A amada sopa de pedra

A amada sopa de pedra

Muitos podem não lembrar da tão contada fábula de Pedro Malasarte e a sopa de pedra, um conto infantil, mas que pode traduzir o quão tolo pode ser alguém quando cego pela aparente vantagem oferecida. Antes é preciso apresentar, ao que não conhecem, a versão mais comum aos portugueses, posto que, existe uma versão em que um frade viajante é o criador da famosa sopa.

Na versão lusitana, o frade tão somente ensina o povo como a caridade e a colaboração voluntária pode ser benéfica à sociedade, tratando-se de um exemplo de como um grupo de indivíduos pode ganhar mais quando soma os esforços. Por mais que um revolucionário argumente que tal ação é populista ou, como de costume, tente sequestrar a ideia de caridade ou esforço mutuo como elementos de propriedade das hordas coletivistas, é importante observar que a colaboração voluntária, na qual o indivíduo, de forma facultativa, cede aos mais necessitados é oposto aos regimes que prometem dilapidar dos mais ricos em favor dos mais pobres, quando na verdade apenas aumentam a riqueza de parasitas gigantes e poderosos.

Por outro lado, sendo uma premissa aos revolucionários coletivistas que a riqueza decorre da expropriação de outrem, fazendo da economia uma regra de soma zero, haja vista que, acreditam que todo aquele que enriquece, o faz subtraindo, empobrecendo outros. Isso se explica pela própria mentalidade de seus líderes, que, de fato, enriquecem surrupiando a riqueza alheia em nome de uma falsa promessa de redistribuição que nunca chegará.

Conclui-se que a lição trazida pelo frade português nada tem a ver com a narrativa coletivista, sendo uma prática cristã de caridade e de crescimento fraterno. Distante portanto de uma imposição de tianos que exigem a divisão dos bens das varandas de seus suntuosos palácios.

A sopa de pedra que se pretende tratar é a do conto mais popular no Brasil, cujo protagonista é o sorrateiro Pedro Malasartes, a lição a ser extraída deve ser, no momento atual, servir de alerta ao nosso povo.

O astuto Pedro, em uma das versões motivado pela fome e noutra buscando vencer uma aposta, ao se deparar com uma senhora sovina, que tinha uma farta horta e alguns animais, pediu permissão para cozinhar uma sopa nas terras da senhora. Em uma das versões a dona das eras apresentada como uma bruxa, mas isso pouco faz diferença.

A mulher, em um primeiro momento, afirma que não dará nenhum alimento para Pedro, que responde só precisar de um lugar para cozinhar sua sopa, uma vez que se tratava de uma sopa de pedra, não sendo necessários quaisquer outros ingredientes além de pedras limpas e água. Assim matava sua fome sem ter de gastar um tostão.

A senhora permite que Malasarte faça sua sopa, entretanto, a narrativa do malandro Pedro atiça a curiosidade da avarenta, uma vez que, se aprendesse a receita, poderia economizar muito, alimentando-se de pedras que abundavam na região. Logo, acreditando estar diante de uma oportunidade de enriquecimento fácil e julgando-se astuta, a senhora se aproxima de Pedro e indaga-o quanto à tal sopa.

Malasarte então coloca pedras limpas em uma panela e um pouco de água do riacho, acende uma fogueira e começa o cozimento, sempre disposto a responder as perguntas feitas pela mulher. Questionando se tal sopa era nutritiva ou mesmo se as pedras não lhe quebrariam os dentes, o que Pedro respondia de forma convincente, afirmando que a sopa alimentava como qualquer outra e que devido ao tempo de cozimento as pedras ficavam macias.

Pedro pergunta se a senhora poderia lhe ceder algum tempero para adicionar na sopa, seno retrucado pela senhora, “precisa de tempero?”. O astuto Malasarte responde, ‘claro que não, porém, se adicionarmos temperos ela ficará ainda melhor, pois as pedras ficaram macias e temperadas”.

Relutante, contudo, curiosa e movida pela avareza, a senhora oferece a Pedro um pouco de tempero, levando ao movimento o esperto viajante a seu próximo passo. Solicita um pouco de batatas e cenouras, o que, mais uma vez, causa uma reação negativa, que fora contornada diante da mesma alegação, que a sopa tornar-se-ia mais rica em sabor. Novamente a senhora cede ao pedido de Malasarte.

Por fim, o astuto viajante pede um pouco de carne, gerando uma reação ainda mais ríspida de sua vítima, todavia, Pedro sabia o que estava fazendo e alega que a sopa, como dito antes, não precisava de quaisquer daqueles ingredientes, por outro lado, como seria a primeira vez que a senhora a provaria, queria que a receita fosse a mais completa possível, dando a mais rica experiência de sabor. Se tratando de uma ocasião especial, não sendo a regra da receita da sopa.

Vendo que o cheiro que exarava da panela era muito bom, a senhora, já salivando, entrega um pedaço de carne para Malasarte que adiciona o ingrediente final à sopa. Assim que a sopa está pronta, Pedro serve um prato a sua anfitriã e se serve com fartura, deixando as pedras na panela.

Ambos comem a sopa e Pedro atira as pedras ao solo, desfazendo-se do que seria o ingrediente principal. A senhora, indignada, pergunta, “não comeremos as pedras?”. Malasarte, sorrido responde, “a sopa estava ótima, mas as pedras são só para enganar a senhora (em outra versão, a bruxa)”.

Pedro se retira, saciando sua fome ou vencedor da aposta, após comer uma sopa em que todos os ingredientes foram dados pela senhora mais avarenta da região, tirando vantagem daquela que se julgava esperta, não por sua generosidade, mas por sua vontade de aproveitar-se de uma receita “milagrosa” que não sabia ser uma mentira.

Diante de promessas de prosperidade sem esforço, de ganhos surreais e de acolhimento sem reprimendas quanto aos erros, alguns indivíduos comportar-se-ão com a avarenta senhora que entrega os ingredientes para a sopa de pedra que, na verdade, se resume àquilo que a própria pessoa se dispôs a entregar ao astuto cozinheiro. As falsas promessas são como panelas com pedras e água nas quais os incautos, ávidos por riquezas, poder ou reconhecimento colocam seus ingredientes e, se tiverem sorte, receberão parte deles, alimentando os enganadores.

De governos assistencialistas às casas de apostas, passando por grupos de mídia, influenciadores e estatais, há diversos tipos como Malasarte dispostos a oferecerem uma solução mágica em troca de tudo que puderem colocar em seus caldeirões.

A fascinação por uma oportunidade de ganho fácil ou por se sentir parte de uma tribo pode ser a fraqueza daqueles que se julgam espertos demais para caírem em uma armadilha, sendo os alvos prediletos dos astutos.

Convido o leitor a observar quantas senhoras avarentas estão por aí, acreditando que nunca serão alcançadas pelas presas de um predador sorrateiro, iludindo-se ao ponto de investir, ou delegar poderes, ao pior tipo de aproveitador. Por outro lado, é preciso também considerar com quantos tipos de Pedro Malasarte nos deparamos diariamente, percebendo que, talvez nossa sociedade esteja impregnada de trapaceiros que almejam tirar vantagens uns dos outros, inventado a cada dia mais uma sopa de pedra.

Doces sonhos são feitos disso

Quem sou eu para discordar?

Eu viajei pelo mundo e pelos sete mares

Todo mundo está à procura de algo

Alguns deles querem te usar

Alguns deles querem ser usados por você”

Sweet Dreams – Eurythmics

Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 38 – ISSN 2764-3867

Sobre o autor

Leandro Costa

Ideias conservadoras estão mudando o Brasil Todas as faces da esquerda, do socialismo mais radical à social democracia levaram nosso país para as trevas, destruíram a moral dos cidadãos e acabaram com os valores. Os conservadores estão tentando, desesperadamente, tirar o Brasil deste caos. Precisamos unir nossas forças enquanto é tempo de salvar nossa nação. Meu nome é Leandro Costa criei este site para divulgar ideias, trabalhos e contar com você para me ajudar a mudar o Rio de Janeiro e talvez o Brasil. Pretendo usar meus conhecimentos para, de fato, ajudar na construção de um mundo melhor. Convido você a fazer parte do meu time de apoiadores, amigos, entusiastas e todos que acreditam em minhas ideias. Defendo o conservadorismo e conto com sua ajuda para tirar o nosso povo da lama que a esquerda nos colocou.

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BIOGRAFIA

Leandro Costa

Servidor público, advogado impedido, professor de Direito, Diretor Acadêmico do projeto Direito nas Escolas e editor-chefe da Revista Conhecimento & Cidadania.

Defensor de uma sociedade rica em valores, acredito que o Brasil despertou e luta para sair da lama vermelha que tentou nos engolir. Sob às bênçãos de Deus defenderemos nossa pátria, família e liberdade, tendo como arma a verdade.

É preciso fazer a nossa parte como cidadãos, lutar incessantemente por nosso povo e deixar um legado para as futuras gerações. A política deve ser um meio do cidadão conduzir a nação, jamais uma forma de submissão a tiranos.

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