O reino de Bradzorden e a princesa Demokratia

O reino de Bradzorden e a princesa Demokratia

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, negócios, eventos e incidentes são produtos da imaginação do autor. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, ou eventos reais é mera coincidência.

CAPÍTULO I

Se queres a paz, prepara-te para a guerra

Era uma vez, há muito tempo atrás, em uma terra muito distante, existia um reino chamado Bradzorden. Era uma terra muito rica e bela, habitada por fadas, bruxas, bruxos, e que era governada com sabedoria por uma princesa. Seu nome era Demokratia, e esta é sua estória – ou ao menos é o que contam os mitos e as tradições repassadas pelos antigos oráculos do tempo.

Demokatia era jovem e bela, um tanto frágil, mas possuidora de uma sabedoria a ela concedida pelo deus Populus. Assim, Demokratia servia também de porta-voz do deus Populus entre seus súditos. Em razão de sua fragilidade, a princesa carecia de proteção, zelos e cuidados. Para tal missão, a princesa escolheu três nobres cavaleiros que de tempos em tempos podiam ser substituídos, para garantir que nenhum deles se encantasse por sua beleza. Seus nomes eram: Lairus Bonium, Roger Pax e Alex Morus. A cada um dos cavaleiros foi dado um instrumento mágico. A Lairus foi dada uma espada que tinha o poder de ferir toda a camarilha de bárbaros bandidos, que buscavam se aproveitar de Bradzorden e da princesa Demokratia. A Roger Pax foi dada a Pena Invisível, pois com ela era possível tornar possíveis os desejos e sonhos da princesa Demokratia. A Alex Morus foi dada a Balança dos Justos que permitia medir o peso dos corações dos habitantes, conhecendo assim suas intenções e impedindo o acesso dos maus ao palácio da princesa.

O povo de Bradzorden vivia sob a proteção das muralhas de seu reino, sob os auspícios de sua princesa e garantidos por seus cavaleiros protetores. Havendo independência e equilíbrio entre os cavaleiros, a princesa reinaria pelos séculos dos séculos.

Como em toda estória de princesas e cavaleiros, reviravoltas acontecem…

Um antigo cavaleiro, que outrora jurara defender a princesa Demokratia, chamado Lucius Lúpus, o qual acabou por invejar sua beleza, de tal modo que passou a desejar possuí-la, acabou sendo encarcerado por não usar sua espada na defesa de Bradzorden. Sua inveja e sua ira cresceram a cada novo dia no calabouço de Bradzorden até que, consultando um antigo bruxo, e seu nome era Iotha Fontain, Lucius recebeu instruções sobre como poderia conquistar Bradzorden e finalmente possuir o objeto de seu desejo.

– Meu dileto pupilo, reconheço em teu coração a fúria daqueles que buscam experimentar o sabor do sangue dos desafetos. Tua condição momentânea te impede de dar vazão a teus instintos…

Subitamente o bruxo foi interrompido.

– Mestre como assim, “momentaneamente” ? Me encontro no mais abjeto ostracismo em razão da ação de meus inimigos, como poderei alterar minha infeliz condição e novamente ser o cavaleiro escolhido pelo sábio coração da princesa Demokratia? Só assim poderei possuí-la!

– Pobre criança, tuas palavras demonstram o quão pouco sabes das antigas artes ocultas, dos encantamentos e das maldições. Vamos tomar o coração da princesa, o que é diferente de vencer a disputa pelo valioso coração.

Tomado de espanto, mas, ao mesmo tempo, renovado em seus desejos, Lucius esperou.

Tempos depois, o bruxo Iotha se materializou diante do cavaleiro Alex Morus e lançou sobre ele um encantamento que o tornou em um títere servil. A partir daquele momento Morus e a Balança dos Justos estavam a serviço do bruxo Iotha e de seu pupilo Lucius.

No tempo devido, a princesa Demokratia se recolheu em sua sala secreta buscando ouvir novamente a voz do deus Populus. O deus diria quem substituiria o cavaleiro Lairus. Por detrás de uma cortina, oculto ao olhar da princesa, espreitava o cavaleiro Morus. Durante a meditação da princesa, Morus invocou os poderes de sua balança mágica e faz surgir na mente da princesa a imagem do coração de Lucius. Em sua visão o coração era leve como uma pluma, isento de máculas. Num átimo de tempo, impressionada, a princesa abre seus olhos e decidida, saindo da sala secreta, irrompe os corredores de seu palácio ansiando fazer saber a todos que Lucius Lúpus era o escolhido.

Entrementes, os camponeses de Bradzorden se encontravam divididos. Alguns haviam sido encantados pelo bruxo Iotha, outros que haviam ingerido uma antiga poção, trazida por um eremita de nome Olaph Arbóreus, feita da seiva da árvore sagrada Redyphilum Liberus, conseguiam ver o que não podia ser visto, ouvir o que não podia ser ouvido. Estes últimos se indignavam e marchavam pelas ruas e praças rogando que o nobre cavaleiro Lairus impedisse o desfecho daquela tragédia que se anunciava. Mas nada aconteceu!

Lucius saiu do calabouço que o retinha e retomou seu antigo lugar, recebendo de volta a preciosa espada. Lairus fugiu para um reino distante onde permaneceu longos dias entregue à tristeza. A princesa Demokratia em sua fragilidade ficou à mercê de seus inimigos e, o cavaleiro Roger Pax permanecia inerte, expectador passivo dos fatos.

Nas ruas, os camponeses clamavam pelos guardas do palácio, para que saciassem sua sede de justiça. Sem que pudessem imaginar, enquanto diziam o que não podia ser dito, ingênuos que eram, eram observados. Por detrás de uma das cortinas que impediam a luz de acessar os recônditos do palácio da princesa Demokratia, olhos vermelhos os fitavam.

– Estas vozes precisam ser caladas, precisamos impor regulamentos que impeçam esse populacho de se opor à nossa vontade.

Era o bruxo Iotha…

CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO

Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. II N.º 30

Leia também o artigo: O que aprendemos com a história do mesmo autor.

Sobre o autor

Mauricio Motta

Mauricio Motta - Professor licenciado em História Pós-graduado em História do Brasil e colunista na Revista Conhecimento & Cidadania.

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BIOGRAFIA

Leandro Costa

Servidor público, advogado impedido, professor de Direito, Diretor Acadêmico do projeto Direito nas Escolas e editor-chefe da Revista Conhecimento & Cidadania.

Defensor de uma sociedade rica em valores, acredito que o Brasil despertou e luta para sair da lama vermelha que tentou nos engolir. Sob às bênçãos de Deus defenderemos nossa pátria, família e liberdade, tendo como arma a verdade.

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