A palavra camarada é utilizada para designar um companheiro, um aliado ou correligionário, o termo quer dizer colega de câmara, para alguns uma derivação de colega de cômodo ou alojamento, tratando assim, de forma amistosa, aquele que tem objetivos em comum e que, em regra, luta pela mesma causa. O termo é utilizado por socialistas, ou comunistas, como tratamento aos seus pares ideológicos, criando a imagem de fraternidade entre os adeptos de tais ideais, o que é parcialmente falso.
O objetivo de tal tratamento é fingir que todos são iguais em uma sociedade socialista, o que sabemos é uma clara mentira, capturando a lealdade dos mais incautos diante da falsa promessa de uma assimilação em uma espécie de grande família. O socialismo é uma espécie de seita pregando a utopia do paraíso na terra, o qual chama de comunismo.
Ressignificando as palavras para pôr em prática seus jogos políticos, os socialistas são especialistas na confusão e, consequentemente, corrupção da linguagem, de tal maneira que podem usar tais artifícios para criar armadilhas aos que assumem a comunicação conforme seu, propositalmente, distorcido vernáculo. Quando alguém define uma mulher como mulher “cisgênero”, está admitindo, ainda que indiretamente, que a identificação com a verdade é relevante, portanto, acreditando que mulheres transgênero são de fato mulheres, por analogia, imagina-se que alguém que use a expressão “homem humano”, está assimilando que possam existir homens não humanos.
No doentio estado atual das coisas, é preciso explicar o óbvio, e, infelizmente, será necessário uma pausa para explicar que a simples negação da existência de mulheres trans, não pode configurar crime de transfobia, em que pese tal crime sequer deveria existir no ordenamento jurídico brasileiro, posto que, trata-se de uma criação ao arrepio da Lei Maior. Assumindo que transfobia seja uma infração penal, mesmo que gestada por um poder que não poderia fazê-lo, em uma casa que tem como principal função impedir que tal aberração ocorra, faz-se necessário afastar a hipótese diante da simples negação da existência de pessoas que podem se identificar como algo de forma a sobrepor sua vontade à realidade.
É inadmissível utilizar-se de um comando legal para que, em nome do combate ao racismo, as pessoas sejam obrigadas a afirmar que todos os seres humanos possuem a mesma cor de pele, de maneira que seriamos todos iguais. Notadamente, chamar alguém de negro não poderia ser considerado racismo, pois é mera constatação, de igual forma, negar o tratamento conforme a vontade, por força da verdade, ou exprimir a constatação que mulheres são mulheres e homens são homens, independente de sua vontade, decorre da constatação, não sendo uma agressão àquele que se identifica como algo que não é.
Voltando ao nosso fantasma, é preciso constatar que um indivíduo comunista ou socialista, no caso das pessoas as duas palavras são praticamente sinônimos, não precisam viver em uma sociedade comunista ou socialista, caso em que os termos se diferem. Tais figuras são devotos da ideologia e não necessariamente conseguem vivenciá-la, seja por não poderem se impor ou por sua fraca disposição.
Quando se afirma que, em se tratando dos indivíduos, comunista e socialista são praticamente sinônimos, é importante compreender que um socialista comum acredita que o sistema é meio para se chegar ao comunismo, logo, pode-se dizer que todo comunista é socialista, pois vê no socialismo como o processo pelo qual chegar-se-á ao ideal utópica, ignorando ser inatingível, do comunismo. Por outro lado, não se pode afirmar que todo socialista seja um comunista, uma vez que, os líderes revolucionários, salvo algumas exceções, sabem que a promessa não se realizará e que o processo perdurará, mantendo-os assim no poder.
Enquanto as massas, comunista, acredita que o período autoritário tem como finalidade destruir opressores e a libertar para uma sociedade livre de desigualdade, na qual a grande família divide de forma igual os abundantes bens que produz com prazer, pois a todos tudo pertence, os líderes revolucionários, socialista não comunistas, apoiam-se em falsas promessas e no uso do autoritarismo para perpetuarem-se no poder, deixando claro que são muito piores em se comparando aos que outrora eram considerados opressores.
O inatingível comunismo é a mentira que seduz os tolos para que se atirem às presas do socialismo.
Ao constatarmos que o socialismo busca ascender ao poder e, chegando lá, recusará deixá-lo em nome de uma transloucada busca por uma utopia de igualdade, ainda que tal busca se resuma a um espetáculo cênico para manter os iludidos em transe, percebemos que o fantasma do comunismo é a entidade que alimenta a mentira dos líderes revolucionários e a fé doentia de seus seguidores.
Sim, o comunismo é um fantasma, mas não por ser uma criação fantasiosa de quem busca impedir os revolucionários em sua escalada pelo poder, mas uma criação dos próprios senhores da revolução para que seu rebanho siga-os em direção ao abate. O espectro alimenta a fé de hordas bestializadas que clamam por mais açoites e negam servirem aos piores déspotas, assumindo o vernáculo de seus mestres mesmo quando nitidamente contraditório.
A figura amedrontadora, não por sua aparência mas por sua história, que deixou um rastro inigualável de sangue por onde passara, causa um sentimento de repulsa e insegurança. Conhecido por condenar suas vítimas a toda forma de degradação, matando em campos de concentração ou mesmo de fome, a praga que se se finge inofensiva assume a forma que lhe convir para seduzir suas presas.
O comunismo, conhecidamente nefasto, por vezes precisa negar sua própria existência para corroer a sociedade, atribuindo sua natureza à imaginação daqueles que o denunciam. Os adeptos da seita, seguindo orientações de seus mestres, buscam incutir em mentes alheias aos acontecimentos que a escalada do comunismo ao poder, nada mais é que teorias da conspiração e que o fantasma do comunismo, nada é além de uma lenda.
Ignorar a intenta dos socialistas é a maneira mais simples de permitir-lhes a ascensão ao poder, deixando-os correr todas as estruturas da sociedade até que sejam tão fortes a ponto de se revelarem, mas só o farão quando acreditarem que não podem ser parados. Os que se assumem socialistas estão convictos que seu poder não encontra obstáculo capaz de impedir sua manutenção no topo, por outro lado, os menos presunçosos assumem uma postura de negação, fingindo que não há um plano de poder revolucionário em curso.
Quando um líder se assume como comunista, acredite, ele se considera inalcançável, todavia, se outros tentam negar que há um processo de tomada de poder em curso por comunistas, mesmo falseando as alegações com ar de jocosidade, tenha em mente que estes ainda esperam o momento oportuna para dar o bote, são ardilosos o suficiente para manter sua mentira até que, em sua visão de mundo, tenham convicção de que a vítima, a sociedade, não tem mais forças para reagir.
Negar a intenta comunista, criando um factoide é a ação de tiranos ainda mais sem escrúpulos que os que se assumem como mal.
O Fantasma Camarada é real e a fé de seus seguidores é doentia, pois tenta corroer a civilização ao passo que nega sua própria existência, pois sendo uma crença relativista, admite a dissimulação como meio de atingir seus objetivos. Igualmente, não há como negar que há socialismo quando há adeptos de tal ideologia, haja vista que, como processo em busca de um fim, sempre que possível, seus adoradores o colocarão em prática.
“O truque mais esperto do Diabo é convencer-nos de que ele não existe”.
Charles Baudelaire, Le Joueur Généreux, 1864.
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 37 – ISSN 2764-3867
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