Gogue & Magogue

Gogue & Magogue

Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.(João 14:27)

Em 7 de outubro de 2023, mais uma peça do quebra-cabeça apocalíptico foi posicionada. O ataque perpetrado pelo grupo terrorista Hamas contra cidadãos civis a partir da fronteira com a Faixa de Gaza causou mortes e resultou no sequestro de tantas outras vítimas inocentes. Tais fatos, apesar de profundamente tristes e lamentáveis, não podem mais ser encarados como novidades. Os conflitos entre israelenses e fundamentalistas têm deixado rastros de sangue e morte. Infelizmente, há algo que, ainda que não seja tão terrível quanto aqueles conflitos, tem causado profundos danos à percepção e compreensão da realidade: a desinformação – aparentemente proposital – que tem sido promovida por meios de comunicação, governos e entidades não governamentais. Os “consumidores” daquela desinformação são as pessoas comuns, vulgarmente representadas em seu conjunto como “opinião pública”.

Em nossas pesquisas, encontramos dificuldades para encontrar referências ao 7 de outubro quando partimos das notícias mais recentes sobre o conflito. Apenas quando pesquisamos notícias referentes diretamente àquela data é que encontramos as reportagens. Assim, percebemos que para o leitor comum e desavisado, a imagem que facilmente se delineia é a de que Israel tem atacado indiscriminadamente e injustificadamente a população palestina. Infelizmente, a campanha difamatória contra Israel não tem respeitado a História nem a memória dos fatos (alguns bem recentes).

As tentativas por parte de Israel para chegar a um acordo com os grupos que supostamente defendem os interesses do sofrido povo palestino são antigas. Muitas vezes as mesas de negociação foram campos de batalha e, ao menos uma vez foi abandonada, mas não por Israel. Muitos governantes buscaram intermediar acordos sem obter sucessos duradouros. No entanto, a imagem que persiste é a de um Estado tirânico que não respeita mulheres, crianças, idosos, hospitais, escolas, civis – um Estado que é acusado de praticar genocídio contra um povo. O Estado é o de Israel, o povo é o palestino.

Não resta dúvida de que é necessário resgatar a verdade, e apresentar uma linha do tempo que traga luz aos fatos, dando condições de demonstrar que Israel tem buscado a paz, mas vem sendo tolhido repetidamente.

Após o fim da Primeira Guerra Mundial, representantes sionistas e árabes palestinos participaram da Conferência de Paz de Paris para discutir o futuro do Mandato Britânico na Palestina. No entanto, as divergências sobre o estabelecimento de um Estado judeu na região resultaram em falta de acordo.

Em 1947, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a Resolução 181, que propôs a partilha da Palestina em dois estados independentes: um estado judaico e um estado árabe. Os líderes judeus aceitaram o plano de partilha, mas os líderes árabes rejeitaram-no, argumentando que era injusto para os palestinos e violava seus direitos. Isso resultou em conflitos armados, incluindo uma guerra civil na Palestina e, posteriormente, na Guerra Árabe-Israelense de 1948, que teve início logo após a declaração de independência de Israel em 14 de maio de 1948.

O Plano Rogers, proposto pelo Secretário de Estado dos Estados Unidos, William P. Rogers, em 1970, incluía disposições relacionadas aos palestinos e à questão dos territórios ocupados. O plano buscava estabelecer um acordo de paz abrangente entre Israel e os países árabes, que incluiria uma solução para o conflito israelense-palestino.

Embora o Plano Rogers tenha se concentrado principalmente em facilitar um acordo entre Israel e os países árabes, ele reconheceu a importância de resolver a questão palestina como parte integrante de uma solução abrangente para o conflito no Oriente Médio. No entanto, o plano não teve sucesso em produzir um acordo duradouro entre as partes envolvidas.

Os Acordos de Camp David foram negociados durante uma cúpula histórica realizada em Camp David, Maryland, Estados Unidos, em setembro de 1978. A cúpula foi mediada pelo presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, e envolveu o presidente egípcio Anwar Sadat e o primeiro-ministro israelense Menachem Begin.

Os Acordos de Camp David estabeleceram os princípios básicos para uma resolução pacífica do conflito israelense-palestino e do conflito israelense-egípcio. Eles incluíram um compromisso para negociar uma solução autônoma para os palestinos e o retorno do Sinai ao controle egípcio.

Embora os Acordos de Camp David tenham estabelecido uma base para a paz, eles não resultaram em um acordo abrangente sobre os territórios palestinos ou sobre o status final de Jerusalém.

Os Acordos de Oslo, assinados em 1993 entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), liderados respectivamente pelo então primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin e Yasser Arafat representaram um avanço significativo. Esses acordos estabeleceram um processo de paz gradual e a autonomia palestina em partes da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. No entanto, as negociações subsequentes enfrentaram obstáculos, e um acordo final abrangente não foi alcançado. Por um lado, Israel relutava em conceder novas áreas temendo a continuidade dos ataques terroristas a seu território e cidadãos. Por outro lado, a OLP questionava a expansão dos assentamentos judeus em áreas da Faixa de Gaza e Cisjordânia o que representaria uma ameaça à autonomia palestina.

A Cúpula de Camp David, ocorrida em julho de 2000, foi uma nova tentativa histórica de alcançar a paz entre Israel e os palestinos. Aquele encontro crucial, mediado pelo presidente dos Estados Unidos na época, Bill Clinton, reuniu o líder palestino Yasser Arafat e o primeiro-ministro israelense Ehud Barak em uma busca por um acordo abrangente para resolver o conflito de décadas no Oriente Médio.

As negociações durante a Cúpula de Camp David foram intensas. Sob a mediação dos Estados Unidos, Arafat e Barak discutiram questões cruciais, incluindo o status de Jerusalém, os refugiados palestinos, as fronteiras e os assentamentos israelenses nos territórios ocupados. Todavia, Arafat abandonou a mesa de negociações da Cúpula de Camp David, apesar de Israel ter oferecido concessões territoriais significativas aos palestinos. Durante as negociações em Camp David, o primeiro-ministro israelense Ehud Barak fez uma oferta que incluía a proposta de estabelecer um estado palestino em mais de 90% da Cisjordânia e parte da Faixa de Gaza, além de propor um acordo sobre o status de Jerusalém. Arafat recusou a oferta, citando preocupações com a soberania palestina, a questão dos refugiados palestinos e o status de Jerusalém. A recusa de Arafat em aceitar a oferta de Barak foi seguida pelo início da Segunda Intifada, um período de violência intensa entre israelenses e palestinos que eclodiu em setembro de 2000.

A Conferência de Annapolis, ocorreu em 27 de novembro de 2007 na academia naval norte-americana, em Maryland, Estados Unidos, e buscou reviver as negociações de paz entre Israel e a Autoridade Palestina. Embora tenha proporcionado mais um fórum para o diálogo, as negociações subsequentes não produziram resultados significativos pois, como em uma reprise de um antigo filme, agora remasterizado, as mesmas questões fundamentais entravaram qualquer avanço.

Em 29 de julho de 2013, o então Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, liderou as “Conversações de Paz entre Israelenses e Palestinos”, mais uma iniciativa de paz. No entanto, as negociações estagnaram em razão das mesmas questões já citadas.

Alcançamos 2020 e observamos os Acordos de Abraão, que foram uma série de acordos de regularização das relações entre Israel e alguns países árabes. Esses acordos foram mediados pelos Estados Unidos sob a administração do presidente Donald Trump e envolveram os Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos.

Os Emirados Árabes Unidos e Bahrein foram os primeiros países a formalmente normalizar suas relações com Israel em agosto e setembro de 2020, respectivamente. Ambos os países concordaram em estabelecer relações diplomáticas plenas, incluindo a abertura de embaixadas, cooperação em diversas áreas, como tecnologia, turismo e segurança, além de permitir voos diretos entre os países.

O Sudão também anunciou sua intenção de retomar as relações com Israel. Os dois países concordaram em cooperar em várias áreas, incluindo agricultura, comércio e segurança. Seguindo a mesma Linha o Marrocos também anunciou sua intenção de retomar as relações com Israel.

Os Acordos de Abraão representaram um avanço significativo rumo à paz na região do Oriente Médio, muito embora não tenham abordado diretamente a questão do conflito israelense-palestino, eles tiveram várias implicações que poderiam potencialmente impactar positivamente a situação dos palestinos pois representaram uma mudança significativa na abordagem dos países árabes em relação a Israel. Anteriormente, a questão das relações bilaterais era amplamente condicionada a um acordo de paz abrangente que incluísse os palestinos. No entanto, os Acordos de Abraão indicaram uma disposição de alguns países árabes em estabelecer relações com Israel independentemente do progresso no processo de paz israelense-palestino. De certo modo esta quebra de paradigma poderia indicar alguma validação dos esforços israelenses frente aos palestinos.

Diante das longevas e persistentes tentativas de alcançar um acordo de paz, mediadas por diversos líderes, em princípio se tornaria incompreensível que a questão israelense-palestina não tivesse chegado a bom termo, principalmente quando considerássemos a oferta de terras na Cúpula Camp David. Mas para alcançar uma melhor compreensão é necessário observar as influências e interesses exteriores aos acordos de negociação entre os dois povos.

É conhecida a hostilidade de setores fundamentalistas islâmicos em relação a Israel e à sua própria existência como um povo ou Estado. O Aiatolá Khomeini que esteve à frente do Irã entre 1979 e 1989, declarou certa vez que Israel era “inimigo do islã” e comumente costumava chamar Israel de “Pequeno Satã”. A sombra de Khomeini parece se manter onipresente sobre a mentalidade das atuais lideranças iranianas. O Aiatolá Ali Khamenei, atual líder supremo do Irã, mantendo a mesma linha de seu antecessor – Khomeini – se referindo a Israel afirmou em 2012 que Israel é uma “excrescência artificial no Oriente Médio que irá desaparecer”. Disse ainda que a “estrela da esperança (…) também irá brilhar pelos palestinos e sua terra islâmica será devolvida definitivamente à nação palestina”.

O ex-presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou em 2010 que “as negociações de paz entre Israel e palestinos são fúteis e condenadas ao fracasso”, acrescentando que “o destino da Palestina será decidido na Palestina e por meio da resistência, e não em Washington”. Para um bom entendedor, suas falas transmitiam a seguinte mensagem: não há qualquer intermediação, não ao diálogo, sim ao conflito armado.

A paz que Israel busca, aquela recitada em Salmos 122 6:7 “Orai pela paz de Jerusalém; prosperarão aqueles que te amam. Haja paz dentro de teus muros, e prosperidade dentro de teus palácios”, aquela paz aparentemente está reservada ao futuro, não exclusivamente pela ação dos homens que a buscam, mas pela intervenção do Criador. A mão de Israel tem se estendido à paz, o que não impede que suas mãos também lutem pelo seu direito de defesa e instinto de autopreservação. Outras mãos renegam a paz e dela fogem. A luta travada pela causa palestina não é a luta pelos palestinos, é definitivamente a luta contra Israel. Pactuam, articulam, conspiram pela eliminação da “figueira”, conscientes de que o frágil poder humano tem prazo de validade, e agora o seu tempo é curto. Se todos os acordos humanos falharam até aqui, se todos os esforços foram vãos, se os inimigos cercam as muralhas de Israel, é sinal de que a verdadeira paz se aproxima.

“(…)Virás, pois, do teu lugar, do extremo norte, tu e muitos povos contigo, montados todos a cavalo, grande ajuntamento, e exército poderoso, E subirás contra o meu povo Israel, como uma nuvem, para cobrir a terra. Nos últimos dias sucederá que hei de trazer-te contra a minha terra, para que os gentios me conheçam a mim, quando eu me houver santificado em ti, ó Gogue, diante dos seus olhos.

Assim diz o Senhor DEUS: Não és tu aquele de quem eu disse nos dias antigos, por intermédio dos meus servos, os profetas de Israel, os quais naqueles dias profetizaram largos anos, que te traria contra eles?

Sucederá, porém, naquele dia, no dia em que vier Gogue contra a terra de Israel, diz o Senhor DEUS, que a minha indignação subirá à minha face.

Porque disse no meu zelo, no fogo do meu furor, que, certamente, naquele dia haverá grande tremor sobre a terra de Israel”(…) (Ezequiel 38:15-19)

Que venha a paz! Shalom!

Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 40 – ISSN 2764-3867

Leia também: MISSÃO DE ISRAEL

Sobre o autor

Mauricio Motta

Mauricio Motta - Professor licenciado em História Pós-graduado em História do Brasil e colunista na Revista Conhecimento & Cidadania.

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BIOGRAFIA

Leandro Costa

Servidor público, advogado impedido, professor de Direito, Diretor Acadêmico do projeto Direito nas Escolas e editor-chefe da Revista Conhecimento & Cidadania.

Defensor de uma sociedade rica em valores, acredito que o Brasil despertou e luta para sair da lama vermelha que tentou nos engolir. Sob às bênçãos de Deus defenderemos nossa pátria, família e liberdade, tendo como arma a verdade.

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