Sufocados

Sufocados

O ditador soviético Joseph Stalin, um dos piores tiranos da história da humanidade infelizmente conserva admiradores até os dias atuais, a besta em forma de gente que deveria receber o mesmo tratamento do líder nazista Adolf Hitler, segundo relatos, impunha àqueles sujeitos aos seus desmandos que demonstrassem vassalagem incondicional, uma espécie de obediência irrestrita que deveria ser exaltada através do culto à personalidade da nefasta figura e de seu, igualmente bestial antecessor.

O abjeto regime se sustentava pela imposição do medo, do culto aos seus falsos deuses e de serviçais despidos de moral que se alimentavam da carne de seus pares, uma ração aos porcos que sustentavam o poder à custa do povo. A horda estava sempre faminta por bênçãos dos senhores do regime e faria tudo para que a tirania lhe concedesse um “lugar ao sol”.

Uma das formas de demonstração de subserviência imposta pelo líder soviético era o aplauso forçado, uma vez que, em regra, após um discurso do ditador, a plateia se via compelida a aplaudi-lo até que fosse autorizado o cessar da bajulação. Parece algo patético quando observado por alguém que vive em um país livre, ou acredita viver em um, todavia, basta lembrar que qualquer gesto que desagradasse o facínora poderia fazer com que o nome do “insurgente” fosse escrito na lista daqueles que seriam enviados ao sistema Gulag. Havia também a possibilidade de uma espécie de vingança coletiva, como o caso do Holodomor, no qual, para grande parte dos que relataram o nefasto episódio, se verificam fortes indícios de uma retaliação do líder soviético contra um povo que não era favorável à revolução comunista.

O medo se tornou uma arma para os poderosos, haja vista que, assim como em uma sanção legitimamente aplicada, o temor em relação a penalidade possui um caráter pedagógico. Ao perceber que um crítico do sistema, desafeto do ditador ou mesmo aquele que não externasse devoção aos líderes revolucionários tinha um terrível destino como punição, os demais cidadãos restavam amedrontados demais para se erguer face à tirania.

Incutir o pavor é essencial ao regime totalitário, seja ele qual for, considerado que o pânico leva os indivíduos a medidas impensadas, tornando-os reféns dos senhores poderosos. A pandemia de Covid foi um exemplo gritante de como as pessoas tornam-se frágeis em momentos de caos, não questionando medidas arbitrárias, mesmo que injustificadas, cumprindo ordens de governos sem, ao menos, buscar correlacionar qual o nexo causal entre a restrição e a propagação da doença. A fim de melhor ilustrar, basta imaginar as proibições de circulação em determinados horários, como se o vírus propagador da moléstia se recolhesse no período noturno, o que não ocorria.

Uma vez reduzidos a um aglomerado de desesperados diante do caos, os indivíduos reduzem a sua capacidade de raciocínio conforme a pressão aumente e os poucos que conservarem sua lucidez devem ser destruídos, impedindo que alertem o rebanho. Surge assim aquilo que conhecemos como espiral do silêncio, posto que, parte dos cidadãos temem a pesada mão dos tiranos e os demais são, literalmente, atacados para que se calem.

Os que insistem em se arriscar em nome daquilo que acreditam acabam por servir como mártires, sacrificados aos senhores revolucionários como símbolos de devoção incondicional da população. Resta aos indivíduos se curvar à tirania ou ainda pior, serem apontados por acusadores por infrações inventadas.

Os acusadores, covardes que se usam a servidão como escudo, apontam os insurgentes e todos aqueles que os desagradam para que os déspotas que ocupam posição de poder possam promover a execução pública de opositores e desafetos, não apenas como um ato de expurgo ou vendeta, mas, principalmente, pela promoção do medo, aquebrantando a moral dos que assistem atônitos a execução de um inocente, desejando, sobretudo, que tal desgraça não cai sobre seus ombros.

Não por acaso, na extinta, e nada saudosa, União Soviética, os cidadãos denunciavam uns aos outros, uns acreditando colaborarem com a justiça e outros, para obterem vantagem junto ao Estado, seja mero reconhecimento, por fim, os mais desprezíveis eram aqueles que o faziam para subjugar seus desafetos.

Apenas como hipótese, se um tirano aplica, de forma injustificada, uma sanção como execução, prisão, ostracismo, censura ou cassação a um nobre, político, magistrado ou oficial de alto escalão, o principal efeito não é o mal causado e sim o temor que nascerá no coração daqueles que, sem a proteção de um título de nobreza, prerrogativa de cargo ou patente, estarão sujeitos a abusos, que poderão ser ainda piores, por parte do nefasto detentor do poder.

O acusador, por sua vez, encontrar-se-á preso entre os sentimentos de medo e poder, como aquele estereótipo do capanga de um antagonista perverso, que se submete aos caprichos de seu senhor para exercer uma forma de poder sobre terceiros, mesmo entregando sua dignidade. Uma criatura abjeta que, acreditando no poder de seus mestres, persegue como um cão de caça todos aqueles que representem ameaça ao sistema ao qual jurou vassalagem, ao passo que teme os poderes daquele que serve.

Traduzindo-se como um grande clichê cinematográfico, a figura ignóbil se regozija diante do sofrimento de indivíduos que não se curvam à sua vontade, assumindo uma postura intermediária de poder, trocando a humilhante escravidão por favores e riquezas. Por isso, nós, que somos alienígenas em relação às sociedades nazista, fascista, socialistas, como a soviética, a chinesa, a cubana ou a norte-coreana, temos dificuldades de assimilar como indivíduos serviram de olhos e ouvidos da tirania implantada naqueles países.

Não faltam exemplos de cães de caça do sistema, sendo os mais clássicos os que denunciavam judeus ao regime nazista, e os mais atuais, aqueles que vigiavam festas de aniversário na pandemia, perseguiam não vacinados e os que apontaram judeus em universidades norte-americanas em sua defesa do grupo jihadista Hamas, dissimulada de apoio aos palestinos. Na revolução francesa e soviética não faltaram indivíduos desalmados que se entregaram à missão de entregar quem não era totalmente favorável aos revolucionários.

De fato, alguns se prestam ao malfadado papel de caçadores por medo ou por acreditarem nos ideais revolucionários, não sendo, de qualquer forma, sujeitos que conservem a moral, tendo em vista que, apesar de movido pelo medo, a sujeição à vontade de tiranos deve ser evitada e, por outro lado, os que realmente compactuam dos ideais revolucionários, comungam da maldade de seus líderes. A tirania só é capaz de sufocar as liberdades quando consegue controlar, por convencimento, medo ou favores grande parte dos cidadãos, entretanto, o convencimento não funcionará com a maior parte dos indivíduos, uma vez que, sendo os revolucionários relativistas, pedirão que os indivíduos se desnudem dos conceitos de certo e errado, de bem e mal, fazendo com que pratiquem, como forma de ritual macabro de devoção, atos que não o fariam em situação normal.

Os lamentos dos norte-coreanos em razão da morte do pai do atual ditador daquele país são claro exemplo de humilhação exigida como prova de devoção, contudo, há diversos exemplos mais esdrúxulos que poderiam ser mencionados, como sujeitar crianças a experimentos de ordem irreversível em nome de ideologias que pregam a suposta defesa de grupos minoritários, ainda que sejam seus próprios filhos.

Estes agentes, tão nocivos quanto seus mestres, acabam por causar o mal a inúmeros cidadãos, pois, a fim de receberem o reconhecimento dos tiranos, buscam, cada vez mais, caçar novas vítimas, de certa forma, mostrando eficiência e lealdade. É indispensável que a sociedade, em geral, relegue tais criaturas ao ostracismo natural que merecem, nota-se que não se trata de uma punição formal aplicada pelo poder estatal, mas o abandono merecido em razão do amadurecimento dos membros de uma determinada sociedade.

O grande mestre no campo da comunicação é a mídia mainstream, portanto, aliciando ou destruindo, da mesma forma que todo aquele que se coloca como intermediário do poder, a grande mídia busca sufocar a comunicação descentralizada, corrompendo aqueles que pretendam servir ao poder como todos os acusadores o fizeram no passado.

A mídia mainstream tem sofrido os efeitos do ostracismo natural, sendo gradualmente abandonada pelo público em razão de sua perda de credibilidade, não por ataques coordenados como tenta, em mais uma frustrada tentativa, convencer as pessoas, mas devido ao descrédito conquistado por sua desfaçatez no tratamento dispensado ao público. Se por vezes não se importa em tratar o receptor da mensagem como um total incapaz, abusando dessa suposta ignorância para corromper a informação, em outras ocasiões, assume papel com clara vertente ideológica negando a presença de tal inclinação, tão somente para se rotular, falsamente, como isenta em relação às notícias.

A falência de um meio de comunicação não se mede pelo volume de suas operações financeiras, em que pese haja relevância em tal indicador, mas pela capacidade de convencimento e credibilidade que goza junto ao público em geral. Quando um determinado canal ou influenciador torna-se incapaz de arrebanhar um número de seguidores, especialmente quando sua missão é inserir no imaginário popular determinado comportamento que deseja conduzir, está desgraçadamente destruída em sua essência.

A mídia mainstream tão acostumada a tratar seus espectadores como meros receptores acéfalos de sua propaganda inserida na informação, por vezes até suprimindo toda a informação, perdeu o respeito pelo destinatário da mensagem, frequentemente, tratando com desdém valores que são caros ao público em geral. Assumindo o rótulo, fantasioso, de opinião pública, os grandes meios de mídia conseguiram convencer os governos e grande parte da população de que sua opinião editorial era a opinião do povo, ao menos em sua maioria.

A grande imprensa se aproveitava do fato do povo não ter um canal para propagar sua voz, por isso, insinuava, com sucesso, que a voz do povo era aquela que se propagava pela opinião do jornalista, o melhor termo seria comunicador, mas a expressão jornalista, a despeito de sua terminologia acadêmica, melhor se enquadra para exprimir aqui o profissional que, mesmo sem formação específica, fala em um determinado veículo de imprensa.

Fazendo-se passar pela opinião pública, sem quaisquer meios de legitimidade, a imprensa assumiu uma face do poder, a propaganda que convencia as pessoas, por vezes forçando políticos, dependentes de apoio popular, a se dobrarem diante de seus anseios, entretanto, nascera um conluio entre a propaganda e o uso do poder efetivo, de maneira que a mídia e o Estado se seduziram mutuamente em uma espécie de dança macabra, criando assim o estamento burocrático como o conhecemos. Evidentemente, o crime organizado e outras associações tornaram-se parte do estamento, todavia, não é o foco em se tratando de liberdades.

Com o surgimento de meios que possibilitavam aos indivíduos a interação, em síntese, viabilizando que cada um pudesse expor suas visões, ou seja, opinar em seu próprio nome, retirando da mídia mainstream a falsa bandeira na qual se autoproclamava a voz do povo. Em verdade, calar a informação descentralizada simboliza a restauração do título de opinião pública à grande mídia.

Os cães de caça, mesmo os que ascenderam a um determinado status social no seio da mídia descentralizada, passaram a propagar que a liberdade de expressão deve ser relativizada, calando toda a voz dissonante da opinião do estamento, assim, retoma-se a tática da espiral do silêncio, de maneira que o controle sobre a informação, bem como, a opinião popular, na verdade a opinião do cartel de imprensa, seja alinhada aos anseios dos poderosos.

Acreditam que aqueles que servirem de forma mais aguerrida serão convidados às dependências dos suntuosos palácios dos líderes revolucionários, não custa observar como alguns dos influenciadores mais famosos e alinhados ao estamento acabam participando de produções da grande mídia, sendo, nitidamente, acolhidos em troca de sua vassalagem.

O idiota útil é uma figura extremamente perigosa, justamente, por sua servidão ser consequência de sua ausência de moral. A tirania se serve de tais figuras como cães esticando seu alcance em razão de seus préstimos, todavia, não há lealdade ou consideração entre aqueles que buscam um lugar no imaginário “Olimpo” dos déspotas senhores da revolução.

Como o mal se destrói por si, a queda daqueles que adulam poderosos tiranos precederá a de seus próprios líderes, devemos sempre observar que o navio afundará afogando os que estão nas camadas mais baixas, certo que pedirão por ajuda aos mesmos que outrora ajudaram a perseguir. Permanecendo, prudentemente vigilantes, que não nos deixemos sufocar, mesmo que, por enquanto, não possamos dizer tudo aquilo que percebemos.

Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 41 – ISSN 2764-3867

Sobre o autor

Leandro Costa

Ideias conservadoras estão mudando o Brasil Todas as faces da esquerda, do socialismo mais radical à social democracia levaram nosso país para as trevas, destruíram a moral dos cidadãos e acabaram com os valores. Os conservadores estão tentando, desesperadamente, tirar o Brasil deste caos. Precisamos unir nossas forças enquanto é tempo de salvar nossa nação. Meu nome é Leandro Costa criei este site para divulgar ideias, trabalhos e contar com você para me ajudar a mudar o Rio de Janeiro e talvez o Brasil. Pretendo usar meus conhecimentos para, de fato, ajudar na construção de um mundo melhor. Convido você a fazer parte do meu time de apoiadores, amigos, entusiastas e todos que acreditam em minhas ideias. Defendo o conservadorismo e conto com sua ajuda para tirar o nosso povo da lama que a esquerda nos colocou.

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BIOGRAFIA

Leandro Costa

Servidor público, advogado impedido, professor de Direito, Diretor Acadêmico do projeto Direito nas Escolas e editor-chefe da Revista Conhecimento & Cidadania.

Defensor de uma sociedade rica em valores, acredito que o Brasil despertou e luta para sair da lama vermelha que tentou nos engolir. Sob às bênçãos de Deus defenderemos nossa pátria, família e liberdade, tendo como arma a verdade.

É preciso fazer a nossa parte como cidadãos, lutar incessantemente por nosso povo e deixar um legado para as futuras gerações. A política deve ser um meio do cidadão conduzir a nação, jamais uma forma de submissão a tiranos.

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