Por vezes nos perguntamos o que seria capaz de convencer alguém a se autodestruir, pois, assumimos a premissa, inevitável, que a autopreservação é instintiva e jamais um indivíduo, ou grupo, seguiria por uma trilha que o conduzisse à destruição. Nos admiramos, no pior aspecto da palavra, com a capacidade que determinadas pessoas possuem de se voluntariarem para que sirvam de coveiros de suas próprias tumbas.
Tal pergunta se torna ainda mais aterradora quando percebemos que a história da humanidade nos aponta determinados experimentos sociais fracassados, ou ainda pior, destrutivos, já ocorreram. Deveríamos ter anticorpos para negar poder aos tiranos, posto que, no passado não tão distante, mesmo no presente, observamos que a ascensão de líderes totalitários são, nada mais que, o prenúncio de tragédias nefastas.
Não pretendemos trazer a solução do problema, mas compreender a natureza autodestrutiva de grande parte dos indivíduos, de tal forma que, como uma imunização natural, possamos nos precaver diante da corrosão de nossa sociedade. A maioria das vezes, o grande desafio reside em identificar a causa do mal, não apenas combater sua consequência.
Se a autopreservação, no sentido de sobreviver frente aos percalços que a vida nos impõe, é natural ao ser humano, não seria razoável que indivíduos ou grupos assumissem a defesa de teses, ou teorias, que os levaram à ruína. Portanto, é importante conceber que grande parte dos adeptos das ideologias totalitárias, o são por ignorarem a real natureza maligna daquilo que os reduzirá à cinza.
Estamos assistindo um movimento de autodestruição inconsciente que age de forma sutil, devorando seu hospedeiro sem ser percebido, de maneira que, ao consumi-lo torna-se enraizado, sua metástase ocorrerá somente quando o parasita estiver forte o suficiente para tomar o controle do hospedeiro, todavia, ao ser percebido, se isso ocorrer, será tarde demais para extirpar o invasor.
A morte sutil avançará até que tudo seja consumido, tomando forma de maneira tão gradual que não será possível identificá-la até que sua real face esteja exposta, lembrando que, a visão do mal pode ser ignorada dependendo do quão o indivíduo está sujeito ao controle. Ao despertar de forma isolado, aquele que percebeu a manifestação do mal, tornar-se-á um óbice à intenta dos tiranos, sendo alvo de sua fúria e de seus cegos servos, que despertarão em outra oportunidade, sucedendo aquele que outrora ajudaram a destruir como aqueles que devem ser expurgados.
Parte dos servidores dos tiranos ainda pode se livrar das amarras que lhes são impostas, mas precisariam reconhecer que estavam a serviço de déspotas e se oporem aos seu antigos líderes, bem como, assumir seus erros por, em nome da adulação ou ignorância, terem açoitado os que lhes precederam no despertar. Por outro lado, há um considerável número de indivíduos que já estão consumidos pela doença e servirão até o fim o pior tipo de tirano, os líderes revolucionários, uma vez que, não conseguem se livrar daquilo que os consumira.
Isso nos leva a uma simples constatação, que as pessoas são envenenadas gradualmente, sem que percebam o mal que lhes consome aos poucos, como uma espécie de câncer que não dá sinais de seu avanço até que seja tarde demais.
A natureza pode explicar como um ser pode se deixar destruir sem que perceba o que está ocorrendo, o fungo Ophiocordyceps, mais conhecido como Cordyceps, é um ser de natureza curiosa, que infecta os insetos e outros animais, que com ele tenham contato, contaminando o sistema nervoso do hospedeiro e transformando-o em uma espécie de “zumbi”. No processo, o fungo consegue, de certa forma, controlar as funções motoras de sua vítima enquanto consome sua vida. O fungo pode levar o hospedeiro a uma última escalada, para que seus esporos sejam espalhados do alto, atingindo os infortunados que passem pelo local afetado, ou mesmo, que a vítima o transporte até sua colônia, afetando os que coabitam com seu hospedeiro, assim, o fungo contamina todos o com o infectado, fazendo mais vítimas.
O hospedeiro do cordyceps não o faz com o intuito de propagar a infecção aos seus pares, pois, não tem consciência da infecção ou suas reações motoras são controladas pelo parasita, de forma que, uma formiga que leve o citado fungo ao formigueiro não está, deliberadamente, agindo para destruir os seus, haja vista que, lhe falta a compreensão ou o controle do que está, de fato, ocorrendo.
No caso do fungo, a formiga, infectada, incumbida de levar o patógeno ao seio de sua sociedade, não tem consciência do mal que carrega, assim como muitos que tiveram participação na escalada de déspotas ao poder, como todo aquele que direita ou indiretamente colaborou com as revoluções que acabaram por promover o totalitarismo e a tirania. Ao percebermos que muitos acabam por adular o pior tipo de ser, ou mesmo, apaixonam-se por ideais pútridos, por vezes, compreendemos que tais indivíduos sãos maus, entretanto, deixamos de observar o quão contaminados pela mentira essas almas foram.
A contaminação pode espalhar-se por todo o formigueiro, justamente, pela condição do agente que a propaga, posto que, ao adentrar a colônia, com a aparência de um de seus membros, não será rechaçada como um intruso, logo, poderá espalhar o fungo, contaminando seus pares sem que seja percebido. Quando as demais formigas perceberem a infecção será tarde demais para evitá-la.
Ainda assim, achamos estranho que seres racionais assumam postura tão similar quanto os pequenos insetos que são alvo do fungo. Tratando-se, em uma análise superficial, de uma compreensão deturpada por estarmos diante de uma comparação entre homens e formigas. Diferente dos insetos, o homem pode ser contaminado por “fungos” não materiais, ou seja, ser envenenado por aquilo que acredita, ainda que esteja no campo do abstrato.
Nutrindo o desejo de fazer parte de um grupo, replicando narrativas que lhes foram apresentadas como verdades, se corrompendo em troca de migalhas, ou mesmo, acreditando ser parte de um clã que detêm o poder, alguns indivíduos assumem o papel de defesa dos ideais revolucionários, sem compreender que a revolução é, necessariamente, falha, bem como, ignorando que serão descartados tão logo percam a utilidade na visão de seus líderes. O termo idiotas úteis denota exatamente que aqueles que se julgam espertos e adaptáveis demais para sucumbir ao mal, serão por ele desprezados quando sua serventia se exaurir. A formiga e leva o fungo ao formigueiro, inevitavelmente, será consumida pelo parasita.
No caso dos seres humanos, é indispensável que o parasita seja imperceptível, contaminando de forma indetectável toda a sociedade e corroendo-a lentamente. Tal operação resulta na degeneração da social de forma gradual, permeando d forma coesa, porém suave, todos os membros do grupo que se pretende destruir.
Caso algum indivíduo perceba a manifestação do mal em suas pequenas nuances, será necessário destruí-lo ou desacreditá-lo, mantendo os demais cegos em relação ao parasita que os espreita, ao menos, até o momento da emboscada, situação que se dará quando os líderes revolucionários se considerarem fortes o suficiente para, tirando o véu da mentira adocicada, puderem expor suas verdadeiras faces, apresentando-se como as criaturas abjetas que são.
As chamadas pautas minoritárias são um grande exemplo de fungo zumbi, tendo em vista que, ao ser assimilado por um grupo identitário, o indivíduo, na maior parte das vezes movido pelo sentimento de pertencimento, acaba por assumir os valores do grupo como sendo seus, de tal forma que, mesmo em casos de flagrantes conflitos entre aquilo que prega e as diretrizes da liderança revolucionária, há uma nítida tendência do ser infectado em renunciar seus valores em prol do “bem maior”, que é a revolução. Não por acaso, grande parte das feministas se calam em relação aos abusos das pautas LGBT, quando estas se contrapõe aos interessas do feminismo.
Quando grupos identitários se chocam, percebemos uma nítida tendência dos líderes de uma das minorias se calando ou buscando mudar de foco, desta feita, não é raro que feministas emudeçam diante da pauta trans que busca inserir “mulheres” trans no esporte feminino, ou mesmo, vozes de movimentos raciais desaparecendo quando negros são agentes da lei vítimas de criminosos. Tal omissão não é uma obra do acaso, sendo resultado da ligação entre os líderes das minorias e seus senhores, a elite revolucionária, bastando observar que, as declarações que poderiam incendiar uma determinada minoria são atenuadas por seus próprios curadores quando se originam de alguém que é artífice da elite revolucionária.
Os indivíduos que juraram vassalagem aos senhores da revolução, em regra, o fazem com o propósito de se beneficiarem de tal servidão, entretanto, muitos são os que servem à elite revolucionária sem ter a real noção de sua missão, posto que, recebem comandos fragmentados, sendo conduzidos para o abate sem saber o que realmente os cerca. A maior parte do povo alemão ou russo, no início do século passado, não tinha a compreensão do mal que adotavam como norte político de suas nações, o socialismo não se apresenta como uma ideologia totalitária que priva liberdades e massacra ideias dissonantes até que tenha controle o suficiente para impor, através de um misto de força bruta e construção de narrativas, sua vontade.
Em sua maioria, os seguidores das ideologias totalitárias acreditam ser uma espécie de promotores de uma boa nova, ignorando que o avanço da tirania não se dará de forma abrupta ou anunciada, tendo em mente que os revolucionários que conduzem tal processo, se deram conta que a tomada do poder deve ser silente, evitando assim que a vítima possa se precaver ante a investida da besta.
O discurso totalitário não se anuncia como aquele que amordaçará vozes dissonantes, bem como, exterminará todo aquele que for visto como obstáculo ou inservível, escondendo sua natureza maligna de seus seguidores, envenenando-os de tal forma, que sua sobrevivência reduzir-se-á ao inseto escalando até o ponto mais alto, estendendo sua jornada antes da morte ao passo que contamina um número maior de outras vítimas.
Façamos aqui uma breve reflexão a respeito de indivíduos que gozam de grande poder de influência, ainda que, seja resultado de uma fama que lhes fora dada de forma artificial, sendo condutores de um rebanho. Tais figuras negociam constantemente sua capacidade de influenciar na decisão de terceiros, de maneira que, seu capital é o número de pessoas que o seguem e, principalmente, quantas delas são suscetíveis aos comandos do influenciador.
Diante de tal condição, mesmo que de forma inconsciente, o temor da perda e a ganância por subir cada vez mais, levam o indivíduo a seguir em sua escalada buscando arrebanhar um número maior de seguidores, aumentando seu poder de barganha em face da elite revolucionária. O que ignora é sua condição de peça útil, que poderá ser descartada assim que sua missão for cumprida, acreditando que o fungo não o consumirá, haja vista a sutileza da destruição, tornando-se na verdade naquilo que inconscientemente desejara, uma carcaça vazia que labora para o sistema, confundindo-se com o poder a medida que lhe é dado parcela dele.
O poder, ainda mais mortal que o fungo, envenena como um entorpecente, fazendo com que o seu usuário queria sempre mais e destrua-se em tal busca. Ao sentir o prazer de controlar aqueles que julga inferiores, a dependência em relação ao poder faz com que o indivíduo terne-se escravo de sua ganância. Não por acaso autoridades e grandes personalidade se mantém no tabuleiro dos poderosos até sua morte, não se preocupam em uma retirada no devido tempo, descansando na velhice, pois, adictos em sua condição de seres superiores, são incapazes de abdicar do poder.
O envenenamento por arsênico é conhecido por, se administrado de forma gradual, levar a vítima a morte sem que seja percebido, causando, a longo prazo, doenças que podem ser atribuídas a fatores naturais, portanto, tal prática, da qual acusam os ingleses terem perpetrado contra Napoleão Bonaparte, é extremamente eficaz quando se quer uma morte lenta e sutil. De tal forma que, se administrado na dosagem correta, para envenenar uma vítima, teremos uma morte que não será tratada como assassinato, nem mesmo, pelos mais próximos à vítima.
A melhor forma que os revolucionários encontraram para corroer uma sociedade é justamente envenenando-a por dentro, degradando a cultura e corrompendo as gerações mais novas. Para promover tal destruição, faz-se necessária a sutileza do arsênico e a capacidade de contaminação do fungo das formigas zumbis, o que nos leva a uma análise dos dois pontos.
O veneno ministrado de forma imperceptível é a tomada de poder através da cultura, tirando a identidade do indivíduo e, por conseguinte, da sociedade, corroendo lentamente a civilização. A constante renuncia de liberdade em favor de proteção, como nos casos do desarmamento civil, do controle das redes sociais e até mesmo na pandemia, permitiram aos tiranos avanços inimagináveis, todavia, no início do século passado, algumas experiências de controle também foram testadas, os próprios campos de concentração não foram imediatamente implementados, antes, os judeus se viram forçados a morar nos guetos, bairros isolados para aquele povo.
Parece-nos somente lembranças de tempos tenebrosos, porém, tivemos a recente experiência da pandemia, que confinou milhões em diversos países e deu aos tiranos o gosto pelo poder, seja na esfera física, impedindo que as pessoas tivessem livre circulação, ou mesmo, no campo da liberdade de expressão, pois, sob a pecha de “negacionistas” aqueles que se opuseram as medidas transloucadas foram tratados como indivíduos perigosos, pior ainda foi o tratamento dispensado ao que se recusaram a participar dos testes farmacêuticos, inadmitindo figurar como cobaias humanas de uma pesquisa que não se explicava de forma clara e, em vez de contrapor questionamentos como deveria ser a postura científica, assumiu a face ditatorial, calando qualquer um, ainda que profissionais da saúde, que ousassem contrariar a grande indústria farmacêutica e governos.
De campos de isolamento, muito parecido com os de concentração, à declarações em tons de ameaças, sobre perda de guarda de filhos ou a impossibilidade de regressar ao seu país natal, as ações das autoridades tirânicas lhes tirou as mascaras para impor o temor ao cidadão que não se prostrou diante de seus desmandos. A impossibilidade de questionar o processo eleitoral, outra medida doentia, consagra o descalabro da liberdade de um povo que, no momento atual, assiste atônito a prisões arbitrarias e violações de princípios que deveriam ser claros.
Notadamente, o fungo já consumiu grande parte da sociedade e tenta se espalhar de cima, pela imposição de narrativas que não podem ser desmentidas, sob pena de macular o tão democrático e livre sistema que não admite ser questionado. Aduladores de tiranos, bebendo arsênico como se fosse ambrosia, se regozijam enquanto espalham o fungo da subserviência pela sua sociedade, condenando, não só a si, mas seus pares e, até mesmo, gerações vindouras.
O veneno sedutor e sutil é o próprio poder, dado em parcelas que podem ser retiradas, fazem com que o ser infectado espalhe sua crença doentia no totalitarismo, acreditando obter vantagem e cooptando os incautos como as formigas fazem com os demais membros da colônia.
Como o agente transmissor há de ser aceito no seio da sociedade que deve ser contaminada, assim como o fungo usa uma formiga para infiltrar-se no formigueiro, o veneno revolucionário precisa de um hospedeiro, consciente ou não, para espalhar sua praga por toda a sociedade. Os que espalham a intenta revolucionária por convicção são infectados, justamente, por sua ganância, considerando-se indivíduos que estão em uma posição de vantagem no cenário em que a revolução ocorra, de tal forma que, acreditam que a revolução os beneficiará. Por outro lado, temos os que agem de forma inconsciente, assumindo narrativas como verdades.
O orgulho daqueles que hospedam o mal sem identifica sua natureza é o maior obstáculo para que se libertem, haja vista que, recusam-se a admitir que são usados por uma mente superior e que fustigaram aqueles que despertaram anteriormente, logo, precisariam admitir que foram marionetes nas mãos dos senhores revolucionários, bem como, reconhecer que agiram errado quando alertados. Uma triste prisão que pode os levar ao próximo estágio.
ais o parasita que o hospedeiro, abrindo mão de sua liberdade em nome da aceitação em um secto de zumbis a serviço da elite revolucionária. Em síntese, é uma especia de vassalo do mal que sonha com uma mansão no inferno, banqueteando-se das migalhas que os verdadeiros poderosos o lança.
De qualquer forma, todo aquele que serve aos líderes da revolução estão sorvendo da morte, bebendo o veneno que lhes tirará tudo, acreditando ser uma benção que, assim como um entorpecente, o deixará destruído ao final de uma sensação de prazer. O poder matará em nome do poder e qualquer um que alimente a besta com carne humana, deveria se lembrar que é humano.
Acima de corruptos e ignorantes sempre estará aquele que é mau o suficiente para comprar o primeiro e enganar o segundo.
Lutemos pela nossa liberdade e a deles também.
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. II N.º 29
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