Há um ditado antigo, mas certo: “Quem canta seus males espanta”. A música é algo que está presente em tudo, inclusive no universo. Embora não haja propagação de som no espaço, cientistas conseguiram captar emissões de rádio, que são convertidas em ondas sonoras, e o resultado é maravilhoso!
Eu, particularmente, penso que Deus aprecia a música; prova disso é o dom que concedeu ao ser humano de criar tantas obras maravilhosas: Beethoven, Bach, Mozart e tantos outros atestam isso.
Por ser dom de Deus, há na música o quesito espiritual, desprezado por muitos. Santo Agostinho demonstra isso em sua obra “Sobre a música”; nela, ele trata sobre a questão técnica e a espiritual. Vou destacar dois pontos:
“Não te dirijas para fora, volta para dentro de ti mesmo, porque no homem interior habita a verdade; e se descobrires que tua natureza é mutável, transcende-te também a ti mesmo” (Santo Agostinho, uera rel. 39, 72)
O mais importante para Agostinho é o INTERIOR; uma vida com Deus refletirá no seu exterior e, por conseguinte, no seu trabalho musical.
“A voz da verdade não se cala, não clama pelos lábios, mas vocifera do interior do coração” (Santo Agostinho, en. Ps. 57, 2).
A música sempre traz uma verdade, não necessariamente em si, mas que provém do interior do músico. Lembremos do que Nosso Senhor Jesus Cristo disse: “a boca fala do que está cheio o coração.” (Mateus 12:34).
A preocupação da Igreja Católica com a música foi tamanha que houve a proibição do acorde denominado Trítono – chamado de “acorde do diabo” – por ser deveras sombrio. O intervalo é entre as notas G e D#. Curiosidade: o Trítono é semelhante à vinheta do Globo Repórter. Será que era por isso que eu sentia medo quando era criança? (risos).
A citação mais antiga do Trítono é da peça Ordo Virtutum, de Santa Hidelgarda. Ela trata de moralidade; o Trítono aparece quando o diabo é citado. Daí a designação de “acorde do diabo”.
Assim como tudo o que Deus cria é maravilhoso, o diabo deturpa a criação divina para propagar o mal; e, infelizmente, com a música não seria diferente.
Saímos de Beethoven, entramos em MC Pipokinha; saímos de Bach, entramos em MC Poze do Rodo; saímos de Vivaldi e entramos em Anitta. A música foi completamente contaminada pelo mal. O pior: as crianças estão cada vez mais expostas a tudo isso.
Qual o efeito da música no cérebro?
Em 2020 foi publicado um estudo intitulado “Música em nossas mentes: O grande potencial da música para promover a saúde cerebral e o bem-estar mental”, feito pelo Conselho Global de Saúde Cerebral (GCBH, na sigla em inglês). De acordo com a publicação, ouvir, tocar ou compor uma melodia pode gerar uma sensação de bem-estar, reduzir o estresse, facilitar as relações interpessoais, modular o sistema cardiovascular, melhorar o equilíbrio e fortalecer o sistema imunológico sem nenhum efeito adverso.
Agora observem isso:
Em 2015, uma pesquisa da BBC disse que:
“Os sons em staccato crescentes tendem a nos deixar nervosos, enquanto os tons descendentes longos parecem ter um efeito calmante.”
Este estudo mostra que tendemos a reagir de forma positiva para músicas mais calmas e suaves, pois nossa frequência cardíaca não aumenta, o que significa que tendemos a relaxar mais. E o inverso também é verdadeiro.
Falemos dos efeitos benéficos a priori, e trataremos da música clássica para exemplificar.
Em 1993, o físico e professor Dr. Gordon Shaw conduziu um experimento controlado com música clássica. Na Universidade da Califórnia, Shaw tocou Mozart para um grupo de alunos e notou um aumento no nível de QI.
Os pesquisadores acreditam que ouvir música clássica não apenas ajuda a relaxar e nos acalmar, o que nos faz ter um melhor desempenho nas atividades, mas também pode mudar nosso pensamento.
Atenção à frase: MUDAR O NOSSO PENSAMENTO.
Agora falemos dos malefícios.
Peço que o leitor dê atenção à mensagem e não ao mensageiro neste momento. Sigamos a recomendação de São Tomás de Aquino, em seus
“Dezesseis Conselhos para adquirir o tesouro da ciência”: “Não consideres DE QUEM OUVES as coisas, mas tudo o que se disser de bom, confia-o à tua memória”.
Na análise da música Bang!, de Anitta, Nando Moura trata do que chama de “progressões hipnotizantes”, que são aqueles acordes feitos para “grudar na cabeça”. A letra, com sexualidade aflorada e um ritmo hipnótico, faz com que o ouvinte não queira outra coisa senão sexo. É o que ocorre com o funk carioca, por exemplo.
Lembram do que citei acima sobre “mudança de pensamento”? A música “adequada” nos afeta de tal modo que deixamos de querer o que é puro e justo para desejar o que é podre.
Vou trazer outra análise, feita pelo crítico Régis Tadeu, voltando agora para a questão mais espiritual incutida na música.
Em um podcast espiritualista, Régis trata da influência satânica no meio musical. Segundo ele, a banda Coven, em um de seus discos, possui uma missa negra na íntegra.
Régis faz uma análise bem interessante:
“As pessoas ouvem Black Metal porque, no seu inconsciente, elas querem vivenciar a sensação do acordar de um pesadelo.”
A verdade é que a música funciona com uma espécie de “invocação”, para o bem ou para o mal; a música carrega consigo um espírito, logo, dependendo do que ouvirmos, atrairemos aquilo e teremos a MUDANÇA DO NOSSO PENSAMENTO. Percebam como isso é grave!
Como combater isso? A Bíblia dá a receita:
“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” (Filipenses 4:8)
Texto veiculado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. II N.º 32