“Todos os homens por natureza aspiram ao saber. Sinal disso é a estima dos sentidos.”
Com essa célebre frase que propositalmente não está completa, Aristóteles inicia sua metafísica, seguindo a ideia da frase farei uma relação com nosso importantíssimo momento histórico. Segundo Aristóteles, há vários graus do saber, entre eles destaco, episteme – saber demonstrável e Nous – saber por intuição.
Em episteme temos a técnica e a experiência que são fundamentais para este nível de aprendizado. Aproveito para relembrar Platão, quando cita em sua teoria do conhecimento a opinião vulgar, quando temos uma informação sem qualidade e a reta opinião, quando a qualificamos com um aprofundamento do tema.
Aristóteles escreve que a técnica é possível ensinar para com ela aprendermos qualquer coisa e é universal, por exemplo: se temos a técnica para tocar violão, seja qual violão for, a técnica para tocar é a mesma.
Nesse sentido a técnica é superior a experiência, porém é um saber automático, por hábito, embora consciente e expansível, por interferir na história, mas não mudar o homem. Já compreendemos que nunca alcançaremos nosso propósito se tentarmos mudar a história sem seu agente direto, o ser humano.
Para tanto entra em cena um outro grau de saber, que é a experiência. Nela, temos um contato pessoal com cada situação e aprendemos de maneira particular se acordo com nosso nível de consciência, e que pode influenciar o coletivo, pois todos vivenciamos experiências, ainda que sem perceber.
A ideia aqui no texto é mostrar que nada é por acaso e que toda a nossa evolução, seja pessoal ou em sociedade é sempre baseada em experiência e nunca em técnica, pois a técnica é um saber demonstrável e a experiência é um saber por reflexão; embora para tanto é necessário o mínimo de espiritualidade. (embora estávamos numa sociedade que incentiva cada vez mais o materialismo, talvez por interesse próprio).
Temos presenciado durante décadas ou séculos, estratégias e táticas para tornar a massa cada vez mais distante da espiritualidade e o resultado disso podemos vivenciar experimentando uma sociedade cada vez mais egoísta e distante de um nível satisfatório de felicidade.
Sem a menor noção das leis naturais e com conceitos cada vez mais deturpados dos elementos fundamentais da vida, os líderes vão criando leis baseadas em suas ideias e quando suas leis não funcionam pressionam ainda mais com outras leis que na verdade são apenas papéis escritos num ritual burocrático sem o menor sentido para a consciência do cidadão.
Com estas poucas linhas creio ter conseguido clarear o tema, no entanto, falta relacionar com o momento atual.
Para isso vou acrescentar ao texto um poema de autoria desconhecida que virá bem a calhar.
” Eu pedi forças a Deus e ele me deu dificuldades para me fazer forte.
Eu pedi sabedoria e ele me deu problemas para resolver.
Eu pedi amor e Deus me deu pessoas com problema para me ajudar.
Eu pedi favores e Deus me deu oportunidades.
Não recebi nada que pedi, mas tive tudo o que precisava…”
Um poema é sempre uma ótima ferramenta para refletir e por isso quero propor uma reflexão baseada no poema e na teoria de Aristóteles.
A filosofia mostra que a consciência nasce no contraste, ou seja, notamos o que nos falta por complemento quando percebemos o contrário.
Nessa linha pensemos:
Por que queremos um mundo mais justo? Percebemos a ausência da justiça?
Se sim, por que não percebemos sua perda gradativa?
Estaria Deus agindo como um pai que priva seu filho de algo para fazê-lo valorizar?
Ou talvez estejamos desidratados apenas por que não damos valor ao simples gesto de beber água e nesse caso, Deus nada teria a ver com isso e estaríamos apenas colhendo o que plantamos?
m tudo que temos visto acontecer mundo afora, não seria as ferramentas necessárias para a construção de um mundo melhor?
Nesse sentido, o que está acontecendo em nossa sociedade não seria exatamente um grande mal, mas as oportunidades que tanto precisamos para construir o país que pedimos a Deus?
Ressalto que o tempo é fundamental nesse caso, pois se cortamos aquela árvore que nunca notamos o quanto bem nos fazia e agora conscientes da sua falta, adiantaria plantar uma muda e achar que amanhã estaria lá frondosa como a que retiramos no dia seguinte?
Não! claro que não; resta agora plantar, regar, podar, adubar e esperar para que a seu tempo desfrutemos de seus benefícios e o tempo será o natural. (Se fizermos tudo corretamente o com perseverança).
Em síntese: Estamos vivenciando as experiências necessárias para aprendermos e assim termos a consciência necessária para reconstruir o que perdemos ou construir o que idealizamos.
São apenas experiências e serão elas que nos forjarão, para a batalha da vida, para uma vida melhor para nós e para os que virão. Se olharmos para a situação de maneira natural estaremos protegidos do ódio, do medo, da revolta e de tantas outras emoções que se acompanharem nossa jornada nos farão débeis e incompetentes para nosso tão nobre propósito: trazer a nós o reino de Deus.
Vivamos as experiências e aprendamos, pois outras virão e se tivermos logrado sucesso teremos construído mais um andar no edifício do conservadorismo estaremos mais próximos de uma sociedade justa e bela.
Que Deus abençoe nossa jornada!
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 37 – ISSN 2764-3867
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