Conhecimento e cidadania

Conhecimento e cidadania

Duas propostas de Platão

Arístocles, um jovem promissor e educado com o que havia de melhor na sociedade da época, membro de uma família de políticos de destaque depois de aprender tudo o que havia sido possível sobre política, pois se a enveredar por outro caminho; o da filosofia.

Após ver discursando em uma praça um senhor chamado Sócrates, foi impelido por sua alma a perceber que havia algo mais sobre tudo o que aprendera, como que faltasse uma peça ao quebra cabeça que o meio político lhe apresentou.

Foi então que se propôs a aprender com profundidade sobre uma ciência que desvelava a história, constituição e a condição humana, já que a política era a arte de conduzir a sociedade humana ao seu ápice.

Foi então que após ser alcançado pela filosofia de Parmênides e Heráclito, pois Sócrates já havia falecido, e também ser fortemente impactado pela formação moral de Sócrates, pois se a escrever sua obra que mais tarde viria a ser a mais famosa, que tratava sobre o estado e a justiça, obra que escreveram em sua quase velhice, no ápice de sua formação.

A esta obra deu o título de “A república”.

Sim, Arístocles, receberá este nome em homenagem a seu avô, era ninguém menos que Platão. Apelido que recebera por causa de seus ombros muito largos.

Mas, o que realmente quero propor com essa introdução?

A ideia é trazer um caso muito especial da vida de Platão, que nos fará refletir e que sabe, fazer uma relação entre seu momento histórico e o atual.

Havia entre os discípulos de Platão, um jovem chamado Dion, este era sobrinho de Dionísio I, que governava uma cidade por nome, Siracusa, na Itália.

Era considerado um tirano e como tal tomou o poder aproveitando-se de um momento delicado em que vivia a sociedade à época.

Platão, já havia dedicado todo seu conhecimento e imprimido em sua obra e junto com Dion, partiram a aplicar na prática a república, em Siracusa.

Mesmo com o apoio de Dion, não demorou muito para que Dionísio, sentindo-se confrontado pelas ideias propostas por Platão, se revoltasse para manter seu poder recebido de Platão contraponto devido. (Quem sabe o povo estava a despertar para as ideias de liberdade e justiça num verdadeiro Estado.)

Foi então que, molestado com a resposta que dera Platão, Dionisos, quis matá-lo, mas tranquilizado pelas súplicas de Dion, contentou-se a entregá-lo a um enviado dos espartanos para que o vendessem como escravo.

Nesse momento, Atenas e Esparta, estavam em guerra e a ideia é que desembarcando em território espartano fosse sumariamente morto, porém Platão, escapa a condenação de morte, mas não de ser vendido como escravo sendo comprado por um homem, levando-o de volta à Atenas.

Morrendo Dionísios, o velho, sucedeu-lhe seu filho Dionísios, o jovem, e mais uma vez Platão e Dion, tentaram estabelecer a república fracassando mais uma vez e tendo de novo sua vida posta em perigo.

Somadas as “decepções”, Platão decide dedicar-se a dar aulas e atuar através da educação e da cultura deixando grandes clássicos que servem de guia para todas as áreas do conhecimento humano.

Sua academia durou até 529 dC, quando foi fechada pelo imperador (político) Justiniano, e confiscados todos os seus bens.

Apresentando esta história, penso que os problemas que viveu Platão, não são diferentes de outras épocas em que o povo era também anestesiado.

O povo não enxergou a proposta que Platão os apresentou e mais uma vez descansou nos braços da ignorância.

A história nos mostra que não basta ter um político a altura das soluções que a sociedade busca; é necessário que a própria sociedade enxergue sua condição e assuma o protagonismo que o levará ao destino que lhes é proposto.

Platão deixou a lição, cabe a sociedade aprender e praticar.

Que Deus abençoe nossa jornada!

Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. II N.º 32

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Sobre o autor

Edson Araujo

Palestrante, estudante de filosofia e teologia, colunista na Revista Conhecimento & Cidadania.

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BIOGRAFIA

Leandro Costa

Servidor público, advogado impedido, professor de Direito, Diretor Acadêmico do projeto Direito nas Escolas e editor-chefe da Revista Conhecimento & Cidadania.

Defensor de uma sociedade rica em valores, acredito que o Brasil despertou e luta para sair da lama vermelha que tentou nos engolir. Sob às bênçãos de Deus defenderemos nossa pátria, família e liberdade, tendo como arma a verdade.

É preciso fazer a nossa parte como cidadãos, lutar incessantemente por nosso povo e deixar um legado para as futuras gerações. A política deve ser um meio do cidadão conduzir a nação, jamais uma forma de submissão a tiranos.

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