O assunto mais abordado neste mundo é o amor; seja em músicas, livros, programas de TV, de longe é o tema mais comentado. Contudo, a maioria das pessoas parece ter uma visão turva sobre isso e, por conta disso, a palavra amor tornou-se esvaziada de seu real significado.
Para muitos, o amor é sinônimo de permissividade: “Ah, se fulano está feliz, o que mais importa?”, “O amor é para ser celebrado, não cabe a nós julgar”, “Deus é amor, então Ele quer me ver feliz, e se o que eu faço me faz feliz, Deus deve estar satisfeito”.
Já que há consenso de que Deus é amor, busquemos em Sua Palavra sua real definição:
“Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: que DEUS ENVIOU SEU FILHO unigênito ao mundo, para que por ele vivamos. Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e ENVIOU SEU FILHO PARA PROPICIAÇÃO PELOS NOSSOS PECADOS.” (1 João 4:9,10).
Ou seja, o verdadeiro amor é aliado do SACRIFÍCIO; o verdadeiro amor busca o melhor não para si, mas para o outro.
O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, descreve o amor de forma perfeita:
“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1 Coríntios 13:4-7.
Para que lê sem meditar, o amor pode se assemelhar a algo “sem graça”. Porém, vamos analisar cada ponto:
- O amor é sofredor: No grego (sim, eu li no grego para trazer o melhor para o leitor), a palavra “amor” utilizada pelo apóstolo é “ágape”, que é designada para definir o amor incondicional. Ou seja, aquele que não visa ganhos, que não espera nada em troca. Agora, a palavra “sofredor” entrou como significado do grego makrothumeó, que é longânimo, paciente, perseverante. Sim, o verdadeiro amor faz sofrer, mas não pelos motivos errados, e sim porque é necessário exercermos nossa paciência para não brigarmos o tempo todo.
- O amor é benigno: “Ora, se eu amo, é claro que quero o bem”, talvez este seja o pensamento do leitor. Porém, querer o bem, muitas vezes, é dizer a verdade, ainda que esta não agrade. Percebam como isso não coaduna com aquilo que propagam sobre o amor: as pessoas são verborrágicas ao falar em felicidade, amor, prazer e se esquecem que o amor não é sentimento, mas VERDADE.
- O amor não é invejoso: no grego, a palavra que define invejoso é zēlóō, umaonomatopeia que imita o som da água fervente. Por isso que na versão Almeida Revista e Atualizada, a expressão é “o amor não ARDE em ciúmes”. O amor verdadeiro não “queima”, não machuca.
- O amor não trata com leviandade: no grego, a expressão é “jactância”, que é o Comportamento de quem age com arrogância, prepotência, altivez. O amor é humilde em aceitar as correções quando necessário.
- O amor não se ensoberbece: não estufa o peito, não “se acha”. Não há orgulho, soberba.
- O amor não se porta com indecência: no grego, aschémoneó, a expressão “é agir de forma inapropriada”. Há um modo certo que o verdadeiro amor se comporta, o que vai contra tudo aquilo o que o mundo apresenta.
- O amor não busca os seus interesses: o amor verdadeiro pensa no bem-estar do outro.
- O amor não se irrita: não se exaspera, que é transformar algo pequeno em uma grande irritação.
- O amor não suspeita mal: não considera o mal. O amor não se ocupa com o que é mal.
- O amor não folga com a injustiça, mas folga com a verdade: o amor verdadeiro não possui partidarismo, não defende causa de ninguém, mas aponta tudo aquilo que é errado.
Observando estes dez pontos, vamos consultar nossa consciência: o amor citado na Bíblia ao menos se aproxima com aquilo que é propagado no mundo?
Muitos utilizam a expressão “Deus é amor” como se isso fosse de cunho permissivo; ou seja, onde “há” amor, há Deus, logo ninguém pode falar o contrário. Porém, amor não é sinônimo de andar “sem freio”. O Senhor Jesus, após exortar a igreja em Laodicéia, disse:
“Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e arrepende-te.” (Apocalipse 3:19). O amor verdadeiro zela, cuida, “puxa a orelha”.
Em um mundo onde todos os valores estão invertidos, se faz necessário recorrermos à fonte do amor para entendê-lo de maneira plena e verdadeira.
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. II N.º 29