O ano termina e nasce outra vez
Há mais de dois mil anos nascia um menino que ia mudar o mundo.
Essa história começa há muito tempo atrás, numa época de reis e rainhas. Mas, não se engane, não é um conto de fadas e já existia política por conveniência.
Nos últimos artigos, mencionamos acerca das discussões atuais sobre o valor da vida. Na época desse menino, a vida do outro não valia absolutamente nada. Decretos como “matar” todos os bebês até dois anos de idade eram tratados com banalidade pelos governantes. A vida da população tão pouco era respeitada. Acredite, desde que o mundo é mundo, sempre existiu aqueles que mandam e aqueles que só cumprem ordens.
Mas voltando para falar sobre o menino que mudaria o mundo.
Então, ele era pobre, bem pobre. O pai carpinteiro, sem muitas condições. Perto de nascer o pobre menino, o pai e a mãe precisaram fazer uma longa viagem. O motivo? Coisas do governo. Nada que não estejamos habituados nos dias de hoje. Chegando na cidade, não havia mais hospedarias com vagas. O único lugar cedido foi um estábulo.
O jeito foi acomodar a grávida prestes a dar a luz em meio aos animais. Mas de repente… Começam as contrações, a aflição e as dores de parto. Não tem para onde ir. Então, um choro é ouvido. Uma estrela passa. Pastores que estavam próximo chegam para ver o que está acontecendo. Um anjo falou com eles. Em seguida, três sábios, de muito longe, se aproximam com presentes. Vieram adorar o menino.
Nesse momento, damos uma pausa nessa narração. Um filho de carpinteiro e de uma mulher que ninguém nunca ouviu falar nasce em um estábulo e em seguida aparecem pessoas para o visitar que eles nunca tinham visto antes na vida? É isso mesmo? Sim.
Quando contamos essa história e muitas outras sobre a vida desse menino, depois jovem e homem, é comum causar espanto e certo viés de incredulidade. Mas o que toda essa história tem para nos ensinar? Primeiramente, a preservação da vida vale qualquer esforço. Segundo, não podemos esperar que Estado esteja preservando o dom da vida. Terceiro, os anos passam e o ser humano continua cometendo as mesmas atrocidades para se manter no poder.
“Após o nascimento de Jesus em Belém da Judéia, nos dias do rei Herodes, eis que alguns sábios vindos do Oriente chegaram a Jerusalém. E, indagavam: “Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Pois do Oriente vimos a sua estrela e viemos adorá-lo”. Quando o rei Herodes ouviu isso, ficou perturbado e toda a Jerusalém com ele. Tendo reunido todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo. E eles lhe responderam: “Em Belém da Judéia, pois assim escreveu o profeta. (…) Então Herodes, chamando secretamente os sábios, interrogou-os exatamente acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera. Mandou-os a Belém e disse: “Ide, e perguntai diligentemente pelo menino, e quando o achardes, comunicai-me, para que também eu vá e o adore”. Após terem ouvido o rei, seguiram o seu caminho, e a estrela que tinham visto no Oriente foi adiante deles, até que finalmente parou sobre o lugar onde estava o menino. E vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo. Ao entrarem no local, encontraram o menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se o adoraram. Então abriram seus tesouros e lhe ofertaram presentes: ouro, incenso e mirra. E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, retornaram para a sua terra, por outro caminho.” Mt 2, 1-5, 7-12).
Esse menino seria chamado de Jesus, o Cristo. A mensagem de Jesus sempre foi revolucionária, já falamos disto antes. Jesus sempre foi uma figura ousada para qualquer época da história da humanidade. Enquanto, bebê foi perseguido e procurado para ser morto.
Repare que um homem poderoso se viu ameaçado por um recém-nascido. Talvez, alguns governantes do nosso tempo também se sintam ameaçados por bebês quando pensam em liberar o aborto. Não há explicação lógica para tal crime. E incrivelmente, os anos passam, porém, ainda usam morte de bebês para manobras políticas. Então, não espere que o governo esteja fazendo alguma coisa pensando no seu bem estar, da sua família ou dos seus filhos. A intenção é se manter no poder custe o que custar.
Continuando nossa história. Então, os pais do menino fugiram com ele para o Egito, o salvando da morte e Ele cresceu em graça e sabedoria. Chegando na vida adulta foi seguido por uma multidão e novamente foi perseguido pelos “poderosos”. Resumindo, incomodou bastante por falar a verdade, foi traído por um dos seus amigos, passou pelo calvário, morte de Cruz e ressuscitou no terceiro dia.
É justamente esse menino que os cristãos comemoram seu nascimento todo ano no dia 25 de dezembro, que transformou a vida daqueles que o seguiram de tal modo que sua mensagem chegou aos quatro cantos do globo mesmo depois de mais de dois mil anos e permanece viva. Esse pobre menino era tão revolucionário que mudou não só um povoado, mas o modo de viver do ser humano, dividiu o calendário ocidental em AC (antes de Cristo) e DC (depois de Cristo).
“Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois Eu vim para ser motivo de discórdia entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim os inimigos do homem serão os da sua própria família.” (MT 10, 34-36).
Contudo, trouxe também a espada e a divisão. Mesmo com uma mensagem de amor e justiça, incomoda até hoje e ainda é motivo de intolerância em muitas regiões. Em alguns lugares, ser cristão é crime e passível de pena de morte. Em outros lugares, é motivo de guerra, disputa de “locais” santos e ainda se mata crianças por motivações políticas revestidas de guerra santa.
Em suma, mais uma vez questionamos, qual o valor da vida? Todo ano escutamos em algum lugar a famosa música da Simone, que nos questiona sobre o que fizemos em um ano. Fizemos o bem? Mas independente disso, o ano finaliza para todos. A vida é cíclica. O ser humano precisa de tempo para plantar e tempo para colher. Mas colhemos o que plantamos. Então, plante em 2024 com sabedoria.
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 37 – ISSN 2764-3867