Califado, o Rei de Ouros

Califado, o Rei de Ouros

Em um mundo de conflitos, é imperioso observar se há uma falsa compreensão da realidade ou um antagonismo real entre forças, talvez a única forma de verificar as nuances por trás de um embate entre etnias, nações ou mesmo civilizações, seja um breve passeio pela história da humanidade. O presente texto não se propõe ao esgotamento do tema, não haveria espaço para tal debate, tampouco, ousaria, o autor, assumir o rótulo de especialista no tema, claro, tratando o termo especialista com o significado real.

Precisamos, todavia, antes do breve mergulho na história, dar o devido crédito ao inspirador do tema que será enfrentado, posto que, a proposta central é discorrer sobre a primeira das elites globais descritas pelo célebre Olavo de Carvalho, o que observamos por mais de uma vez, seja tentando compreender o que motiva o ódio ao cristianismo ou a geopolítica eurasiana.

O mestre Olavo de Carvalho aponta como três elites do poder mundial a fraternidade islâmica, o poder governante da Rússia e China, bem como, a elite financeira ocidental, elencando que cada uma delas, entretanto, tais forças ora se convergem, ora se rivalizam, pois, a escalada ao poder passa por pactos e conflitos. No momento trataremos somente da elite que Olavo chama de fraternidade islâmica, a quem chamaremos de Califado.

Notadamente, dividimos as elites para melhor compreensão e aprofundamento, contudo, traremos ao final uma concepção atualizada, na qual tivemos a audácia de incluir o que seria uma quarta elite de poder, que pode se apresentar com certa timidez em se comparando com as demais, mas que busca lugar de destaque e também aspira o poder. No momento oportuno trataremos da quarta elite, por isso, a divisão em naipes.

Os naipes do baralho tradicional, cuja criação é atribuída geralmente ao francês Jacquemin Gringonneur, sob encomenda do Rei Carlos VI da França, trás um simbolismo em suas cartas, muitos afirmam os naipes se traduzem da seguinte forma, copas representaria o clero; o ouro, a burguesia; a espada, os militares; e o paus, os camponeses, tratando da divisão da sociedade daquele país, em verdade de toda Europa, durante aquele período. Há quem diga que os naipes simbolizam estações do ano, sendo a sequencia que adotaremos nesta jornada pelas quatro elites globais, e ainda, alguns associam os naipes aos elementos, o que também se adequá à proposta.

No que diz respeito a primeira das elites que abordaremos, o Califado, preliminarmente, é necessário dizer que a existência de um califado é supranacional, como uma espécie de grande nação do Islã, governada pelo califa, herdeiro do profeta Maomé. Nas palavras de Olavo de Carvalho,

“eventuais conflitos de interesses entre os governos nacionais e o objetivo maior do Califado Universal acabam sempre resolvidos em favor deste último, que hoje é o grande fator de unificação ideológica do mundo islâmico”.

A leitura do trecho acima deixa claro que as nações islâmicas são divisões políticas que não se opõem aos fins do Califado, sendo certo que qualquer que seja o líder de uma dessas nações, não pode ser considerado um obstáculo intransponível aos desejos da elite, uma vez que a fé de seu povo o derrubará se assim se portar. A existência do Califado, como ser despersonalizado, acaba sendo uma espécie de nuvem que cobre as nações islâmicas, sendo impossível apontar uma figura ou grupo específico de liderança.

Passamos então aos fatores históricos que envolvem o califado, observando que a disputa entre as civilizações oriental e ocidental antecedem o Islão. Resgatamos o trecho de nossa publicação há um ano, que trata da ruína do continente europeu ante a chamada islamização.

“Antes que algum leitor faça o equivocado juízo e assuma que o objetivo aqui é fazer um ataque ao islã, ou como dizem os histéricos progressistas, uma ode à ”islamofobia”, acreditando que há uma repulsa em face dos praticantes de tal crença. É imperioso alertar que, em que pese o abismo cultural entre as bases fundantes da sociedade ocidental e o islã, não se pode assumir que tal crença seja um mal a ser combatido, até porque, já ficou claro, em leitura anterior, que existe sim uma religião que prega a desgraça como forma de subjugar os seres humanos, a verdadeira crença no mal é o socialismo.

A questão do islamismo não se depreende de uma fé nefasta, mas sim do uso de uma diferença entre duas facetas que marcaram a história da humanidade, tão logo as primeiras grandes sociedades se estabeleceram e forjaram suas culturas. Assim sendo, é preciso observar que o que se consolidou como ocidente e oriente tem suas origens em choques culturais anteriores ao confrontos religiosos, bem como, do surgimento da maior chaga que tomou a idade contemporânea, o sentimento revolucionário e as ideologias de que há soluções imaginadas, pela falível mente humana, para todos os problemas do universo”.

Não se trata da demonização do Islã, mas da constatação que o Califado é força pujante que pretende expandir seus tentáculos através da fé imposta, o que espia cuidados, a todo o mudo. Os artífices do Califado apoiados na ideia de Jihad, avançam contra a civilização ocidental sempre que possível.

As nações islâmicas, diferente das ocidentais, tendem a assumir a posição religiosa como a do Estado, o que, data máxima vênia, o ocidente ao negar, sobre a premissa do chamado Estado laico, permite que o poder político torne-se laicista e por conseguinte ateísta, quando permeado por agentes revolucionários, como são as nações socialistas espalhadas pelo mundo. Claro que o termo ateu, não deveria ser empregado quando se trata de Estados socialistas, uma vez que, a fé delirante dos socialistas em uma utopia de paraíso criado por humanos é materialista, mas não deixa de ter uma crença na divindade chamada Estado e seus profetas que são os líderes revolucionários, os maiores falsos profetas que já existiram.

A Jihad, que significa esforço, pode ser apresentada de duas formas, a primeira, o dever que cada membro tem no sentido de promover a encampação pelo Islã de todo o mundo, lutando contra os infiéis, todo aquele que não se converter à fé, ou mesmos os apostatas, que deixaram o Islã. Uma outra versão é que a Jihad é um esforço de guerra interna, buscando vencer seus próprios vícios, de maneira que a verdadeira Jihad é uma luta interior que cada muçulmano deve enfrentar.

Por mais que a segunda versão pareça confortante, é difícil acreditar que todos os jihadistas tenham interpretado de forma equivocada seu caminho e que fazem uma incansável guerra ao ocidente por mera deficiência cognitiva. Em especial, quando se observa que os chamados não radicais, em regra, não repreendem de forma veemente as ações daqueles que se propõem aos ataques, bem como, não apoiam de foma explicita reações enérgicas por parte do ocidente.

Não há como ignorar, ainda que em nome da paz, se é que isso pode ser invocado como argumento, um brilhante artigo que se escora em dados, chamado “O Mito do Muçulmano Bonzinho”, no qual o autor destaca o altíssimo grau de aprovação, ou mesmo, de aceitação de práticas consideradas terroristas entre os muçulmanos não radicais, sem contar que, o percentual que assume concordar com as práticas é alarmante.

Enfatiza ainda o artigo que mais da metade dos países muçulmanos rejeitam a ideia de Estado laico, bem como, grande parte dos seguidores daquela religião concordam com a aplicação da Lei Sharia. Outro artigo cuidando do mesmo tema, aponta que mais de dois terços dos muçulmanos de diversas nações apoiam a criação de um califado, um Estado Islâmico unificando todas as nações de maioria muçulmana, governado por uma califa e regido pela Lei Sahria.

Tal observação indica que Olavo de Carvalho constatara este sentimento supranacional movido pelo sentimento de um único mundo sob a régua do Islã é, de fato, um cenário real, um projeto de poder que deveria tirar o sono de qualquer um que não o deseja, pois, o processo passa pela supressão dos que não comungam daquela fé. Se os indivíduos almejam a criação de um califado, ignorar tal anseio é, na melhor das hipóteses, um grave erro.

Não apenas os muçulmanos, como indivíduos, aspiram a criação de um califado, mesmo nações são adeptas de tal ideia, dentre elas, as mais importantes do mundo islâmico, a Arábia Saudita e o Irã. Se isso não é o suficiente, há os grupos terroristas, que por vezes possuem o braço armado e a representação política como o Hamas, bem como, o processo de islamização da Europa, que resultará, não apenas na ocupação geográfica dos países do velho continente, mas, talvez ainda mais preocupante, a destruição da cultura ocidental e o controle do arsenal de tais países.

Qualquer um, em juízo perfeito, deve se preocupar ao imaginar a hipótese do Irã ter o poderio militar da França, quase de joelhos diante dos seguidores de Maomé, bem como, o governo sírio ter o controle bélico do Reino Unido, que também demonstra claros sinais de fraqueza.

A unificação das nações islâmicas, em se tratando da criação de um Estado que vê no ocidente uma civilização rival, inspira cuidados, entretanto, a flagrante ocupação do continente europeu e o enfraquecimento de países como Canadá. Austrália e Estados Unidos da América, deixam evidente que a situação é de extrema gravidade.

Da autodestruição do ocidente cuidaremos em outra oportunidade. No momento é importante ter em mente que o mundo islâmico é supranacional, em que pese os atritos internos, como as relações entre Sauditas e Iranianos ou Xiitas e Sunitas, a uma identidade maior que une todos aqueles que pertencem a fraternidade muçulmana, sendo um dos motivos das manifestações antissemitas que ocorreram recentemente.

Diferente do ocidente, os muçulmanos compreendem que lutam por uma causa maior e que, mesmo em um confronto menor entre nações, há que se projetar, como meta de longo prazo, a reunião dos povos islâmicos para a criação do califado, que, em nome do Islã, reinará sobre os demais povos. A religião de Maomé tem como um de seus objetivos o exercício do poder político-social, não por acaso o próprio profeta se lançou à condição de governante até sua morte no ano de 632 dC.

Curioso que um profeta, cuja missão seria levar a mensagem de Alá (Allah), assume o poder político e muitos tentam dissociar o Islã da política, separação que só existe nos bancos universitários e no discurso que desvia os olhos dos incautos ocidentais.

Movidos pela cega ambição por poder, os grupos identitários buscam a completa degradação da cultura ocidental, criando um universo no qual, sua loucura possa ser imposta aos outros, de maneira que, paradoxalmente, apoiam os grupos jihadistas que os desprezam. Poderia escrever sobre o tema, mas deixaria de dividir com os leitores um belo achado, o brilhante texto do Professor Eduardo Vieira que, ao ser questionado sobre a defesa do Hamas por pessoas que o grupo terrorista nutre grande desprezo, explica sobre a, no mínimo, inusitada, manifestação dos grupos identitários em favor de um braço terrorista do Califado.

“Essa é uma questão complexa porque sua resposta está nas esferas mais abstratas da realidade política.

Quando se avalia política localmente há que se prestar atenção em indivíduos, em partidos, em cargos e pequenos acordos de poder. Ao se passar para a esfera regional, outros elementos entram em cena.

A conexão entre a esquerda (ignorando a imprecisão do rótulo) e o terrorismo islâmico está lá na última esfera. Nesse nível podemos entender os conflitos do mundo como centrados ao redor da preservação ou destruição da civilização ocidental, com ênfase aos direitos naturais e ao Cristianismo, que está imbricado naqueles.

Neste cenário a esquerda enxerga a violência islâmica (não uso o termo terrorismo porque toda maioria islâmica é violenta contra infiéis) como uma força útil para a destruição do Ocidente. Portanto aplaudem a barbárie.

Outros elementos entram na equação, claro. A esquerda é amoral, portanto a barbárie não a incomoda como perturba pessoas que chamamos de “normais”, como você e eu. Pessoas humanas com senso de moral e ética. Do outro lado temos anti-homens cuja semelhança conosco não vai além da casca e mesmo assim podemos perceber um afastamento cada vez maior.

Na pandemia podia-se perceber um anti-homem com uma olhadela de um segundo, com 95% de precisão.

Mas não termina aí a descida pela toca do coelho. Muitos na esquerda, muito mais que uma mente sadia seria capaz de conceber, desejam implementar barbárie similar. Afastando-se de Deus, da Beleza e da Caridade por décadas essas pessoas decaíram a um nível de puro horror, onde a vida gira em torno do ressentimento e do ódio. É algo feio de se contemplar.

Nessa mistura de ódio e ausência de Deus (não venham me falar de islamismo e Deus) coisas negras como a pedofilia tornam-se pontos de convergência, prêmios de conquista avidamente cobiçados desde a Antiguidade por demônios de carne e osso. É contra tudo isso que lutamos, e daí vem minha, digamos assim, ênfase no esforço máximo de contenção contra essas forças”.

Acredito que a enérgica exposição do Professor Eduardo Vieira foi mais que o suficiente para a compreensão da momentânea e oportuna convergência entre forças paradoxais. Confirmando a lição de Olavo de Carvalho, que explica.

“Embora em princípio as relações entre eles sejam de competição e disputa, às vezes até militar, existem imensas zonas de fusão e colaboração, ainda que móveis e cambiantes. Este fenômeno desorienta os observadores, produzindo toda sorte de interpretações deslocadas e fantasiosas, algumas sob a forma de ”teorias da conspiração”, outras como contestações soi disant “realistas” e “científicas” dessas teorias”.

Em síntese, em sua busca pelo poder, é natural que as elites globais unam-se ou tentem se destruir, como uma espécie de jogo de cartas em que cada um dos naipes faz parte do baralho perseguindo a vitória com todas as suas forças.

Nunca espere um limite moral de déspotas, assim com a ex-presidente Dilma Rousseff, afirmou que seu grupo político faria “aliança até com o Diabo”, se é que não o fez, já houve episódios em que alianças com inimigos da civilização foram celebradas. Como no caso dos espartanos, em 413 a.C, que se aliaram aos persas, uma cultura que enxergava os povos de Hélade (Grécia antiga) como inimigos, para combater os atenienses.

Não raros os casos em que, movidos por interesses pessoais, alguns indivíduos optam por se unirem àqueles que os devorarão assim que possível. O que ocorre com os que clamam por mais poder aos tiranos, adulando o mal que os destruirá.

Que Deus nos proteja e nos ajude a segurar a mão do Rei de Ouros.

Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 37 – ISSN 2764-3867

Sobre o autor

Leandro Costa

Ideias conservadoras estão mudando o Brasil Todas as faces da esquerda, do socialismo mais radical à social democracia levaram nosso país para as trevas, destruíram a moral dos cidadãos e acabaram com os valores. Os conservadores estão tentando, desesperadamente, tirar o Brasil deste caos. Precisamos unir nossas forças enquanto é tempo de salvar nossa nação. Meu nome é Leandro Costa criei este site para divulgar ideias, trabalhos e contar com você para me ajudar a mudar o Rio de Janeiro e talvez o Brasil. Pretendo usar meus conhecimentos para, de fato, ajudar na construção de um mundo melhor. Convido você a fazer parte do meu time de apoiadores, amigos, entusiastas e todos que acreditam em minhas ideias. Defendo o conservadorismo e conto com sua ajuda para tirar o nosso povo da lama que a esquerda nos colocou.

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BIOGRAFIA

Leandro Costa

Servidor público, advogado impedido, professor de Direito, Diretor Acadêmico do projeto Direito nas Escolas e editor-chefe da Revista Conhecimento & Cidadania.

Defensor de uma sociedade rica em valores, acredito que o Brasil despertou e luta para sair da lama vermelha que tentou nos engolir. Sob às bênçãos de Deus defenderemos nossa pátria, família e liberdade, tendo como arma a verdade.

É preciso fazer a nossa parte como cidadãos, lutar incessantemente por nosso povo e deixar um legado para as futuras gerações. A política deve ser um meio do cidadão conduzir a nação, jamais uma forma de submissão a tiranos.

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