua existência resultava do fruto da imaginação de teóricos da conspiração, algo que grande parte das pessoas com objetivos espúrios faz para promover sua ascensão ao poder.
Para compreender como o Foro de São Paulo conseguiu avançar tanto e construir uma estrutura tão densa que permite, ainda que exposto, buscar o controle sobre uma gama tão vasta de indivíduos, não podemos analisar suas ações após sua criação, mas o que propiciou um terreno fértil para seu nascimento, sua ascensão e sua manutenção no poder. A organização não surgiu do nada, tampouco, chegou ao acaso ao patamar que hoje se encontra.
Indispensável fazer uma breve análise histórica da América Latinam que no auge das grandes navegações foi descoberta pelo velho mundo. Aquele momento mudaria a história da humanidade de forma significativa, pois, a esperança trazida pela descoberta do novo mundo fez com que os europeus se lançassem ao Oceano Atlântico com todas as forças.
Em um primeiro momento, contornar o continente africano já era um avanço imensurável, uma vez que, permitia um novo trajeto marítimo à Ásia e um novo contato com os povos da África. Entretanto, o mais impressionante seria a descoberta de um novo mundo, a terra além do gigantesco titã, até então intransponível, Oceano.
Não é preciso ser um historiador para perceber que a crença de uma imediata submissão dos povos nativos do novo mundo aos europeu é uma farsa, haja vista o grande esforço necessário para cruzar o Atlântico à época. Ao chegar em qualquer ponto do continente americano, os membros da expedição estariam desgastados ante tamanha façanha, não parece lógico que indivíduos fatigados, em menor número e desconhecendo o terreno, pudessem sobrepujar tão facilmente os nativos, que estavam em condições opostas. A diplomacia seria a opção mais sensata.
A colonização espanhola e a colonização portuguesa tiveram grandes semelhanças, contudo, é nítido que os portugueses, que mantinham relações mais próximas com os africanos, praticaram mais o comércio, posteriormente tráfico, de escravos, desenvolvendo os engenhos enquanto os espanhóis priorizavam o extrativismo. Há, no entanto, um momento que o Brasil vai se diferenciar das colônias espanholas na América Latina, lembrando que, os demais colonizadores tiveram menor influência na região, por isso o foco nos países ibéricos.
Com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, o Rio de Janeiro acaba se tornando a capital de um reino europeu, desenvolvendo-a, não só na infraestrutura, mas no que concerne às relações diplomáticas. O Brasil passou a ter alicerces que o permitiriam uma independência confortável, evitando uma ruptura, de maneira que, poderia surgir uma nação sem uma revolução traumática.
Os movimentos independentistas na América Hispânica não contavam com o mesmo aparato, portanto, era necessário cortar os cordões umbilicais entre colônias e a metrópole, o que poderia gerar uma guerra de independência, como experimentada pelos Estados Unidos da América, e ainda, batalhas entre os próprios libertadores, considerando que, quada grupo poderia ter sua visão de nação. Simón Bolivar e José San Martín lutaram pela independência dos países sul-americanos, entretanto, após sua vitória, tais países se fragmentaram sem, contudo, moldar uma estrutura forte e capaz de desenvolver-se em se comparando aos europeu e os EUA, a nação norte-americana tinha uma construção bem pensada por seu fundadores.
Em tal momento histórico, o destino nebulosos da América Hispânica parecia já ter sido traçado, mas o tempo deu aos povos daqueles países algumas chances de dar uma guinada na direção certa, infelizmente, parece que a maioria não foi aproveitada.
Bem diferente do traumático surgimento das demais nações latino-americanas a independência do Brasil teve toda uma base sólida, engenhosamente pensada por José Bonifácio e protagonizada por Dom Pedro I, permitiu à nossa, recém-emancipada, nação um início de caminhada menos árduo. Ocorreu sim uma guerra de independência, mas nada comparável ao que se dera em outras terras, como os EUA e até mesmo países sul-americanos, por óbvio a Espanha teve que lidar com toda uma onda independentista que tornar-se-ia impossível segurar com o tempo, mas o Brasil tinha o sucessor da monarquia portuguesa como artificie central da independência, sendo um obstáculo diplomático para Portugal promover uma guerra acirrada contra o Brasil.
O Império do Brasil começara prospero e mesmo tendo suas crises, como toda nação tem, apresentava-se como uma grande promessa. A ascensão de Dom Pedro II ao trono aumentavam, ainda mais, as expectativas em relação o futuro, pois, era preparado para a missão e não tinha a reputação de seu pai, logo, era perceptível na figura do Imperador um líder carismático, sério e diplomático.
A Guerra do Paraguai foi vencida à custa de muito sangue brasileiro e, apesar de o sucesso militar, o desgaste do Império se via em um Exército que se sentia menosprezado após o embate, sendo importante lembrar que os voluntários da pátria também esperavam reconhecimento. Mas era a abolição que daria o maior golpe no Império do Brasil, que, rompendo com o sistema escravagista, deixou os senhores de escravos insatisfeitos com o senhor do trono, fazendo com que, o cenário político se voltasse contra a Monarquia.
A Proclamação da República, está sim nos moldes revolucionários, foi um choque para o estável Império, sendo conduzida por um oficial que se sabia ter apreço pela figura do Imperador, o Marechal Deodoro da Fonseca, teve o efeito de lançar o Brasil em uma nova experiência. A República não fez com que o Brasil se subdividisse em vários países, talvez a identidade nacional já tinha se consolidado, mas também não dela que surge a destruição capaz de preparar o terreno para o que temos nos dias atuais.
A ascensão de Getúlio Vargas ao poder mudaria completamente a história do Brasil, experimentamos o gosto do caudilhismo, um veneno sutil que escraviza pela simpatia e dependência. A América Latina precisa ser entendida pela ótica deste sistema, uma vez que, o caudilho tona-se uma figura danosa, ao fazer com que os indivíduos assumam-no como um pai protetor e aceitam seus arroubos autoritários, posto que, seria um preço à ser pago pelos afagos paternos.
Não por acaso, aqueles que abrem mão de sua liberdade por segurança acabam tendo como maior algoz, justamente, a autoridade que confiaram poder para suprimir suas liberdades em nome de proteção. Ao dar mais meios para um líder “fazer o bem”, eufemismo para impor suas vontades sobre outrem, confere-se ao mesmo o poder de esmagar aos que considera como obstáculo de suas vontades, nada melhor para um tirano que ter o “legítimo direito de caçar os que considera inconvenientes”.
O restante da América Latina já tinha caudilhos constituídos, mas é Getúlio Vargas quem consolida a ideia de um ser paterno no Brasil, tanto que foi chamado por seus apoiadores de “pai dos pobres”, o que levou o povo brasileiro a crença de quer é necessário uma figura como salvador da nação. Não decorre apenas da ingenuidade, haja vista que, ao aclamar alguém como salvador, transfere-se ao mesmo toda a responsabilidade de conduzir o destino de um povo, renunciado às liberdades ao passo que se furtam das responsabilidades.
Claro que um grande líder inspira seu povo, o próprio Dom Pedro II é um exemplo disso, bem como alguns dos presidentes que os EUA tiveram em sua trajetória, mas tal inspiração deve ser uma forma de levantar a moral e fazer com que cada um se sinta como parte da nação, deferente do caudilho, que vende a falsa promessa de um ser capaz de expulsar todos os males, uma criatura divina que pode garantir o melhor desde que todos jurem-no servidão. O caudilhismo funda-se na dependência entre o povo e o detentor do poder, que se julga um ser superior e portanto incontestável, cego pelo poder, torna-se arrogante, logo, sujeito à sedução do autoritarismo.
É no período Getúlio Vargas que o povo brasileiro acaba criando o imaginário confortável de que um salvador da pátria deve ter total autoridade e, por isso, é ele o responsável por toda sorte de acontecimentos, glorificando-o a cada vitória e culpando-o a cada infortúnio. Os indivíduos delegam ao caudilho poderes e responsabilidades, entretanto, a história tem provado que usará os primeiros para sequer enfrentar a cobrança.
A Argentina acaba por experimentar o mesmo, uma vez que, o ápice do caudilhismo ocorre quando Perón chega ao poder. Assim como Vargas, o líder argentino tem grande inclinação totalitária e, por mais que se venda como um protetor, o que todo tirano faz, acaba sendo autoritário, alimentando o poder estatal do país vizinho e alimentando a dependência do cidadão em relação ao Estado.
Com o fim da Segunda Grande Guerra e a consequente queda do fascismo, o bloco socialista, encabeçado pela União Soviética passa a ter maior participação na América Latina, não é um início, haja vista que, já existiam movimentos ligados ao Kremlin anteriormente, Olga Benário Prestes era uma agente sob ordens da Internacional Socialista, o que deixa evidente a ligação de seu então esposo Prestes com o governo de Moscou. Há uma clara ação orquestrada para tornar o Brasil um satélite da URSS.
Os avanços das forças socialistas no pós-guerra ocorrem no campo político, mas seguem também para a cultura, envolvendo artistas e lideranças estudantis. No momento em que parecia ter o movimento socialista, seguindo os anseios da União Soviética, assumido o poder, o clamor popular fez com que o Congresso Nacional evocasse as Forças Armadas para assumirem o controle da nação, aquilo que tentam chamar de Golpe Militar de 1964, era, na verdade, uma reação do povo às intenções dos comunistas.
Os mais revolucionários mais radicais acabam assumindo uma postura belicista, o que também não era inédito, contudo, agravaram os ataques por não vislumbrarem uma forma de curvar os militares. Naturalmente a guerrilha fracassou, posto que, diverso do que ocorrera em Cuba, o governo militar brasileiro conseguiu suprimir a intenta dos guerrilheiros.
A solução dos socialistas passou a ser a tomada do poder pela hegemonia cultural, aqueles líderes estudantis poderiam ocupar espaços e estavam dispostos a fazê-lo. Havia direcionamento entre os revolucionários, que agiam sob ordens externas, um planejamento que ressoava e como repetidoras de uma Torre de Marfim, faziam conforme as ordens que recebiam.
Os revolucionários criaram uma base de sustentação acadêmica e tinham meios para sustentar suas ações, entretanto, a queda do Muro de Berlim derrubou sua fonte central de sustentação, fazendo com que os socialistas latino-americanos tivessem que buscar outras formas de se estabilizar no pode. A corrupção, sem dúvida, é uma delas.
Com a queda da União Soviética, aparentemente os seus servos nas Américas ficaram acéfalos, entretanto, a forma como os socialistas permearam o mundo ocidental, valendo-se da falsa premissa social-democrata, que nada mais é que a tomada do poder pela via democrática, dissimulando sua real natureza. A social-democracia, que busca chagar ao poder sem denunciar sua visão socialista, acaba sendo um veneno imperceptível, como pequenas doses de arsênico, matando a nação sem que perceba.
A guerra cultural tem como objetivo quebrar uma sociedade de tal forma que os indivíduos clamarão por quaisquer que sejam as saídas, levando o cidadão a crer que qualquer coisa é melhor em se comparado ao estado atual em que vive. A importância de plantar o caos está, justamente, em fazer com que o povo suplique por qualquer migalha e seja grato por aquilo que o detentor do poder permite que tenha acesso.
Ainda na existência da URSS, os revolucionários já percebiam que a classe trabalhadora no mundo ocidental não era tão desprovida de bens e conseguia, apenas com o resultado de seu labor, obter aquilo que lhe era proveitoso. O cidadão do mundo livre aprendeu que não podia ter tudo e que a realidade era sim dura, mas que tinha como ter o essencial e talvez um pouco de conforto, alguns foram além e conquistaram suas aspirações, pois, eram livres o suficiente para isso.
Por outro lado, debaixo da cortina de ferro, o povo vivia sonhando com tudo, acreditando em tal falsa promessa, até que percebera que nunca teria nada. A miséria natural do socialismo, que enfraquece cada vez mais o indivíduo e o submete ao poder de corruptos e tiranos, acaba sendo revelada quando o cidadão percebe que a mão do Estado socialista o está aprisionando, mantendo agora não o cidadão que acreditava na igualdade, mas o escravo que deve servir a loucura de um grupo de déspotas que fingem buscar um mundo perfeito, notoriamente mentirosos.
Não podendo mais manter sua farsa revolucionária em relação aos trabalhadores, passam a buscar apoio nas classes marginalizadas, criando, para tanto, teorias que sustentem a corrupção moral do homem, assim, todos seriam capazes de negociar seus valores, uma vez que não são valores reais. Assim, deturpando a educação e controlando as fontes de informações, tornou-se possível dissuadir o povo a abandonar seus valores mais caros e se entregar aos anseios revolucionários, seja pela corrupção material ou pela degradação moral. O lumpemproletariado era o caminho.
Dissuadir os marginalizados era algo fácil, posto que, desprovidos de cultura eram suscetíveis aos discursos dos sofistas, bem como, ávidos pelo caminho mais fácil, corrompiam-se facilmente. Era preciso conectar os líderes revolucionários com o submundo, pessoas que poderiam usar para criar o caos. O culto ao banditismo já encontrava repouso no imaginário latino-americano, Lampião, por exemplo, era um criminoso violento porém admirado, os barões da contravenção no Rio de Janeiro eram adorados em seus redutos e tinham status de autoridade em alguns redutos.
Havia um terreno propício para plantar a guerrilha socialista no coração dos marginais, bastava ver quem era a classe mais baixa entre os criminosos. Surge então a possibilidade de encampar o narcotráfico às ideias revolucionárias, criando organizações jamais vistas e que herdaram dos guerrilheiros socialistas toda cultura necessária para criar códigos de conduta, aliciamento, atuação e uma espécie de justificativa moral em suas ações ainda que barbaras.
O narcossocialismo era a junção perfeita para o enriquecimento, a propagação do caos e a destruição da moral, mas era necessário tirar também a fé do povo, haja vista que, sustentados na figura da salvação divina, por saber que existe algo maior que nos criou com um propósito, o homem manter-se-á de pé, pela força da fé. Passaram, os revolucionários, a atacar o cristianismo, por compreenderem que é a base da fé ocidental, promovendo uma implosão das igrejas e, quando possível, ataques diretos.
Usam as chamadas minorias para criar um rebanho de seguidores que são constantemente bombardeados pelo discurso de nós contra eles ao passo que são guiados por cafetões que servem a quem lhes propiciam vantagens no jogo do poder.
Surge então o Foro de São Paulo, que planeja de forma orquestrada a ascensão de seus artífices aos poder, chegando ao seu ápice no início do século, quando líderes da esquerda assumiram o controle de quase todos os países sul-americanos. Mas o avanço de tais forças também expôs a sua existência e tudo ficou claro para o povo em geral.
A exposição do Foro de São Paulo deixou evidente que o grande pensador contemporâneo Olavo de Carvalho não era um louco tentando propagar uma teoria da conspiração, mas alguém que estava sendo empurrado para o ostracismo da mídia por denunciar um mal que se avizinhava e poucos, como ele, tiveram a capacidade de identificar. Tal exposição levou a queda das forças revolucionárias do poder, mas como muitos dos seus já haviam ocupado espaços estratégicos e outros tantos se corrompido, os tentáculos revolucionários já tinham feito metástase.
Como não perderam tudo, a luta para voltar ao poder é algo natural, porém, apresar de faltar muito pouco para o Foro de São Paulo recuperar o controle absoluto da América Latina, sendo o Brasil a questão central para tal retomada, pois, poucos são os países que atualmente não estão sob controle da esquerda, os demais serão facilmente sufocados se o maior país da América Latina se curvar ditames dos déspotas. Para que seja possível recuperar o restante dos países, é essencial que o Brasil se mantenha respirando.
Indubitavelmente, devido ao fracasso da última tentativa, caso o Brasil venha a sucumbir perante as intenções revolucionárias, as medidas de controle serão mais enérgicas. Tanto que não há pudor em anunciar controle de mídia, ainda que aplaudido pela imprensa, entre outras medidas que podem gerar perda de liberdades.
As ações bestiais que são engendradas por aqueles que abraçam as pautas revolucionárias, em especial, de magistrados que colocam sua causa acima da justiça, são prenúncios do mal que emerge das sombras.
De qualquer forma, caso voltem ao poder, é provável que criem uma condição insuportável, forçando o povo a reagir, sendo certo que o caos pode ser uma forma de assumir o poder, mas também de causar um efeito reativo, Diante de uma situação extrema, ao contrário do que pensam os revolucionários, não há como prever a reação de um povo.
O maior risco, e única chance real de um sucesso da revolução, é não haver mais volta, de maneira que, tenha a metástase avançado ao ponto de não ser mais possível curar a doença chamada socialismo. Tal hipótese pode gerar décadas de morticínio e escravidão, bem como, deixar graves sequelas. Não que acredite que Cuba ou Coreia do Norte não possam ter salvação, mas honestamente, nada nos faz crer que ainda neste século há alguma chance.
A ascensão de líderes revolucionários ao poder é deveras preocupante, portanto, deveríamos olhar para o sofrimento de nossos vizinhos e compreender que a única forma de ajudá-los é não nos tornando iguais a eles. Se as intenções do Foro de São Paulo não fossem as piores possíveis, não teria omitido sua existência por tanto tempo.
Sempre haverá esperança, ainda que o muro pareça intransponível a nossa existência é sobrepor obstáculos, é acreditar ainda que tudo pareça perdido.
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. I N.º 17