Desfecho de um debate
O valor da vida é uma questão profundamente subjetiva e multifacetada. Para muitos, a vida adquire significado através de experiências significativas, relacionamentos, conquistas pessoais e contribuições para o bem-estar da sociedade. Cada pessoa atribui um valor único à sua própria existência, influenciado por fatores culturais, éticos, religiosos e individuais.
A vida também pode ser vista como uma oportunidade para aprender, crescer e fazer escolhas que moldam nosso destino. A consciência da finitude da existência muitas vezes intensifica a apreciação pela vida e incentiva a busca de propósitos significativos.
Além disso, o valor da vida é frequentemente associado à capacidade de experimentar a alegria, o amor, a empatia e a conexão com os outros. A preservação da vida é um impulso fundamental em muitas culturas e sistemas éticos, refletindo a importância dada à preservação do bem-estar humano.
Contudo, vale ressaltar que o valor da vida pode variar consideravelmente entre diferentes indivíduos e contextos. Algumas filosofias existenciais podem questionar ou desafiar ideias convencionais sobre o valor intrínseco da vida, destacando a importância de criar significado pessoal em um universo aparentemente indiferente. Dentro deste contexto, surgem questões como “o que é a vida?”, “quando a vida começa?”, “quando a vida termina?” e “como a vida termina?”.
Nos artigos anteriores abordamos sobre a importância de defender a vida desde o ventre materno e que alguns grupos levantam essa discussão como se fosse em defesa da vida da mulher quando na verdade confundem liberdade com libertinagem.
Recentemente, nos deparamos com o caso da menina Indi Gregory, de apenas oito meses. Essa situação destaca a complexidade ética em torno do valor da vida, confrontando decisões médicas e jurídicas. Os pais buscavam transferir a filha para a Itália, após a intervenção de emergência de Roma, em busca de tratamento alternativo no hospital pediátrico Bambino Gesù, propriedade do Vaticano. Enquanto, os médicos britânicos optaram pela interrupção do suporte de vida por aparelhos, pois consideravam inútil e doloroso. Desse modo, a intervenção da Justiça britânica, levanta questões sobre quem determina o valor da vida e até que ponto as decisões médicas podem ultrapassar a autonomia que os pais possuem pela saúde e bem-estar de seus filhos. Este caso reflete dilemas delicados relacionados à autonomia dos pais, os limites da intervenção estatal e as diferentes percepções sobre o valor da vida em contextos médicos e culturais diversos.
Esse acontecimento, assim como outros temas abordados anteriormente, nos mostra que quando permitimos que o Estado tenha controle sob nossas vidas, perdemos o nosso poder de decisão e autorizamos que terceiros influenciam e interfiram em questões tão pessoais. Acreditar que fé e política sejam assuntos antagônicos é uma “mentira mil vezes contadas para nos convencer”. Precisamos tomar posse de nossas vidas e lutar verdadeiramente para que vivamos nossa vida livremente, sem correntes e sem amordaças do Estado.
Deus nos criou para exercermos nosso livre-arbítrio, mesmo que dentro dessa liberdade possamos o negar. Ele nos deu a vida e nos permitiu sermos livres. Livres para escolhermos que caminhos devemos seguir. Livres para preservamos a vida. Infelizmente, alguns seres humanos usufruem mal dessa liberdade que nos foi concedida. A liberdade deve caminhar juntamente com a responsabilidade: sem autoritarismos, sem violências e sem imposições.
Enquanto, não entendemos o verdadeiro valor da vida, enquanto não entendermos que a vida é um Dom dado a nós por Deus… será impossível compreender que o limite da minha liberdade de vida acaba quando o limite da liberdade de vida do meu semelhante começa. Enquanto, a humanidade não aprender o verdadeiro valor da vida, situações como os ataques na Faixa de Gaza continuaram acontecendo.
As ações em conflitos como esse levantam questões éticas e humanitárias, já que a violência afeta civis inocentes, causando perdas de vidas e impactando comunidades. O debate sobre a justificativa dessas ações muitas vezes gira em torno de perspectivas políticas, históricas e culturais, destacando a dificuldade em conciliar diferentes visões sobre o valor da vida em contextos de conflito armado. Mas, na verdade, a única razão para atos tão cruéis é a ausência de bondade que está cada dia mais evidente no ser humano.
O valor da vida é um conceito complexo e individual, moldado por uma interação complexa de influências culturais, sociais e pessoais. Cada pessoa é livre para atribuir significado à sua própria existência, e essa busca por significado muitas vezes guia as escolhas e ações ao longo da jornada da vida.
Termino essa seção fazendo uma provocação… Muitas vezes não abortamos bebês em nossos ventres, não promovemos eutanásias em doentes hospitalizados e nem fazemos promoção de ataques terroristas.
Mas, quantas vezes nos matamos aos poucos quando nos entregamos a depressão, ou quantas vezes matamos quem está a nossa volta com nossa falta de caridade…
Não, o desfecho desse texto não é amenizar atos tão atroz que estamos vivenciando. É um chamado para tomarmos posse da nossa vida nos mínimos detalhes e não permitimos que o desencardido nos dilacere na alma. Muitas vezes, ficamos indignados com a falta de humanidade que encontramos nas manchetes. Porém, o que estamos fazendo para contribuir para um mundo mais evoluído? Será que estamos aceitando que chegamos ao fim do mundo e estamos nos colocando como meros telespectadores ou somos atores da nossa vida e estamos realmente fazendo a diferença aqui na Terra?
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. II N.º 36