Um povo entre Cila e Caríbdis

Um povo entre Cila e Caríbdis

A encruzilhada que aflige os venezuelanos

Em uma passagem do livro Odisseia de Homero, o protagonista Odisseu (Ulisses em sua versão romana) e seus marinheiros precisam fazer a opção entre passar por Cila ou Caríbdis, trata-se de uma escolha pelo mal menor, uma vez que, ambos os monstros marinhos eram impossíveis serem derrotados pelos tripulantes e seu líder.

Cila era um jovem linda pela qual Glauco, ser marinho, se apaixonou, não conseguindo o amor da jovem, Glauco pede a Circe, deusa da feitiçaria que estava atraída pelo meso. Circe entrega uma poção a Glauco, alegando que, ao tomá-la Cila se apaixonaria pelo meso, entretanto, a poção transformou aquela que Circe tinha como rival em um monstro cujas pernas tornaram-se tentáculos com cabeças e bestas devoradoras de homens. Cila isola-se no Estreito de Messina, local em que encontrar-se-ia com a embarcação de Odisseu. Glauco nunca mais a viu e também não procurou mais Circe.

Caríbdis, por sua vez, era uma ninfa que investiu contra Herácles (Hércules em sua versão romana) quando tentou devorar o rebanho que o semideus conduzia, apesar de lograr devorar algumas cabeças de gado, a ninfa insatisfeita tentara contra o herói mítico, mas Zeus a fulminara com um raio, atirando-a no mar. Caríbdis tornou-se um gigante monstro que devorava água no Estreito de Messina na forma de um grande redemoinho.

Na obra de Homero, Odisseu teria que escolher passar por um dos monstros, tendo optado por ariscar-se perante Cila, pois acreditava, com razão, que podia perder alguns homens ao serem devorados pela besta mitológica, entretanto, Caríbdis devoraria toda a embarcação e seus tripulantes, sendo uma escolha na qual o herói fez a opção pelo menor dos males.

Cabe entender como se desenha o cenário político da Venezuela para avaliar se há uma alternativa ou se nossos irmãos sul-americanos estão, assim como Odisseu, entregues a sorte de cruzar o Estreito de Messina.

Foi considerado improcedente o pedido feito ao Conselho Nacional Eleitoral da República Bolivariana da Venezuela para que fosse realizado um referendo revogatório do mandato do ditador Nicolás Maduro, que se intitula Presidente para criar a falsa ilusão de que tal país vive em uma democracia, não é o único a valer-se de tal artifício, posto que, na China o termo para definir o líder do partido único é o mesmo.

O referendo revogatório tem como objeto afastar do poder o “Presidente”, como ocorre no chamado recall nos Estados Unidos da América, em que o povo é chamado à votação para, se entender cabível, retirar do poder o mau governante.

No caso da Venezuela o processo é coordenado pelo CNE que, como todo órgão do país, está totalmente nas mão dos revolucionários asseclas do ditador. Nada muito distante do que observamos na justiça eleitoral de seu maior vizinho, também tomada por progressistas.

Tal órgão venezuelano estabeleceu que para convocação do referendo era necessário colher a assinatura de 20% do eleitorado, algo próximo de 4,2 milhões, sendo colhidas apenas 42.241, menos de 1% dos eleitores. Considerando que o Governo daquele país controla os meios comunicação e que o período de coleta de assinatura foi de doze horas, sendo divulgado apenas com cinco dias de antecedência.

O processo nada confiável, como tudo que ocorre sob a égide de uma ditadura, acaba tendo o propósito de legitimar o governo totalitário de um tirano, ainda que seja fácil verificar que é tão somente uma fraude usada por aquele que ocupa o poder para dar uma roupagem de apoio popular. Uma pseudolegitimação que ratifica o quão nocivo é o governo daquele país e sua falta de escrúpulos para manter-se no poder, parece ser a regra da esquerda.

No tocante à coleta de assinaturas, em que pese argumentem que o curto lapso temporal e a falta de divulgação foram fatores preponderantes, o que não há como negar. É necessário analisar uma outra possibilidade de poucas pessoas terem apoiado tal movimento.

Pode não ser muito inteligente, ou seguro, firmar um documento que ficará disponível ao ditador e seus aliados, seria como colocar o seu nome voluntariamente em uma lista de “convidados” para campos de concentração ou no livro da ficção japonesa Death Note. No contexto brasileiro, seria como pedir que moradores de uma área sobre o controle de uma organização criminosa, tivesse que se expor para pedirem a prisão do chefe da mesma.

De fato, o país se encontra controlado pela narcoguerrilha socialista, tendo o tráfico de entorpecentes o controle total sobre a nação, inclusive entre os militares. Poder-se-ia constatar que trata-se de um narcoestado, no qual seu ditador não está longe da figura de um chefão do narcotráfico fluminense ou paulista. O que já é percebido por outros governos.

Não seria loucura dizer que um cidadão venezuelano teria o temor, mais que justificado, de assinar um pedido no qual se manifesta pela retirada do narcoditador e que será entregue aos aliados do mesmo. Em verdade, seria uma forma de facilitar que os agentes do governo e suas guerrilhas associadas pudessem perseguir indivíduos descontentes o suficiente para expor sua insatisfação, o que, em um sistema socialista, é algo mais que comum.

A alternativa ao ditador parece vir pelo líder de oposição, talvez não seja o termo adequado, Juan Guaidó, a representação do monstro mitológico Cila, pois nada mais é que um político membro de um partido que integra a Internacional Socialista, ou seja, por mais que pareça a salvação, em relação ao seu suposto antagonista Nicolás Maduro, o Caríbdis da tragédia venezuelana, tudo indica se tratar de um teatro de tesouras entre o Foro de São Paulo e a Internacional Socialista, para manter o povo daquele país sem opções, fugindo para os braços daqueles que, em comum acordo, os açoitam e fingem lhes afagar.

Além das violações de direitos humanos, das práticas nefastas de censura e monopólio das informações, o povo da Venezuela se vê refém de uma associação entre duas forças que convergem na busca pela implantação de um sistema doentio que está fadado à trazer miséria e destruição ao seu país.

Uma nação subjugada por monstros da pior espécie, um que parece menos mortal, mas que no final trará a destruição. Que os rumos da Venezuela possam se afastar tanto de Caríbdis quanto de Cila, para que aquele povo possa se ver navegando livre pela história.

No momento, nos resta orar por uma solução, já que os venezuelanos parecem ser prisioneiros em sua própria terra, impotentes contra um mal tão gigantesco e orquestrado. Nós, como meros espectadores de uma atroz realidade, não sabemos o que fazer para ajudar aquele povo.

“Apesar da minha raiva eu continuo sendo apenas um rato em uma gaiola
Alguém dirá que o que está perdido nunca pode ser salvo
Apesar da minha raiva eu continuo sendo apenas um rato em uma gaiola”

The Smashing Pumpkins – Bullet With Butterfly Wings

Sobre o autor

Leandro Costa

Ideias conservadoras estão mudando o Brasil Todas as faces da esquerda, do socialismo mais radical à social democracia levaram nosso país para as trevas, destruíram a moral dos cidadãos e acabaram com os valores. Os conservadores estão tentando, desesperadamente, tirar o Brasil deste caos. Precisamos unir nossas forças enquanto é tempo de salvar nossa nação. Meu nome é Leandro Costa criei este site para divulgar ideias, trabalhos e contar com você para me ajudar a mudar o Rio de Janeiro e talvez o Brasil. Pretendo usar meus conhecimentos para, de fato, ajudar na construção de um mundo melhor. Convido você a fazer parte do meu time de apoiadores, amigos, entusiastas e todos que acreditam em minhas ideias. Defendo o conservadorismo e conto com sua ajuda para tirar o nosso povo da lama que a esquerda nos colocou.

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BIOGRAFIA

Leandro Costa

Servidor público, advogado impedido, professor de Direito, Diretor Acadêmico do projeto Direito nas Escolas e editor-chefe da Revista Conhecimento & Cidadania.

Defensor de uma sociedade rica em valores, acredito que o Brasil despertou e luta para sair da lama vermelha que tentou nos engolir. Sob às bênçãos de Deus defenderemos nossa pátria, família e liberdade, tendo como arma a verdade.

É preciso fazer a nossa parte como cidadãos, lutar incessantemente por nosso povo e deixar um legado para as futuras gerações. A política deve ser um meio do cidadão conduzir a nação, jamais uma forma de submissão a tiranos.

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