O indivíduo e o Estado

O indivíduo e o Estado

As linhas escritas neste texto tem o objetivo de trazer ao público em geral um resgate sobre o verdadeiro conceito de indivíduo e Estado; nesse caso, usaremos como referência o filósofo Platão, extraindo conteúdos de sua obra “A República” e também contaremos com o auxílio dos comentários do filósofo espanhol Julián Marías.

No lugar dos termos de indivíduo e estado que são fundamentados em Platão, usaremos termos mais populares como o homem e a cidade.

Evidentemente, o conceito de cidade na Grécia antiga não chega nem perto do que se imagina hoje, porém vamos buscar trazer a ideia que havia se fixado na época, em que a educação formava cidadãos capazes de se individualizar (que no caso significava, sair do meio da massa).

Para se ter uma ideia, Platão, mostra que o estado que ele representava era constituído de cinco tipos de homens:

Os de Ouro, os de prata, os de ferro, os de bronze e os de barro.

Esse último tipo citado é o que vamos nos fixar para apresentar nossa reflexão; sobre os outros tipos falaremos em outra oportunidade.

Porque preferi escrever sobre “homens de barro” e não dos outros, como os de ouro, pois parecem ser mais importantes que os de barro.

Acontece que se temos os homens de ouro, prata, cobre e ferro, nossos problemas estariam resolvidos e vale lembrar que estes mesmos outrora foram homens de barro e muitos sequer sabem que se enquadram neste último tipo.

Os homens de barro podem nesse momento ser comparados às párias ou os sem castas do oriente.

Para simplificar nosso entendimento, os citaremos como os homens que não descobriram sua vocação e sem a reconhecerem, são presas fáceis para todo o tipo de fantasias ideológicas, religiosas, científicas e até artísticas.

Por isso quero trazer uma explanação sintética e básica, longe do intelectualismo exposto em outros conteúdos, pois o objetivo é refletir e praticar o que se depreende do texto.

Focarei no conceito de homem de barro, pois fica claro que se forem a maioria estaremos cada vez mais distante de um estado ideal para dirigir a sociedade (quero pontuar que no caso de Platão, o estado não está apenas fora do homem, mas sobretudo, dentro dele.)

Pessoas sem vocação não tem qualquer poder para contribuir com a sociedade, pois é dando a contribuição consciente que um vocacionado eleva-se a si mesmo e por fim toda o sociedade a também descobrir sua vocação que uma vez descoberta permite que o cidadão tenha uma direção e um sentido, tornando-se inabalável e incorruptível diante dos convites que o querem levar pra longe do seu propósito, ou seja, para longe de si mesmo.

Um homem vocacionado gasta toda sua energia em pôr em prática sua vocação pois é ali que ele se realiza e realização é o que todos buscam, realização é sinônimo de felicidade.

O sol se realiza cumprindo sua vocação, as plantas, os animais, enfim, se realizam em suas respectivas vocações e veja: quem pode impedir o sol de dar sua luz e seu calor?

Quem pode impedir a natureza de se recompor?

Quem pode impedir que os animais manifestem seus instintos?

A resposta é, ninguém. Pois eles fazem o que nasceram para fazer; a diferença é que eles não tem escolha e por isso cumprem seu papel sem pensar, sem dúvida e essa condição lhes dá todo esse poder.

No caso do ser humano, lhe cabe o papel de escolher, mas quem nos ensina a fazer boas escolhas?

Concordamos que uma pessoa que sabe fazer as escolhas certas é uma pessoa independente e individualizada, com ideias próprias.

O que nos permite aprender a fazer boas escolhas é a educação, pois é ela que potencializa nossa inteligência e pessoas inteligentes são pessoas que têm construídas suas próprias colunas.

Agora quero propor uma pequena reflexão baseada na ideia de indivíduo, e início com a seguinte pergunta: As pessoas descritas neste texto são comuns nos dias de hoje?

Se não, fica claro que a educação não tem cumprido seu propósito ou sequer está presente.

Se assim é, fica claro que todos os fundamentos da sociedade estão comprometidos.

Há solução?

Sim, há, mas não é simples, pois cabe a nós buscarmos saber qual nosso lugar na sociedade e nesse momento histórico, sobre estudo não retroceder e manter-se firme em duas posições como fizeram os grandes homens e mulheres do passado.

Ainda que o estado atual não promova tal educação que nos individualize, busquemos então em Deus seus preceitos.

Se tivermos uma sociedade que tenha sobre seus ombros, ainda que em pequeno porte o que nos manda o Cristo, já teremos um mundo infinitamente melhor.

Amor, respeito, dignidade, honestidade, fidelidade, enfim, qualquer uma dessas virtudes sendo praticada em um pequeno nível que seja, já nos deixa mais próximos do indivíduo e consequentemente do estado ideal, pois ser virtuoso é imprescindível a qualquer ser humano, pois esta é nossa vocação principal.

Como um exercício de vontade, Deus faço-lhes uma proposta: Que tal praticarmos ao menino uma virtude com consciência e alegria e depois de um tempo refletirmos sobre os resultados disso?

Eu mesmo quero me comprometer com a virtude da inteligência.

E você com o que se compromete nesse exercício?

Fica a reflexão.

Que Deus abençoe nossa jornada!

Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. II N.º 35

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Sobre o autor

Edson Araujo

Palestrante, estudante de filosofia e teologia, colunista na Revista Conhecimento & Cidadania.

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BIOGRAFIA

Leandro Costa

Servidor público, advogado impedido, professor de Direito, Diretor Acadêmico do projeto Direito nas Escolas e editor-chefe da Revista Conhecimento & Cidadania.

Defensor de uma sociedade rica em valores, acredito que o Brasil despertou e luta para sair da lama vermelha que tentou nos engolir. Sob às bênçãos de Deus defenderemos nossa pátria, família e liberdade, tendo como arma a verdade.

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