A velha mania de lançar empregados contra patrões
“Os proletários nada têm de seu a salvaguardar; sua missão é destruir todas as garantias e seguranças da propriedade privada até aqui existentes (…) A condição essencial da existência e da supremacia da classe burguesa é a acumulação da riqueza nas mãos dos particulares, a formação e o crescimento do capital a condição de existência do capital é o trabalho assalariado (…) O objetivo imediato dos comunistas é o mesmo que o de todos demais partidos proletários: constituição dos proletários em classe, derrubada da supremacia burguesa, conquista do poder político pelo proletariado.” (Karl Marx, “Manifesto Comunista”)
Desde a Revolução Francesa a esquerda fomenta, como uma de suas bandeiras, a guerra “nós x eles”, principalmente entre empregador e empregado, e isso fica claro na citação acima: Marx incitava os trabalhadores a destruir a tal “classe burguesa” (que gera emprego) para que os trabalhadores supostamente assumissem o controle. A desculpa é, trocando em miúdos: o patrão é “malvadão”, não aumenta o salário porque não quer, o rico não trabalha e, por isso, explora seus funcionários.
Trago este assunto no referido artigo porque Lula (sujeito que me recuso a chamar de presidente) fez a seguinte declaração:
“o empresário não ganha muito dinheiro porque trabalhou, ganha muito dinheiro porque os trabalhadores dele trabalharam”.
O petista – que não trabalha desde 1977 – se esquece que sem empresário não há empregado. E tratarei de explicar isso nas linhas a seguir.
A esquerda prega que a Economia é um jogo de soma zero: se alguém ganha é porque o outro perde; porém, isso não é verdade. Primeiro que a quantidade de bens de consumo não é fixa, logo, muitos destes bens precisam ser produzidos, não sendo necessário tomar de outrem (a menos que seja mau-caráter e corrupto). O livre mercado – aquele que Lula tanto critica – é o mecanismo que possibilita que mais bens sejam produzidos, mais pessoas tenham acesso, a economia gire e todos ganhem.
Para que todo esse processo aconteça, uma palavrinha deve estar no topo da lista do empresário: LUCRO. Contudo, para a esquerda, este é um “feio”. Mas sem isso, a empresa não cresce, não há pagamento dos funcionários, vem a falência e todos perdem. Samuel Gompers, fundador da Federação Trabalhista Americana, disse certa vez: “O pior crime contra a classe trabalhadora é uma empresa que deixa de operar em busca de lucros”.
Ora, se uma empresa gera lucro, proporciona melhores salários a seus funcionários, o que aumenta o poder de compra e faz a Economia girar; isso faz com que a produção aumente e necessite contratar mais pessoas; logo, se aumentam as vagas de emprego, diminui a pobreza. Percebem como é simples de se entender? Contudo, Lula insiste em falar contra o empresariado.
Aliás, vamos tratar do empresário em si: para a esquerda, todo rico o é porque sonegou impostos ou aplicou um golpe; a ala progressista é mestre em demonizar a classe que gera empregos. Então, embora progressistas não gostem de ler, deixarei registrado diversos exemplos de pessoas que enriqueceram através do trabalho.
Silvio Santos é o maior comunicador do Brasil e criador do SBT. Sua fortuna gira em torno de R$ 1,70 bilhão. Mas quase ninguém sabe que era filho de um casal de imigrantes, que nasceu no bairro da Lapa (Rio de Janeiro) e que, embora formado técnico em Contabilidade, foi camelô, vendendo capas para títulos de eleitor.
O apresentador Sikera Junior, um dos maiores apresentadores do país – e que além de trabalhar na TV A Crítica, é empresário – nasceu no interior de Pernambuco, na cidade de Palmares. Seus pais trabalhavam na roça e a casa onde moravam sempre era reconstruída, pois as enchentes – que assolam Palmares até os dias de hoje – sempre a destruíam. Foi para Maceió, Alagoas, onde precisou se mudar mais de quinze vezes, por dever prestações de aluguel. Desempregado, vendeu panelas e até trabalhou como animador de festa, vestido de Teletubbies.
Sylvester Stallone, um dos maiores atores de Hollywood, tem sua fortuna estimada em US$ 300 a US$500 milhões. Seu patrimônio é composto basicamente por sua empresa, imóveis e investimentos financeiros. Mas né, sempre foi assim.
Morou em lares adotivos por cinco anos, já que seus pais estavam no processo de um divórcio bastante conturbado. Stallone, em um ato de desespero, gravou um filme pornô intitulado “The Party at Kitty and Stud’s” (“O Garanhão Italiano”). Tomou esta atitude após ter sido despejado de seu apartamento e ficado sem onde morar por vários dias. Também disse que dormiu três semanas na estação de ônibus Port Authority, em Nova Iorque, até ter visto o anúncio de elenco para o filme. Em suas palavras, “era fazer aquele filme ou roubar alguém, porque eu estava no fim de minhas forças”. Gravou outros filmes, porém com papéis inexpressivos. Nunca mais gravou pornô – graças a Deus.
Stallone casou e foi levando a vida, mas chegou a um ponto em que estava tão pobre, que roubou as poucas joias de sua mulher e as vendeu. As coisas ficaram tão ruins que acabou morando na rua. O fundo do poço chegou quando teve de vender seu cachorro chamado Butkus, da raça bulmastife, de mais de 60 kg, em uma loja de bebidas a um estranho qualquer, pois não tinha dinheiro para alimentá-lo mais, vendendo-o por quarenta dólares.
Após assistir a luta entre Muhammad Ali e Chuck Wepner, teve a inspiração para escrever o roteiro de “Rocky – Um lutador”. Ao vender o roteiro, a única exigência de Stallone era estrelar o filme, mas o estúdio recusou. Após várias conversas, o estúdio United Artists permitiu que ele gravasse, pagando US$ 35 mil pelo texto. E como dizem, o resto é história.
O capitalismo pode não ser o mais perfeito sistema; contudo, é o único que proporciona que alguém cresça e prospere. Ao contrário do sistema progressista, que prega a igualdade – na miséria.
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. II N.º 26