Por Pedro Costa
A falta dos hábitos é um grande motivo para a decadência cultural, pois, tem-se em mente uma ideia errônea do mundo, partindo do pressuposto que fazer determinada atividade continuamente por meses, anos ou até pelo resto da vida, é algo ruim, pois se fosse bom, seria breve. Seguindo esta linha de raciocínio, vemos uma sociedade em que a pessoa não vai em seu centro religioso, independente de qual for, todo fim de semana, uma vez no mês, ou no ano, mas sim quando outras pessoas a consideram errada, neste momento sim, o indivíduo busca um centro religioso para lavar-se de seus erros, e voltar a cometê-los crendo que basta retornar após errar novamente.
Todavia, não ocorre apenas na religião, mas em toda a vida daquele, pois, a poligamia, traições, nada mais é do que um indivíduo, ou casal, o qual nega-se a viver em par, ter aquela pessoa pelo resto de sua vida, querendo nada além de um momento, ou momentos que seja, mas nada realmente duradouro, uma consistência, um hábito, rotina.
Portanto, era natural que fosse ocorrer na leitura a mesma coisa. “Passar dias, semanas ou meses lendo uma trilogia de livros? É mais rápido ver um filme, diz a mesma coisa.” Comumente, buscar o mais breve tornou-se visto como o correto, não que seja algo contrário à natureza, pois, a forma de evolução busca o caminho mais breve, seu corpo não quer ter um trabalho extra, passar dias para ler um livro como
O Senhor dos Anéis, basta um dia maratonando os filmes que, seu cérebro buscará isto, visando evitar a fadiga, como diria o icônico Jaiminho, entretanto, cabe ao indivíduo ter como norte justamente não ficar parado, esperando algum problema para agir.
Nosso cérebro funciona quimicamente, naturalmente, como um animal, gasta-se energia para comer e hidratar-se, fora isso, mantêm-se descansado caso apareça um predador, todavia, somos seres humanos, os quais necessitamos buscar algo além do básico, o bordão destes é viver, sobreviver para ser mais exato, quando também precisamos de um desafio, evoluir, uma sociedade a qual almeja apenas sua sobrevivência estagnar-se-á, pois, nunca buscará algo além de, isto caso todos fossem bons por natureza, visto que, uma sociedade sem querência alguma relacionada a evoluir, deixar algo para a próxima geração, necessariamente terá outra ambição no lugar desta.
Curioso, não? Atoa nunca vai ser, a crescente de pessoas buscando fama, pelos motivos mais bisonhos, buscando uma riqueza meramente monetária, a qual fora muito bem abordada aqui. Levando em conta esta onda de pessoas sedentas por poder e bens materiais, as quais fazem de tudo para viver de forma luxuosa, sem o menor prestígio em seus meios para atingir tal ambição, naturalmente cria-se um sistema de governo corrompido, pois, o poder emana do povo, numa ditadura, pode ocorrer do governo ser podre e uma população vítima daquele tirano, entretanto, numa democracia, por mais perversa e manipulada que esta seja, ainda reflete em partes o povo.
Quando o brasileiro diz que leis presente em seu código legislativo é uma lei para inglês ver, ou está vivendo numa hegemonia inclusiva, em outras palavras, numa ditadura pintada de democracia, ou sim, o povo corrobora com seu governo, pois se estivesse no lugar daquele, faria o mesmo. Infelizmente, é o que ocorre, uma criança furtando caneta na escola é algo normal, pegar bens do trabalho e levar para si não é nenhum absurdo, rouba mas faz, e outros diversos absurdos.
Um açougueiro que leva carnes do trabalho para casa de forma ilícita, não se distância do político que lava dinheiro, que pega renda de instituições públicas para si, portanto, para termos um governo decente, um governo límpido, de antemão, cabe a nós sermos indivíduos, os quais constituem uma civilização, aglomerado de pessoas este, que nada mais é do que uma média de todos os seus compositores, ou seja, cada indivíduo sendo alguém de valor faz com que tal sociedade seja rica em valores.
Os hábitos dos indivíduos constroem a sociedade, isto é, pessoas cujo tem o hábito de todo dia passar duas horas no TikTok, Facebook, Instagram e similares, farão com que a sociedade tenha como regra pessoas as quais dedicam horas do seu dia para visitar tais redes, e como consequência, aquele que passa estas horas lendo, jogando, dormindo que seja, será interpretado como destoante, retornando ao
raciocínio animalesco, aquele que é diferente do meu bando, do meu ser, é um predador, ou presa, criando uma antipatia natural.
Não venho aqui dizer que pessoas com rotinas diferentes se odiarão, entretanto, haverá uma distanciação, mesmo que sem conflito. Todo indivíduo tende a querer ser aceito em seu meio social, isto é, um adolescente que tem como hábito ler fábulas e jogar vôlei nos momentos de lazer, terá uma certa dificuldade em criar amizades no âmbito escolar, onde seus amigos de classe jogam futebol e assistem desenhos animados. Não debatendo neste exemplo o que seria o correto a fazer, mas é indiscutível que teriam uma certa dificuldade em conviver, fazendo com que o único que jogava vôlei, migrasse para o futebol, e similarmente sobre a leitura de contos e desenhos animados na televisão, algo que dificilmente teria algum conflito entre os jovens, entretanto, de forma gradual o que se sente excluído irá tornar-se o mais compatível com seus companheiros, e isto ocorre de maneira geral, desde os mais novos, para se introduzirem num grupo escolar, até os mais amadurecidos, para criar um ambiente de trabalho similar, âmbito acadêmico onde todos são iguais não gera debates, confrontos, e isto é algo o qual muitos tem medo de enfrentar, não defendo no sentido de violência, mas o medo de ter um confronto de ideias ainda será um grande problema, mas isto é tema para outro momento.
Após ter uma sociedade com hábitos uniformes, estes que normalmente são os mais fáceis, pelos motivos biológicos e incentivados por pessoas de má índole, pessoas sem moral, aceitam atitudes imorais, retornando ao ponto mencionado no início, uma vez estando à margem da lei, aceita-se outros marginais, pequenos crimes não são portas para crimes de grande escala por te dar meios, mas sim, por retirar seu freio moral, o que aumenta caso não seja punido, já que não houve nenhum problema devido daquele ato ilícito, qual o problema de cometer outro?
A bola de neve corrompida engrandece conforme a moral decai, e a moral nada mais é do que os valores de uma sociedade, estes que são estabelecidos pela cultura de cada indivíduo, aquele que não retém o hábito de ir à um centro religioso, perderá a cultura da fé, a crença em divindade, contemplando algum homem, isto é, nenhum espaço se mantém vazio, onde o Estado não atua, há traficantes, milicianos, entre outras formas de reger aquele território, portanto, um ditador da Coreia do Norte não é idolatrado atoa, pessoas sem religião tem o espaço de sua fé em vão, assim como, da ambição para subir na vida, fazer por onde deixando um legado ético, um caminho digno, baseado em valores para que a próxima geração caminhe mantendo este, e se possível, fazer por onde para melhorá-lo.
A falta do hábito em visitar a família, libera um vão para seu grupo social, onde farão festas, encontros, substituindo nas aparências sua família, mas para manterem-se neste grupo, muitas outras liberdades serão tomadas. Como dito anteriormente, não de forma brusca, mas pela falsa necessidade vista pelo indivíduo, onde este precisa seguir as mesmas coisas que seu grupo de amigos, pois estes suprimem sua família, quando na verdade, você não só pode como deve ter amigos, mas a família é fundamental.
O modo pelo qual toda falta de hábito que agrega em algo faz com que crie um vão o qual não deveria existir, já fora pensado, não é atoa, a principal questão é retornar tais hábitos, para que assim, recupere-se a cultura, a moral, os valores, e disto sim, recuperar o país. Mudar uma sociedade de cima para baixo nunca vai ser o correto, pois, será de forma ditatorial, mas quando o povo sai de seu casulo, o Estado tende a seguir, visto que, se ele mantiver as pessoas presas artificialmente, estas rebelar-se-ão, e de forma justa, visto que o Estado existe pelo povo, e constitui-se pelo povo, portanto, o povo não serve ao Estado, mas sim, o contrário.
Todavia, visar uma revolução, nada mais é do que pular etapas, simplesmente mudar o topo da pirâmide esperando que toda ela se mude junto, enquanto deve ser mudada a base desta, e manter tal progresso de forma sucessiva, até mudar o topo, para algum que corresponda à sua base.