O incêndio na Catedral de Notre Dame, que gerou comemoração de jihadistas, nos faz enxergar que a destruição do ocidente passa pelo abandono da fé cristã. Entretanto, não é o Islã a maior ameaça ao cristianismo, uma vez que existe uma religião que se opõe a todas as outras e busca sua hegemonia através da destruição dos valores. Uma fé que professa a inveja, a cobiça e a danação, que se alimenta do desespero e não encontra baliza moral em sua guerra santa.
Se exite uma crença no mal, movida pela fome de poder, não há como ignorar quem sejam seus seguidores, ainda que o clero se negue a assumir sua real existência, tal crença, e suas diversas divisões, atentam contra a humanidade e todas as demais religiões. A guerra santa é velada, ai menos na maioria dos casos, mas pode ser identificada de forma mais expressiva em algumas ações isoladas.
Independente da religião de cada um, considerar que os arautos da destruição são inimigos reais da humanidade deveria ser o óbvio, mas muitos estão cegos, seja por assumirem posturas tuteladas pela fé profana, seduzidos pelo canto da sereia, ou por ignorarem o mal que os espreita. Os ataques ao cristianismo tem o fim especial de destruir um dos pilares da civilização ocidental, sendo essencial compreender a relação de religião e sociedade.
O cristianismo é a pedra fundamental do ocidente, pois, dele afloram os preceitos centrais da civilização que conhecemos, a filosofia grega e as bases de justiça romana decorrem da idade antiga, mas é sua adaptação aos ensinamentos bíblicos que forjam as estruturas de nossa sociedade. Os conceitos de alma, salvação, pecado, fraternidade e redenção norteiam o mundo ocidental, criando o ambiente que atualmente vivemos.
Não por acaso o mundo oriental teve maior ingerência dos regimes totalitários no século passado, a fragmentação de religiões fez com que os indivíduos experimentassem uma vida social com elo deteriorado, entretanto, a unidade do cristianismo, do judaísmo e do islamismo, formaram grupos sólidos e de difícil infiltração para os nefastos sacerdotes da fé maligna. A religião do mal não encontrou em tais vertentes o terreno fértil que buscava.
O islã, seja xiita ou sunita, tem na figura de Alah sua unicidade, bem como, a Santíssima Trindade é para os cristãos, católicos, ortodoxos e protestantes, sendo assim, não importa qual o cristão, estarão unidos pela fé em Jesus Cristo. A fraternidade cria um elo que o mal precisa quebrar, sendo essa a missão dos profetas da danação.
Desde a conversão do Império Romano ao catolicismo, o ocidente teve como pilar a fé cristã, esculpindo cada uma das sociedades ocidentais que sofreram influência romana nos moldes da cristandade, o que, sem sombra de dúvida resultou na civilização ocidental atual. Sejam país de maioria católica, como a América Latina, ou de maioria protestante, como a América Anglo-saxônica, o chamado novo mundo foi construindo sobre tal pilar.
A história do Brasil com o cristianismo não é diferente, os portugueses fundaram nossa nação com valores católicos por eles trazidos, nossa herança inclui a língua, o Direito, a Filosofia e a fé que cruzou o Atlântico com os lusitanos. O povo brasileiro é filho sim filho dos lusos, miscigenando-se com indígenas, africanos e imigrantes de toda parte do mundo, mas culturalmente, é de Portugal que nossas bases civilizacionais têm raízes.
Devemos sempre lembrar que o Brasil teve como rito de fundação a celebração de uma missa, tamanha a importância da fé para os conquistadores do novo mundo. A realização, em um Domingo de Páscoa, contou com a participação de nativos, fazendo com que o nascimento do Brasil e seu batismo fosse a melhor símbolo da fusão do novo e o velho mundo.
Como os demais países latino-americanos, o Brasil nunca mais deixaria de lado a sua ligação com o cristianismo, ainda que seja um país receptivo às diversas crenças, o que também está afeto aos sentimentos de fraternidade e redenção, uma vez que, para um cristão, todos são filhos de Deus e merecem a oportunidade de salvação. Sem segregar as demais religiões, o Brasil cristão vive em harmonia sustentado por uma liga chamada fé, acolhendo até mesmo aqueles que, por liberdade, escolheram não crer em nada.
Todavia, não podemos confundir conceitos como Estado laico, Estado laicista e Estado ateu, pois o primeiro respeita e fomenta a religiosidade, o segundo busca erradicar do público qualquer que seja a prática religiosa e o último, diverso dos indivíduos que optam pelo ateísmo, busca combater e aniquilar a fé em todo e qualquer espaço, como feito nos países coletivistas.
Confundir Estado laico e laicista é ignorar que o poder público deve manter uma postura passiva no que diz respeito à fé do indivíduo e assumir que pode o Estado reprimir cultos conforme sua visão política, como ocorreu durante os arbítrios sanitaristas dos últimos anos. Já o Estado ateu pretende acabar com qualquer fé que não seja nos líderes políticos, assumindo o papel principal na construção de valores de uma sociedade.
É necessário distinguir o indivíduo ateu e o Estado ateu, pois como indivíduo, o descrente reserva-se ao direito de não guardar a fé em algo, mas não buscará, ao menos não deveria buscar, intervir na relação de outros, sem afrontar ou tentar induzir que abandonem sua religiosidade. Eis a grande distância entre o ateísmo real e aquilo que a religião do mal propaga como ateísmo.
Ateu e o socialismo é uma farsa que conquistou os incautos, posto que, o revolucionário tem sim uma crença, uma fé que o guia em suas ações, que é movida pelo materialismo, não prometendo o paraíso celeste, mas afirmando que ele pode ser trazido para o plano terreno, ainda que para alcançá-lo seja necessário emergir a desgraça sobre a humanidade.
Em um primeiro momento é imperioso distinguir o que se define como ateísmo e a militância ateia, que para esconder o traço ideológico é chamada de postura ateísta ativa. Sendo também importante tratar do agnóstico e do teísta.
O ateu é aquele que não acredita em uma divindade, rejeitando tanto as crenças politeístas como as monoteísta, assumindo que não há uma existência divina, logo, reduzindo o universo ao plano material. Esta tipo de indivíduo rejeita a fé, mas não teria motivo para opor-se a crença alheia, salvo se perseguido for em razão de sua não crença. Viver sem acreditar em Deus é a chamada postura de ateísmo passiva, na qual a decisão afeta tão somente aquele que decidiu por ser ateu.
O ateísmo ativo ou neo-ateísmo, que na verdade é uma militância, não se resume à escolha pessoal, mas em uma clara oposição à crença alheia. Um claro exemplo é a organização de nome Atea, que faz divulgações buscando vilipendiar a fé com base em argumentos falaciosos e casos isolados.
Distinguir o ateu da ativista é importante, pois, um adotou uma visão de mundo, concordemos ou não, já o outro serve aos interesses da pior crença que anda sobre a terra, sendo apenas mais uma faceta dos revolucionários e, por isso, tentam assimilar todos os que se enquadram no ateísmo como seu rebanho. Assim como as lideranças ativistas das chamadas minorias LGBT, movimento negro, feminismo e outros, esses auto intitulados defensores de grupos minoritários usam aqueles que dizer representar para angariar capital político, ou seja, são sindicatos que cumprem um papel na revolução conduzindo os desavisados para o precipício.
O que resta evidente é que os ateus em geral tornaram-se tão somente um grupo identitário no qual não se trata de não crer em algo divino, mas de submeter-se á militância revolucionária cujo papel central é colocar em dúvida a fé alheia. Se um determinado indivíduo se considera ateu, agnóstico ou teísta, unir em um grupo já é sem sentido algum, é como criar uma irmandade cujo objetivo é combater a existência de irmandades.
Sobra o argumento mentiroso de que ateus sofrem constante discriminação, o que, data máxima vênia, não se aplica ao ocidente, haja vista que, não há punições ao que rejeitam uma fé ou mesmo a compulsoriedade em ser arrebanhado. Logo, à exceção de países de maioria islâmica, não há que se falar em perseguições a ateus, em que pese, os Estados ateus o façam contra as demais religiões, justamente, por não adotarem a postura passiva, que é individual, mas pela postura ativa, intervindo na fé alheia.
O conceito de agnóstico reside naquele que se enxerga como capaz de assumir uma fé, entretanto, preso a ideia de crer naquilo que pode ser provado no plano material, tal indivíduo considera-se incapaz de assumir-se como alguém que crê ou não, duvidando, mas não negando, a existência divina. O teísta, por sua vez, acredita em um Deus, mas nega-se a assumir uma religião, pretendendo buscar uma fé sem igreja e sem doutrina, portanto, é um crente independente, muito mais difícil de ser cooptado pelas forças revolucionárias e seu discurso materialista.
A militância ateísta não busca a liberdade do indivíduo em não aceitar a Deus ou uma doutrina religiosa, tendo em vista que serve a uma fé, logo, tem o dever de se contrapor às religiões estabelecidas, vilipendiando-as enquanto fomenta a busca pelo material, o desprendimento de valores e o rompimento com a ordem estabelecida, em síntese, fomenta a revolução no campo da religião.
A máxima de conflito de classes, que outrora era entre o proletariado e a burguesia, acaba assumindo outras faces ante o fracasso inevitável da revolução. Por tal razão atuam criando um conflito em todas as frentes possíveis, fazendo com que a sociedade se fragmente enquanto puxam as cordas de suas marionetes.
Uma colocação muito peculiar de Rafael Scapella, que se declara como agnóstico ou mesmo ateu, sobre o cristianismo não se limitar na crença religiosa, mas em valores civilizacionais, de maneira que se reconhece como “culturalmente cristão”, considerando que, a sociedade que tem como base foi edificada sob o cristianismo. Reconhece assim que a fé cristã é uma das bases da sociedade ocidental e que suas tradições merecem ser preservadas, mesmo por aqueles que não comungam de tal fé.
Despindo-se então da visão deste articulista no que diz respeito à religiosidade, o católico tentará por-se na pele de um ateu para olhar pelo prima de que não tem a fé como uma de suas bases estruturantes, entretanto, deve observar que a sociedade em que vive teve como nascedouro o cristianismo, trazendo então como valores aqueles que foram inspirados pela fé em Cristo.
Ante isso, resta evidente que, mesmo para um ateu, é melhor viver em uma sociedade na qual os valores cristãos se fazem presentes. Ousaria dizer que qualquer religião que não seja a revolução faria de qualquer lugar um pouso mais agradável que as terras manchadas pela fé na foice e o martela da danação.
A falta de fé e dos valores pode contribuir para a degradação da sociedade, assim como o uso de entorpecentes e o total desapego aos costumes, atirando determinada civilização em um caos generalizado, some-se a isso a violência e a vida desregrada e temos a fraqueza de todo um sistema que permitira a implantação da revolução, que será posta em prática pelas minorias que se puder aproveitar. Cumprido o papel, a minoria perderá sua utilidade e será descartada sem a menor cerimônia.
Os valores de uma sociedade estão ligados a religião e isso fica evidente quando a fé se torna um obstáculo aos anseios totalitários, o que se verifica no caso do holocausto, em que o Partido Nazista, faz dos judeus seu alvo, entretanto, não há uma renúncia em razão da crença mesmo ante a uma ameaça brutal. Indivíduos sem tal apego, poderiam facilmente jurar lealdade aos nazista em troca de terem suas vidas poupadas, mas assim como os apóstolos de Cristos e tantos outros que os sucederam, abandonar a fé é ainda mais grave que a morte, pois condena a alma e não o corpo.
Ainda que um descrente consiga viver em paz com sua escolha, habitar em um meio no qual há uma chama desconhecida que alimenta a esperança e baliza valores morais, é simplesmente mais sóbrio, mesmo porque, uma sociedade em que não há uma crença no divino, surgirá naturalmente a crença em uma fé material, reconhecendo como sacro elementos que devem ser cotidianamente questionados, criando assim a “ciência inquestionável”, as celebridades endeusadas e o culto aos líderes.
Um ateu, não se considerando como uma crianção divina, jamais deveria defender, por exemplo, pautas como o aborto, já que sua vida é única, mas a preserva, não poderia atentar contra outra vida, bem como, deveria ser contrario as a pauta desarmamentista, haja vista que, defender-se de um agressor é uma ação natural, entretanto, a militância ateísta cotidianamente abraça tais correntes, por óbvio, devido a influência revolucionária, ou melhor dizendo, pela sua servidão aos interesses da revolução.
Por tal razão, aquele que busca ser livre, ainda que descrente, encontrará nas sociedades que se sedimentam na fé cristã, um ambiente muito mais sóbio e resistente às investidas totalitárias, sendo um ponto central para os revolucionários, corromper as bases da civilização ocidental, destroçando o ordenamento jurídico, a compreensão de mundo e a base moral que tem na fé sua sustentação.
O socialismo é a religião do revolucionário e por isso ele precisa corroer toda outra crença que se ponha como obstáculo, a teologia da libertação e a teologia da prosperidade são exemplos de como implodir a crença dos indivíduos.
A teologia da libertação transfere uma visão marxista para o cristianismo, inserindo a luta de classes como sendo de interesse do catolicismo, deturpando, com seu olhar revolucionário uma das mais antigas igrejas existentes, que sem dúvida, se coloca como uma enorme barreira para os revolucionários, A teologia da libertação atua como um Cavalo de Tróia, uma vez inserida no cerne da Igreja, a envenenará e deturpará sua missão.
A teologia da prosperidade, veneno inserido nas igrejas protestantes, faz com que a fé esteja condicionada ao sucesso financeiro, assim, torna o cristão apegado ao material, sendo suscetível a corrupção em razão da ganância. Não se trata da busca racional pela prosperidade, mas uma relação de escambo divino que, fatalmente, fará do fiel um investidor e não alguém movido por fé.
Em uma sociedade socialista, a única fé que se deve ter é no Estado, posto que, este será o meios de erradicar todas as injustiças, portanto, tem se o Estado ateu, que sempre terá postura ativista e buscará suprimir toda a crença que não seja nele. Não é uma coincidência que os líderes da Coreia do Norte são venerados como se fossem divindades, sendo um considerado governante ativo ainda após sua morte.
Destruir a fé do homem é indispensável, pois quando se tira Deus do indivíduo, é natural que tal seja substituído por outra, ainda que artificial, o que explica a inclinação natural de ateus para outras atividades, ou mesmo, para a bolha ativista que ocupa seu tempo fazendo escárnio da fé alheia. O ateu que não tem a vontade de se associar às seitas revolucionárias, será rechaçado por elas como um traídos, o que é o destino de todo aquele que renega a sua “minoria militante”, ou seja, não se deixa arrebanhar pelos líderes revolucionários que pretendem aprisioná-lo em um grupo conforme sua característica destoante.
O socialismo, que muitos agora negam existir como meio de não assumirem por saberem que estão pregando algo nefasto, captura a alma humana pela fraqueza, escravizando todos aqueles que se curvam a sua doutrina doentia. A revolução é uma religião com símbolos e crenças bem definidas que se mostrará quando sentir que é o momento.
Sua cruz é a foice e o martelo, seu deus é o Estado, seus sacerdotes os membros do partido, partido esse que é a igreja, sua salvação reside em fazer parte de um grupo e seu paraíso é usufruir do poder. Os pecados, não importam quais, serão perdoados se forem feitos em nome da causa e o desespero é a porta de entrada para tal fé, sendo certo que, a conversão pelo medo ou ganancia nem sempre será a melhor escolha.
Se, por outro lado, o homem se sustentar firma em sua crença, estará como a Igreja da Penha, erguida sobre a rocha e inalcançada pelo caos que a tudo consome. Um símbolo de que a fé estará acima da degradação, para que possamos lembrar que a esperança repousa em nós e que Deus conduzirá os rumos, por mais inóspitos que sejam as trilhas, e, guardando a fé, cumpriremos o papel que nos foi designado, ainda que não saibamos qual seja.
Aos que preferiram não seguir nenhuma crença, deixo a reflexão que não se deixem usar por seres que buscam fazer da terra seu paraíso particular, ainda que, para tanto, tenham que fazer aflorar o inferno ao demais. Devemos lutar incessantemente contra os avanços revolucionários, tendo em vista que, nada além da revolução os importa, estando assim dispostos a destruir tudo aquilo que não lhes aproveitar, independente daquilo que se acredita, ou deixa de acreditar, a mente revolucionária é impiedosa e seus agentes erradicarão tudo aquilo que forem incapazes de sorver.
Resistiremos fortes apegados em nossa fé e que Deus nos guie.
“Aquele que vive na habitação do Altíssimo e descansa à sombra do Todo-Poderoso desfrutará sempre da sua proteção”.
Salmos 91:1
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. I N.º 21