Nesse momento histórico temos vivido um fenômeno muito pontual; claro que todo fenômeno é resultado de uma ação, seja ela física ou não.
Há um clamor muito incisivo pelas liberdades individuais que de todas as formas, as pessoas veem escapar por entre os dedos, e por mais que se tente fechar as mãos parece que já não há forças suficientes para segurar o pouco que resta desse elemento humano tão precioso.
Eu poderia nessas linhas tratar do tema da liberdade de expressão de várias maneiras, mas escolhi explorar o ângulo filosófico do tema.
Para nossa sociedade é possível que se perca a liberdade por meios variados, entre eles os mecanismos do judiciário, mas, na verdade, e em verdade a liberdade é um poder próprio do ser humano e ela exige de nós um caráter altivo e forte.
Na perseguição organizada contra os cristãos, no passado, vimos este caráter sendo posto à prova e por inúmeras vezes levado às últimas consequências.
“Querias ser livre. Para essa liberdade só há um caminho: O desprezo das coisas que não dependem de nós.
Nestas palavras escritas pelo filósofo grego, Epíteto, há muito sobre o que pretendo trazer neste texto.
A liberdade é uma virtude e nela está a oportunidade de mostrar o quanto é valioso o momento de nos fazermos dignos dela, pois não somos nós que dependemos da Liberdade, mas é a liberdade que depende de nós para se manifestar neste mundo.
Se alguém de alguma maneira nos ameaça tirar a nossa liberdade é importante saber que isto é impossível, ou seja, que estejamos sem a liberdade. Há um valor inominável para os que têm sobre seus ombros essa virtude tão poderosa, e que não pode ser confundida com concessões ou direitos, que nos são outorgados, a liberdade nos é própria.
Para enriquecer o tema quero lembrar que a liberdade não atinge apenas o nosso aspecto físico mas também o espiritual pois se temos uma meta física, ela não será completa se não for regada pelo aspecto espiritual.
Aí está a resposta para uma pergunta muito antiga: o que levava aqueles homens e mulheres portadores do cristianismo ao coliseu e há tantos outros castigos com tanta altivez e dignidade?
Era exatamente a liberdade que lhes dava ingerência nos campos que deles dependiam uma ação.
Talvez alguém diga: “Mas sem liberdade eu não poderia sair de um lugar para outro sem liberdade eu não poderia expressar minhas opiniões”…
Na verdade ninguém poderia nos tirar a liberdade para qualquer meio; apenas nos exigiriam o preço para tal, ou seja, você não teria mais o direito de falar, caso fale alguma coisa perderá o direito de andar livremente pela sociedade, ou seja, seria preso, mas a pergunta que não quer calar é mesmo preso não exerceria sua liberdade de falar?
Talvez se alguém imputasse um castigo que lhe impedisse de se expressar através da fala a liberdade buscaria o caminho do pensamento, buscaria o caminho da reflexão, o caminho da imaginação, e ela sempre existiria seja no campo material ou no campo sutil e enquanto houver alguém que possa expressar em qualquer dos seus Campos a liberdade, ela estará de pé.
Tenho refletido sobre os clamores de nossa sociedade em querer mais liberdade de expressão, mas porque não preservamos que já havíamos conquistado?
Na verdade, não se experimentava a liberdade e sim os direitos e concessões que o estado nos ofertaram.
Um homem livre é simplesmente imparável, pois a liberdade é um poder mental e os que dela não fazem uso tornam-se débeis, fracos, sem vigor, e nesses caules a liberdade não estende seus ramos.
O que pretendo colocar é a liberdade no sentido filosófico, e ela não foi feita apenas para expressar opiniões, por exemplo, mas para expressar o que de fato fomos chamados a fazer.
Isto não é outra coisa se não as ações de próprio Deus.
Sabemos que no passado milhares ou talvez milhões de pessoas pagaram um alto preço para continuarem expressando aquilo que lhes era mais caro; seu aspecto divino.
Penso ter deixado claro que a liberdade para ser manifestada exigirá de nós seu lugar, muitas vezes ocupado pelos direitos e concessões do estado.
Vemos isto nos dias atuais que para fazerem uso dos direitos que o estado nos dá temos que negociar muitas vezes uma parcela de nossa honra, dignidade e consequentemente nossa liberdade.
Nesse caso, já não somos livres.
Porém se pagarmos o preço, Deus se manifestará, e sendo assim teremos dado mais um passo seguro em direção a vitória.
Lembro que trago aqui o conceito filosófico de liberdade como virtude, e são as virtudes que nos tornam humanos.
Sendo a liberdade um poder mental, se te fizerem acreditar que podem tirá-la de você, assim será.
Com tudo, se estiver enraizado em você o real valor da liberdade será impossível que a tirem de você, pois sem liberdade não há também honra, valor, dignidade, entre outras virtudes.
Em síntese, parafraseando o estoico, Epíteto, “aprenda o significado do que você diz, e depois diga” ou seja, temos que aprender o real significado daquilo pelo qual lutamos, caso contrário empregaremos nossa energia em um alvo vazio, e voltaremos cansados a estaca zero.
Lembremos que foi assim que perdemos alguns dos poucos direitos que tínhamos, não sabendo o real valor e significado.
Devemos lutar pelos nossos direitos como homens e mulheres livres e não como escravos que querem as migalhas da concessão, se não for assim apenas alcançaremos a chamada satisfação do prazer imediato que traz alegria pela ausência da dor e não por ela mesma.
Negociamos nossa liberdade por direitos e concessões e ao vê-los escapar por nossas mãos pretendemos recuperá-los para de novo os colocar no lugar da Liberdade?
Que esta militância não seja por migalhas, e sim pelo que de fato nos levará a sociedade que nos é ideal.
Uma sociedade de homens e mulheres realmente livres.
Portanto, aprendamos primeiro sobre o que é a liberdade, caso contrário receberemos gato por lebre.
Que Deus abençoe nossa jornada!
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 42
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