Direita maquiavélica

Direita maquiavélica

Creio que o leitor já ouviu alguma vez na vida a expressão “Os fins justificam os meios”; ao pesquisar, descobri que ela é atribuída a Nicolau Maquiavel, contudo ele nunca disse isso ipsis litteris, embora seja uma paráfrase deleuma nova afirmação do sentido de um texto ou passagem usando outras palavras.

A expressão, embora não seja de Maquiavel, foi a que fez com que seu sobrenome fosse associado a algo ruim, maligno: maquiavélico; mas, não é de todo sem propósito. No capítulo 17, o autor trata de uma questão interessante: se, para um príncipe, é mais vantajoso ser amado ou temido. E para Maquiavel, ser temido é melhor.

O exemplo que o autor traz é de César Bórgia, o filho mais tirano de Rodrigo Bórgia (Papa Alexandre VI). Maquiavel explica que Bórgia, o filho do Papa, foi considerado por muitos como cruel, mas que suas atitudes conduziram a Romanha à paz.

César Bórgia é a encarnação da expressão “Os fins justificam os meios”. Para conseguir o que queria, assassinou um de seus irmãos, manteve relações sexuais com sua cunhada e eliminou o marido de sua irmã, Lucrécia. Vale ressaltar que César era apaixonado por ela. Ele também foi o idealizador do “Banquete das Castanhas”, uma orgia tamanha que deixaria as prostitutas de Pompeia embasbacadas.

Um dos métodos favoritos de César para livrar-se de seus desafetos era o veneno. Ninguém sabe quantas vítimas morreram com um cálice nas mãos, o som de um brinde nos ouvidos e a face sorridente de um Bórgia desvanecendo ante os olhos. E esta sede de manter-se no poder a todo preço custou a vida de seu pai: Rodrigo Bórgia morreu envenenado ao tomar um cálice que era destinado a um inimigo de César.

Talvez o leitor se questione: “Mas o que a direita tem a ver com isso?” Infelizmente, muita coisa. Com o passar dos anos, o grupo que deveria ser formado por pessoas honestas foi envenenado por ideias revolucionárias.

Trago como exemplo o presidente Jair Bolsonaro: em 2019, ao se negar a dar uma de Maquiavel e manter-se fiel a seus valores e princípios, foi taxado pela própria direita de “frouxo”; ao discordar em aplicar um estado de sítio no fim de 2022, foi denominado como “covarde”. Quando não cassou os partidos progressistas, por pensar que todos possuem liberdade para parlar, foi criticado pela ala que chamo “direita livrinho”, que sabe tudo sobre Eric Voeglin mas são péssimos para análises políticas práticas; e esta ala, até hoje, faz questão de achincalhar Bolsonaro e seus aliados – como o governador Tarcísio de Freitas.

Na ânsia de resolver problemas, uma parcela da direita sofre da síndrome do parto prematuro: querem tudo para ontem, não sabem trabalhar as bases e ainda culpam quem não utiliza de métodos revolucionários para alcançar seus objetivos. Em resumo: estamos com diversos Césares Bórgia em nosso meio.

Pessoas que pensam desta maneira revelam algo deveras perigoso: que não possuem escrúpulos. É por isso que faço distinção entre direita e conservadores; enquanto o primeiro grupo representa um espectro político que engloba pessoas de todo tipo com poucos traços em comum (livre mercado e defesa da propriedade privada, por exemplo), o segundo coloca seus valores e crenças acima de tudo. Enquanto o primeiro grupo pensa em poder, o segundo pensa em perpetuar valores, porque entende que só assim teremos uma política sadia.

De nada adianta alegarmos oposição à esquerda se fazemos coro com ela utilizando seus métodos. Ser homem não é bater de frente com tudo e todos a todo custo e a qualquer preço; muitas vezes, um homem de verdade recua para evitar um mal maior. Isso é ser conservador.

Na ânsia de resolver problemas, uma parcela da direita sofre da síndrome do parto prematuro: querem tudo para ontem, não sabem trabalhar as bases e ainda culpam quem não utiliza de métodos revolucionários para alcançar seus objetivos. Em resumo: estamos com diversos Césares Bórgia em nosso meio.

Pessoas que pensam desta maneira revelam algo deveras perigoso: que não possuem escrúpulos. É por isso que faço distinção entre direita e conservadores; enquanto o primeiro grupo representa um espectro político que engloba pessoas de todo tipo com poucos traços em comum (livre mercado e defesa da propriedade privada, por exemplo), o segundo coloca seus valores e crenças acima de tudo. Enquanto o primeiro grupo pensa em poder, o segundo pensa em perpetuar valores, porque entende que só assim teremos uma política sadia.

De nada adianta alegarmos oposição à esquerda se fazemos coro com ela utilizando seus métodos. Ser homem não é bater de frente com tudo e todos a todo custo e a qualquer preço; muitas vezes, um homem de verdade recua para evitar um mal maior. Isso é ser conservador.

Sabemos que estamos sofrendo perseguição do nosso judiciário, e por isso alguns, para continuarem seu trabalho, se autoexilaram; contudo, quem se diz conservador e, acima de tudo, cristão, não deve se deixar levar por métodos escusos, abjetos e que são pedra de tropeço para o seu próximo. É lícito denunciar internacionalmente a perseguição política, é lícito conversar com autoridades internacionais sobre assunto, mas não é aceitável que, em uma tentativa desesperada de burlar a tirania do judiciário, se crie um perfil em site pornográfico.

Ao denunciar isso em minhas redes sociais, fui severamente atacada: “Sua inútil”, “Só fala baboseira”, “Não sabe o que diz”, “Ressentida e frustrada”. Meu Deus, para mim é tão óbvio que valores estão acima de tudo! Mas, infelizmente, nem todos pensam assim.

Descobri da pior forma possível que existe uma direita maquiavélica, que crê piamente que os fins justificam os meios e ser temido é melhor do que ser amado. Pobres daqueles que forem engolidos pela serpente que ajudaram a alimentar.

Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.° 40 – ISSN 2764-3867

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Sobre o autor

Danielly Jesus

Jornalista (DRT), YouTuber, podcaster (Cafe com Dani no Spotfy), escreve para os sites: Mundo Conservador e PHVox, radialista na web rádio Atroz FM e colunista na Revista Conhecimento & Cidadania.

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BIOGRAFIA

Leandro Costa

Servidor público, advogado impedido, professor de Direito, Diretor Acadêmico do projeto Direito nas Escolas e editor-chefe da Revista Conhecimento & Cidadania.

Defensor de uma sociedade rica em valores, acredito que o Brasil despertou e luta para sair da lama vermelha que tentou nos engolir. Sob às bênçãos de Deus defenderemos nossa pátria, família e liberdade, tendo como arma a verdade.

É preciso fazer a nossa parte como cidadãos, lutar incessantemente por nosso povo e deixar um legado para as futuras gerações. A política deve ser um meio do cidadão conduzir a nação, jamais uma forma de submissão a tiranos.

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