Mentiras no Jornal

Mentiras no Jornal

Tabloid Junkie

A atuação da imprensa militante não é de hoje

Nasci em 1989, então minhas referências culturais são consideradas “cringe” pelos jovens de hoje.

Meu cantor preferido era um showman, alguém que brilhava no palco, que tinha uma voz, ao mesmo tempo, doce e potente, que compôs as melhores canções: estou falando de Michael Jackson.

Michael teve uma infância difícil: agredido pelo pai e pelos irmãos, era pressionado a ser o melhor. Na adolescência, teve como primeira namorada Tatum O’Neal, filha do brilhante ator Ryan O’Neal. Segundo relato do próprio Michael, ela o jogou na cama e teve relações com ele, contra a sua vontade. Também namorou a atriz Brooke Shields, e em 1995, se casou com a filha de Elvis Presley, Lisa-Marie.

Porém, nos anos 80, Michael começou a passar por mudanças corporais. Primeiro, operou o nariz; a alegação era o fato de sofrer ofensas racistas, e sentir-se incomodado com isso. Mas, ao compararmos as capas de 1982 (lançamento do álbum “Thriller”) e 1987 (lançamento do álbum “Bad”), é impossível não notar que tanto a pele como o cabelo de Michael mudaram. A alegação: vitiligo.

Contudo, essa mudança foi um prato cheio para a imprensa da época, que começou a publicar uma série de aberrações: ele teria usado uma câmara de oxigênio para dormir, teria comprado em leilão as ossadas do “homem-elefante”, fazia “dieta do espaço”, teria um caso com a atriz Elizabeth Taylor (que era 26 anos mais velha que ele), e até uma teoria bizarra de que ele e a cantora Diana Ross eram a mesma pessoa!

Michael resolveu externar sua revolta pela primeira vez na canção “Leave me alone”, de 1987. Na letra, ele dizia que tinha sido machucado e enganado:

Houve um tempo em que eu costumava dizer

Garota eu preciso de você

Mas quem está arrependido agora?

Você realmente me machucou

Você costumava me enganar

Agora quem está arrependido?

Você tem um jeito de fazer

Eu me sentir tão mal

Eu logo descobri”

Porém, no início dos anos 1990, as supostas excentricidades deram lugar a algo sério: acusações de pedofilia. A primeira ocorreu em 1993, por Jordan Chandler. Alguns membros da equipe de Michael Jackson relataram comportamento inadequado por parte do cantor, mas a polícia descartou seus relatos como não confiáveis, pois eles haviam vendido suas histórias para tabloides ou tinham ressentimentos contra ele. A equipe jurídica de Michael afirmou que Evan Chandler (pai de Jordan) estava tentando extorquir Michael, citando uma gravação telefônica na qual ele dizia que iria “humilhar” Michael e “ganhar muito”.

Contudo, o estrago na carreira de Michael estava feito; nunca mais ele conseguiu se desvencilhar da pecha de “pedófilo”, por mais que tentasse provar o contrário. E o pior aconteceu em 2005, com o caso The People of the State of California v. Michael Joe Jackson, em que Michael estava sendo acusado de molestar Gavin Arvizo, à época do suposto fato, com 13 anos de idade.

Gavin e seu irmão testemunharam que Michael lhes deu álcool, mostrou pornografia, masturbou-se diante deles e fez investidas sexuais. A defesa de Michael caracterizou as testemunhas da acusação como ex-funcionários descontentes ou indivíduos que procuram explorar Michael por dinheiro. Testemunhas da defesa incluíram depoimentos de celebridades, incluindo o ex-ator mirim Macaulay Culkin e o comediante Chris Tucker. A cobertura do julgamento foi descrita como um circo midiático, e alguns meios de comunicação foram rápidos em retratar Michael Jackson como culpado antes mesmo do veredito final.

Acompanhei o julgamento; lembro-me de ter uma agenda onde anotava o que tinha ocorrido no tribunal a cada dia do processo. Era nítido o desespero da imprensa em ver Michael atrás das grades.

Deixo claro ao leitor que não creio em uma só acusação sofrida por Michael; porém, não julgo aquele que pensar o oposto de mim. Contudo, o fato é que a imprensa fez de tudo para que ele fosse preso; e como isso não aconteceu, trataram de enterrar sua carreira de uma vez.

Hoje em dia falamos muito da chamada “imprensa militante”, mas sua atuação é deveras antiga, e teve Michael como uma de suas vítimas. Uma coisa é dizer que um artista comprou coisas inusitadas em leilão; outra coisa é uma acusação grave que envolve crianças. Contra isso é difícil lutar.

Em 1995, Michael gravou “Tabloid Junkie” (Mentiras No Jornal). A letra, diferente de “Leave me alone”, que era uma indireta, escancarou o trabalho podre da imprensa.

Só porque você leu em uma revista

Ou porque viu na TV

Não faz isso ser verdade

Embora todos queiram saber sobre isso

Só porque você leu em uma revista

Ou porque viu na TV

Não faz isso ser verdade, realidade (…)

São calúnias Todas as palavras que você usou

Você é uma parasita em preto e branco

Que faz qualquer coisa por notícia

Mas se você não for comprá-lo

Então eles não serão vitoriosos

Ler é santificá-los

Então porque nós agíamos feitos idiotas?”

Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 38 – ISSN 2764-3867

Leia também: SEGUINDO OS PADRÕES FEMINISTAS

Sobre o autor

Danielly Jesus

Jornalista (DRT), YouTuber, podcaster (Cafe com Dani no Spotfy), escreve para os sites: Mundo Conservador e PHVox, radialista na web rádio Atroz FM e colunista na Revista Conhecimento & Cidadania.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

BIOGRAFIA

Leandro Costa

Servidor público, advogado impedido, professor de Direito, Diretor Acadêmico do projeto Direito nas Escolas e editor-chefe da Revista Conhecimento & Cidadania.

Defensor de uma sociedade rica em valores, acredito que o Brasil despertou e luta para sair da lama vermelha que tentou nos engolir. Sob às bênçãos de Deus defenderemos nossa pátria, família e liberdade, tendo como arma a verdade.

É preciso fazer a nossa parte como cidadãos, lutar incessantemente por nosso povo e deixar um legado para as futuras gerações. A política deve ser um meio do cidadão conduzir a nação, jamais uma forma de submissão a tiranos.

FALE COMIGO

Escreva sua mensagem aqui. Dúvida, ideia, critica.