Jesus Cristo

Jesus Cristo

O Revolucionário

O termo revolucionário se caracteriza por aspectos como inovação, originalidade, ousadia e a possibilidade de renovar os padrões já estabelecidos. Hoje, após tantos altos e baixos na história da sociedade moderna, é um termo muitas vezes associado aos movimentos de esquerda que acreditam ser a força motriz do mundo.

Mas a revolução vai além de ideais políticos; é uma filosofia de vida, um desejo de transformação pessoal e social. Em outro artigo, foi mencionado como religião e política andam de mãos dadas, pois é impossível separar o cidadão do fiel. Mesmo os mais “isentos” têm suas vidas pessoais influenciadas por suas escolhas ou omissões políticas.

Acreditar que Jesus tinha uma mensagem revolucionária é real; sua mensagem contrariava as autoridades da época, tanto politicamente quanto religiosamente. Seguir o cristianismo é um desafio para pessoas ousadas, já que Jesus introduziu novos paradigmas e perspectivas em uma sociedade que seguia rigidamente palavras literais.

Entretanto, os problemas surgem quando a mensagem revolucionária é deturpada em mensagem de revolução. Alguns grupos conveniências e atribuem a Jesus viés políticos. Mas Jesus tinha preocupação com questões terrenas ou sua missão era comprometer-se com o Reino dos Céus? O Evangelho de Mateus (Mt 25, 35-40) mostra Jesus preocupado com o coração humano acima de questões políticas:

Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;

Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver.

Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?

E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?

E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?

E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.”

Para alguns, pode parecer uma preocupação com necessidades terrenas, e de fato é. Mas ver a mensagem apenas pela perspectiva humana é limitar o significado da missão de Cristo, esquecendo que Ele afirmou que o “Reino Dele não é deste mundo” (João 18, 36).

É claro que Jesus refutava a injustiça e o desfavorecimento de alguns grupos em uma sociedade corrupta já naquela época. Porém, esse questionamento não é mérito exclusivo de um determinado grupo político; qualquer cidadão com valores morais e éticos deveria se indignar com a marginalidade que certas pessoas vivem na sociedade. A manipulação política não é mérito apenas dos dias atuais e menos ainda dos políticos brasileiros.

De acordo com o relato bíblico, quando Jesus nasceu, alguns sábios do Oriente chegaram a Jerusalém perguntando onde estava o “Rei dos judeus que acaba de nascer” (Mateus 2, 2). Esta notícia alarmou Herodes, conhecido como o Grande, pois ele temia perder seu poder para um novo pretendente ao trono. Então, ele consultou os principais sacerdotes e escribas para descobrir onde o Messias deveria nascer. Não conseguindo encontrar a criança recém-nascida para eliminá-la, enfurecido e temendo uma ameaça ao seu reinado, Herodes ordenou a execução de todos os meninos de dois anos para baixo em Belém e em seus arredores (Mateus 2, 16).

Herodes, o Grande, foi um rei que governou a Judeia com mão de ferro durante o período do Império Romano. Embora tenha sido reconhecido por suas habilidades como governante e construtor, sua história é manchada pela corrupção e crueldade. Para manter-se no poder e garantir o favor dos romanos, Herodes explorou seus súditos, confiscando terras e extorquindo impostos exorbitantes. Ele acumulou imensas riquezas pessoais à custa do povo que governava, oprimindo os menos afortunados para enriquecer ainda mais sua própria dinastia. Além disso, Herodes não hesitou em eliminar qualquer ameaça percebida à sua posição, executando até mesmo, membros de sua própria família e crianças. Sua natureza corrupta e implacável gerou um reinado de temor e opressão, tornando-o um dos líderes mais temidos e desaprovados de sua época.

Anos depois, seu filho Antipas não tardaria em ser reconhecido na Bíblia por seus atos pouco ortodoxos. Herodes Antipas é mais conhecido por sua conexão com as mortes narradas na Bíblia de João Batista e Jesus Cristo. Ele casou-se com Herodias, que era esposa de seu meio-irmão, Filipe. Essa união desrespeitava as leis religiosas e morais da época, o que resultou em fortes críticas, inclusive por parte de João Batista. Com as várias críticas de João Batista à união, como: “Não te é lícito possuir a mulher de seu irmão” (Marcos 6, 19). Não demorou para que Herodias, após alguma manipulação, conseguisse de presente a cabeça de João Batista em uma bandeja.

A corrupção de Herodes Antipas também é demonstrada na maneira como ele governava. Ele buscava seu próprio interesse e riqueza, impondo impostos opressivos à população para financiar suas extravagâncias e favorecer-se junto aos romanos. Além disso, quando Jesus foi levado a julgamento por Pôncio Pilatos, foi encaminhado a Antipas, que estava em Jerusalém naquele momento. Herodes Antipas, interessado apenas em um espetáculo e não na verdadeira justiça, fez pouco caso das acusações contra Jesus e o ridicularizou, mandando-o de volta a Pilatos.

Hoje, infelizmente, pouco evoluiu e os erros apresentados na época de Jesus ainda parecem nos rondar. O ser humano passou, desde então, por dois mil anos, mas continuamos perpetuando os mesmos erros do passado. Esquecemos a mensagem de Cristo, floreamos com ícones pouco importantes e ignoramos o verdadeiro propósito que Jesus nos ensinou: alcançar o Reino dos Céus. “Pois que lucro terá uma pessoa se ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua alma?” (Mt 16, 26).

Ao analisar a história de Jesus, é essencial compreender sua mensagem além da política e focar no verdadeiro propósito: alcançar o Reino dos Céus, onde o coração e a alma são transformados. Somente assim poderemos avançar como sociedade e encontrar um caminho verdadeiramente revolucionário para um mundo melhor.

Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. II N.º 32

Sobre o autor

Juliette Oliveira

Teóloga, filósofa e engenheira

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BIOGRAFIA

Leandro Costa

Servidor público, advogado impedido, professor de Direito, Diretor Acadêmico do projeto Direito nas Escolas e editor-chefe da Revista Conhecimento & Cidadania.

Defensor de uma sociedade rica em valores, acredito que o Brasil despertou e luta para sair da lama vermelha que tentou nos engolir. Sob às bênçãos de Deus defenderemos nossa pátria, família e liberdade, tendo como arma a verdade.

É preciso fazer a nossa parte como cidadãos, lutar incessantemente por nosso povo e deixar um legado para as futuras gerações. A política deve ser um meio do cidadão conduzir a nação, jamais uma forma de submissão a tiranos.

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